domingo, 29 de abril de 2018

1º de Maio: dia de resistência e luta

O 1º de Maio - como Dia Internacional do Trabalhador e da Trabalhadora - “surgiu em 1886, quando trabalhadores ame­ricanos da cidade de Chicago, no dia 1º de Maio, saíram às ruas para lutar por melhores salários, redu­ção da jornada de trabalho (de 13 para 8h diárias) e melhores condi­ções de trabalho. Os patrões, a eli­te política e a polícia reprimiram o movimento prendendo, ferindo e assassinando alguns trabalhadores”.
O movimento espalhou-se rapidamente. No ano seguinte, em 1887, “esse dia foi mar­cado por protestos e lutas em mui­tos países; em 1889, entidades de trabalhadores de diversas par­tes do mundo, reunidos em Paris (França), decidiram transformar o 1º de Maio no dia de homenagem aos trabalhadores de Chicago e de protesto e conscientização da luta dos trabalhadores por direitos so­ciais e trabalhistas, pelo direito à sua livre organização e por liber­dades democráticas”.
No Brasil, “o 1º de Maio passou a ser comemorado a partir de 1917 quando trabalhadores resolveram parar o trabalho para reivindicar direitos. Em 1924, por meio da pressão dos trabalhadores, o pre­sidente Artur Bernardes decretou feriado oficial”.
O que significa comemorar o 1º de Maio hoje? