domingo, 30 de junho de 2019

Escuta dos sinais dos tempos



“Para cumprir sua missão, a Igreja, a todo momento (reparem: a todo momento!), deve escutar os sinais dos tempos (ou seja, ouvir a voz de Deus nos acontecimentos) e interpretá-los à luz do Evangelho, de tal modo que possa responder, de maneira adaptada a cada geração, às interrogações eternas sobre os significados da vida presente e futura e de suas relações mútuas. É necessário, por conseguinte, conhecer e entender (reparem novamente: conhecer e entender!) o mundo no qual vivemos, suas esperanças, suas aspirações e sua índole frequentemente dramática" (Concílio Vaticano II. A Igreja no mundo de hoje - GS 4. Cf. também: Documento de Aparecida - DA 33).
 “Escutar”, pois, a todo momento os sinais dos tempos “à luz do Evangelho” (à luz do Espírito Santo), significa:
  • “conhecer” o mundo (de maneira especial, o país) no qual vivemos com seus desafios (os apelos de Deus para nós) e os acontecimentos sócio-econômico-político-ecológico-culturais de cada momento histórico, tendo como mediação as ciências humanas e sociais (ver, analisar);
  • “entender” (discernir) o mundo e os acontecimentos à luz do Evangelho, tendo como mediação a filosofia e a teologia (julgar, interpretar); 
  • “comprometer-se” com o Reino de Deus - a Boa Notícia de Jesus de Nazaré - na história do ser humano e do mundo, hoje (agir, libertar).
"Como Cristo, por sua Encarnação ligou-se às condições sociais e culturais dos seres humanos com quem conviveu; assim também deve a Igreja inserir-se nas sociedades, para que a todas possa oferecer o mistério da salvação e a vida trazida por Deus” (Concílio Vaticano II. A atividade missionária da Igreja - AG 10).  
O método “ver, julgar, agir” (analisar, interpretar, libertar) "nos permite articular, de modo sistemático, a perspectiva cristã de ver a realidade; a assunção de critérios que provêm da fé e da razão (ou seja, da razão iluminada pela fé) para seu discernimento e valorização com sentido crítico; e, em consequência, a projeção do agir como discípulos missionários de Jesus Cristo” (DA 19).
Segundo o ensinamento do Concílio Vaticano II e do Documento de Aparecida, a Igreja não cumpre sua missão no mundo reafirmando - de maneira abstrata e a-histórica - princípios e valores, mas escutando a todo momento (inclusive, nas celebrações e homilias) os sinais dos tempos. 
As celebrações e homilias “enlatadas” - que podem ser transladadas para qualquer época e qualquer lugar, sem precisar mudar sequer uma vírgula - não escutam os sinais dos tempos e não são verdadeiras celebrações cristã.
Dizer que Jesus não dava recados com indiretas a ninguém - nem às autoridades - mas anunciava o Evangelho na sua integridade a qualquer pessoa e que a Igreja deve fazer o mesmo, é uma afirmação equivocada e não corresponde à verdade. Jesus - em sua vida pública - deu muitos recados com ou sem indiretas (conforme fosse necessário). Aliás, diante dos recados com indiretas de Jesus, os fariseus e os doutores da lei ficavam mais furiosos ainda.
Dois exemplos de recados com indiretas. No primeiro, dirigindo-se aos fariseus, escandalizados porque comia com os cobradores de impostos e pecadores, Jesus disse: “Eu não vim para chamar os justos (ou, com certa ironia, vocês fariseus que são “justos”), mas os pecadores” (Mt 9,13). No segundo, depois de contar a parábola dos vinhateiros, que acusa as autoridades, o Evangelista diz: “Os doutores da Lei e os chefes dos sacerdotes procuraram prender Jesus. Eles tinham entendido muito bem que Jesus havia contado essa parábola contra eles. Mas ficaram com medo da multidão” (Lc 20,19).
Dois exemplos de recados sem indiretas.  No primeiro, estando na casa de um fariseu, Jesus disse: “Vocês, fariseus, limpam o copo e o prato por fora, mas o interior de vocês está cheio de roubo e maldade. (...) Ai de vocês, fariseus, que pagam o dízimo (...), mas deixam de lado a justiça e o amor de Deus. (...) Ai de vocês, fariseus, porque gostam de lugar de honra nas sinagogas (...)” (Lc 11,39-43). No segundo, quando algumas pessoas se aproximaram de Jesus, pedindo para ir embora daquele lugar, porque Herodes queria mata-lo, Jesus disse: “Vão dizer a essa raposa: eu expulso demônios e faço curas hoje e amanhã (...)” (Lc 13,32).
Enfim, Jesus foi condenado porque era considerado “subversivo”, incomodando os poderosos da época, religiosos ou não. “Achamos este homem fazendo subversão entre o nosso povo”. “Ele está provocando revolta entre o povo com seu ensinamento” (Lc 23,2.5).
Num tempo difícil como o nosso - sobretudo no Brasil - sejamos, os cristãos e cristãs, uma Igreja que - a todo momento - “escuta os sinais dos tempos”! É a nossa missão!
Comunico aos prezados leitores e leitoras que - se Deus quiser - voltarei a escrever no início de agosto.
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Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)
Professor aposentado de Filosofia da UFG
Goiânia, 26 de junho de 2019

domingo, 23 de junho de 2019

Greve Geral: “outro Brasil é possível”



 
    A Greve Geral do dia 15 último mostrou aos trabalhadores e trabalhadoras - sobretudo aos mais pobres - e a todos e todas nós que “outro Brasil é possível”. Renovou nossa esperança, fortaleceu nossa luta e nos fez experimentar - desde já - a certeza da vitória.
    A Greve - com o lema “é Greve porque é Grave” - envolveu cerca de 45 milhões de trabalhadores e trabalhadoras de mais de 200 categorias no Brasil inteiro. Cerca de 400 cidades em todos os Estados registraram protestos: contra o desmonte da Previdência Pública, os cortes na Educação, o desemprego e as privatizações; em defesa da Saúde Pública e dos Direitos que os trabalhadores e trabalhadoras conquistaram com muita luta e a duras penas. “Nenhum Direito a menos”!  Muitas dessas cidades paralisaram, total ou parcialmente, o transporte público.
     Em Goiânia, houve uma grande Manifestação Pública, que mobilizou cerca de 20 mil pessoas. Iniciou às 10 horas na Praça Cívica e - depois de uma longa caminhada com cartazes, faixas e muitas falas - encerrou por volta das 13 horas na Praça do Trabalhador. 
No Estado de Goiás - além de Goiânia - mais 12 cidades registraram Atos Públicos (Anápolis, Catalão, Cidade de Goiás, Formosa, Itapuranga, Itumbiara, Jataí, Mambaí, Orizona, Quirinópolis, Silvânia e Simolândia). Em vários outros Municípios pararam bancos e rede de Educação. 
    Em Goiás (como em outros Estados), a Greve Geral foi unificada. Apesar das diferenças, participaram ativamente da Greve as Centrais Sindicais: CUT, CSP Conlutas, Força Sindical, Intersindical, CSB e UGT; as Frentes (de Movimentos Populares): Brasil Popular e Povo Sem Medo; o Fórum Goiano contra as Reformas da Previdência e Trabalhista, o Comitê de Direitos Humanos Dom Tomás Balduino, a Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil e muitos outros Coletivos de Trabalhadores e Trabalhadoras. “Povo unido (de maneira organizada) jamais será vencido! A Greve unificada foi um sinal de maturidade! Parabéns!
Lutando por seus Direitos, as Organizações Populares combatem também os atos de corrupção praticados por governantes e políticos e, sobretudo, a corrupção estrutural, legalizada e institucionalizada (o sistema corrupto).
     Para ilustrar isso - entre os muitos que poderiam ser lembrados - cito só um exemplo. Com o auxílio-alimentação, o auxílio-pré-escola e o auxílio-transporte dos servidores do alto escalão dos três Poderes, o Governo gasta “legalmente” 3,8 bilhões anuais. Para economizar 1 trilhão, bastaria cortar “legalmente” os privilégios do alto escalão dos três Poderes. Chega de enganação do povo! (Fonte: Redes Sociais e Fórum Goiano contra as Reformas da Previdência e Trabalhista).  
     Por fim, a Greve Geral do dia 15 último, além de legítima e justa, foi profundamente humana e cristã. “Eu vim para que todos/as tenham vida e vida em abundância” (Jo 10,10).  
Com muita indignação e dor no coração, denuncio a omissão da Igreja - da minha Igreja - que, se fosse realmente uma “Igreja em saída”, teria declarado publicamente apoio à Greve.
A Doutrina Social da Igreja reconhece a legitimidade da Greve ‘quando se apresenta como recurso inevitável, e mesmo necessário, em vista de um benefício proporcionado’, depois de se terem revelado ineficazes todos os outros recursos para a composição dos conflitos. A greve, uma das conquistas mais penosas do associacionismo sindical, pode ser definida como a recusa coletiva e concertada, por parte dos trabalhadores, de prestar o seu trabalho, com o objetivo de obter, por meio da pressão assim exercida sobre os empregadores, sobre o Estado e sobre a opinião pública, melhores condições de trabalho e da sua situação social. Também a Greve, conquanto se perfile ‘como … uma espécie de ultimato’, deve ser sempre um método pacífico de reivindicação e de luta pelos próprios direitos; torna-se ‘moralmente inaceitável quando é acompanhada de violências ou ainda quando se lhe atribuem objetivos não diretamente ligados às condições de trabalho ou contrários ao bem comum’”.

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Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)
Professor aposentado de Filosofia da UFG
Goiânia, 19 de junho de 2019


sábado, 15 de junho de 2019

Não posso me calar!


    Como humanista cristão - seguidor de Jesus de Nazaré - e como frade da Ordem dos Pregadores (Dominicanos), que tem como lema “veritas” (verdade), não posso me calar. A minha consciência não permite!
     A denúncia que vou fazer foi motivada pela reportagem do Jornal “Encontro Semanal” da Arquidiocese de Goiânia do último dia 9, que tem como título: “Igreja marcha em defesa da vida” (a reportagem refere-se somente à vida humana).
A Arquidiocese de Goiânia é a Igreja da qual faço parte, que - numa bonita caminhada de renovação pós-conciliar - ajudei a construir e que amo muito.
     Li a reportagem com interesse e - ao mesmo tempo - com indignação. “Com interesse”, porque concordo com o seu conteúdo; com indignação”, porque dá a impressão que defender a vida significa somente ser contra o aborto. É verdade que a reportagem afirma: “O evento contou com o apoio de numerosos segmentos da sociedade civil, todos unidos pelo ideal de defender a vida desde a concepção até a morte natural, contra o aborto”. Ora, ser contra o aborto não significa “defender a vida até a morte natural”. Trata-se de um sofisma (raciocínio falso, que simula a verdade e induz ao erro).
     O útero materno é a primeira situação na qual a vida se encontra. Com muita compreensão e misericórdia (que é o amor acontecendo) para com as mulheres que praticam o aborto por desespero para não ver mais um filho passando fome, devemos - como Igreja - “marchar em defesa da vida (no útero materno), contra o aborto”, mas devemos também - sempre como Igreja - “marchar (com a mesma disposição e garra) em defesa da vida nas outras situações nas quais se encontra.
A vida é “ameaçada” e “assassinada” não só no útero materno (“aborto biológico”), mas também em muitas outras situações (“aborto social”). Aliás, o “aborto social” é, na prática (mesmo que não o seja na teoria), a “pena de morte” institucionalizada e legalizada.
    Como exemplos, cito duas situações. Primeira: a situação das pessoas - sobretudo crianças - que, por viverem em condições subumanas e sem recursos financeiros, são - cruel e friamente - mortas pela nossa sociedade capitalista neoliberal, hipócrita e injusta, como se fosse uma coisa natural e normal
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), cerca de 6,3 milhões de crianças com menos de 15 anos morreram em 2017 (uma a cada 5 segundos). A maioria das mortes - 5,4 milhões - foi de meninos e meninas com até 5 anos de idade.
De 1990 a 2015 o mundo perdeu 236 milhões de vidas de 0 a 5 anos de idade (mais do que toda a população brasileira). 16 mil crianças com menos de 5 anos de idade morrem todos os dias. Que maldade!
Segunda: a situação das pessoas - sobretudo crianças e idosos - que, no Brasil (e certamente em muitos outros países) a nossa sociedade capitalista neoliberal mata todo dia na fila de espera por atendimento médico ou por vaga em UTI. A precariedade da Saúde Pública é um crime contra a humanidade!
Muitas das pessoas que defendem e sustentam esse modelo de sociedade iníqua e perversa, que - como diz o Papa Francisco - exclui, degrada e mata, se dizem cristãos, comungam toda semana e (pasmem!) participam da “Marcha em defesa da vida, contra o aborto”. Quanta hipocrisia!
Por fim, pergunto: Por que a Arquidiocese de Goiânia (“representada - diz a reportagem -  por padres, seminaristas, membros de Pastorais Arquidiocesanas, como a Pastoral Familiar e fiéis de diversas Paróquias”), além de participar da “Marcha em defesa da vida, contra o aborto” (tomando muito cuidado para não ser - talvez ingenuamente - conivente com os fariseus hipócritas de hoje), não participa também das “Marchas em defesa da vida” - e vida de qualidade - nas “outras situações” nas quais se encontra (e não somente no útero materno)?
Por que o bispo auxiliar - coordenador arquidiocesano de Pastoral - e o próprio arcebispo não participam pessoalmente ou não se fazem representar (como fizeram na “Marcha em defesa da vida, contra o aborto”) nas “Marchas em defesa da vida” em outras situações? Infelizmente, a omissão é total!
Por exemplo, no mesmo dia da “Marcha em defesa da vida, contra o aborto” (dia 30 último), aconteceu também a “Marcha em defesa da Educação Pública de qualidade para todos e todas” (contra o corte de verbas) - que também faz parte da defesa da vida - com a participação de aproximadamente 30 mil pessoas, sobretudo estudantes e professores. Sobre essa Marcha, a reportagem do “Encontro Semanal” não falou sequer uma palavra! E a luta é mais do que justa! Como se explica isso? É essa uma Igreja “em saída”? Não dá para entender!
Em outros tempos - vivendo intensamente a renovação do Concílio Vaticano II - a Arquidiocese de Goiânia estava sempre - em nome do Evangelho - na linha de frente de todas as lutas por um mundo e um Brasil melhores! Que saudade! Não percamos a esperança! A Igreja da caminhada (como se dizia) não morreu, está muito viva, mesmo que seja nas catacumbas! Lutemos por ela!
Uma última pergunta: qual seria o comportamento de Jesus de Nazaré em situações como essas? Meditemos!


Igreja marcha em defesa da vida
(Encontro Semanal, 09/06/19)


Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)
Professor aposentado de Filosofia da UFG
Goiânia, 12 de junho de 2019

quinta-feira, 6 de junho de 2019

O verdadeiro “Pacto pelo Brasil”


    No café da manhã do último dia 28 - em reunião com os presidentes do Legislativo e do Judiciário (Rodrigo Maia - Câmara, Davi Alcolumbre - Senado, Dias Toffoli - Supremo Tribunal Federal) e Ministros - Jair Bolsonaro pediu união em torno das medidas que o Governo está tomando para tirar o País do “fundo do poço”. Quanta hipocrisia! Quanta mentira! O descaramento não tem limite!
Os participantes da reunião definiram as linhas gerais de um documento chamado “Pacto pelo Brasil”. Leia: “Pacto pelo Brasil dos ricos” (1% da população): os banqueiros, os donos das multinacionais e os latifundiários, que - por serem detentores do poder econômico e adoradores do deus dinheiro - se tornam cada vez mais ricos às custas dos pobres cada vez mais pobres (explorados e descartados como lixo humano).
Diante de um Governo que - a toda hora - fala o nome de Deus em vão com a conivência de falsos líderes religiosos e que - de maneira covarde e oportunista - está totalmente submisso aos interesses financeiros do sistema capitalista neoliberal (um sistema perverso, iniquo e diabólico), o que fazer? Só há um caminho que pode desencadear um processo de mudanças estruturais, dando passos concretos para fazer acontecer - mesmo no meio de ambiguidades e contradições - um novo Projeto de Brasil, que é o Projeto Popular ou - à luz da Fé - o Reino de Deus na história: a união e organização dos Movimentos Sociais Populares, Entidades Sindicais de Trabalhadores e Trabalhadoras, Partidos Políticos Populares e outras Organizações. É esse o verdadeiro “Pacto pelo Brasil”!
Deus está do lado do seu Povo e de todos aqueles e aquelas que lutam por outro Brasil possível. “Eu vi muito bem a miséria do meu Povo (...). Ouvi o seu clamor contra seus opressores e conheço os seus sofrimentos. Por isso, desci para libertá-lo (...)” (Ex 3,7-8).
Os cristãos e cristãs e suas Igrejas - por conhecerem o Projeto de Jesus de Nazaré, que é o Reino de Deus acontecendo na história do ser humano e do mundo - deveriam estar sempre na linha de frente de todas as lutas dos Movimentos Populares por um Brasil Novo, por um Mundo Novo
Vejam o que diz o Papa Francisco sobre o protagonismo dos Movimentos Populares (incluindo também Entidades Sindicais de Trabalhadores e Trabalhadoras, Partidos Políticos Populares e outras Organizações), que o Governo quer criminalizar.
“Atrevo-me a dizer que o futuro da humanidade está, em grande medida, nas mãos de vocês, em sua capacidade de organização e promoção de alternativas criativas na busca diária dos três T (trabalho, teto, terra), e também em sua participação como protagonistas nos grandes processos de mudança, mudanças nacionais, mudanças regionais e mudanças mundiais” (Papa Francisco. 2º Encontro Mundial dos Movimentos Populares. Santa Cruz de la Sierra - Bolívia, 09/07/15).
E ainda: “Pudemos falar (no 2º Encontro) da necessidade de uma mudança para que a vida seja digna, uma transformação de estruturas; além disso, do modo como vocês, Movimentos Populares, são semeadores de mudança, promotores de um processo para o qual convergem milhões de pequenas e grandes ações interligadas de modo criativo, como numa poesia; foi por isso que quis chamar vocês ‘poetas sociais’” (Papa Francisco. 3º Encontro Mundial dos Movimentos Populares. Roma - Itália, 05/11/16).  
Vejam também o que o Papa Francisco diz a respeito da relação da Igreja com os Movimentos Populares. Antes de tudo, com muita alegria, constata: “Soube que são muitos na Igreja aqueles que se sentem mais próximos dos Movimentos Populares. Muito me alegro por isso! Ver a Igreja com as portas abertas a todos vocês, que se envolve, acompanha e consegue sistematizar em cada Diocese, em cada Comissão ‘Justiça e Paz’, uma colaboração real, permanente e comprometida com os Movimentos Populares”.
Por fim, faz um caloroso convite: “Convido-vos a todos, bispos, sacerdotes e leigos, juntamente com as organizações sociais das periferias urbanas e rurais, a aprofundar este encontro” (Papa Francisco. 2º Encontro Mundial dos Movimentos Populares. Ib.).
Ouçamos o convite do nosso irmão o Papa Francisco! Não sejamos omissos! A omissão - que, infelizmente, é muito comum na Igreja - torna-se conivência criminosa com o sistema dominante.
Dia 14 de junho vamos ocupar as ruas e construir a maior greve geral da história do País! Vamos lutar contra a Reforma (ou melhor, Antirreforma) da Previdência! Vamos exigir que o Governo taxe os lucros mirabolantes dos bancos e as grandes fortunas! Viva os Trabalhadores e Trabalhadoras! Outro Brasil é possível e necessário! Lutemos por ele! A vitória é nossa!
Em tempo: No dia 14 de junho, em Goiânia, haverá uma grande manifestação, com concentração às 10 horas, na Praça Cívica, em frente ao Coreto. Participe!

Resultado de imagem para Cartaz da Greve Geral do dia 14 de junho próximo

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Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)
Professor aposentado de Filosofia da UFG
Goiânia, 05 de junho de 2019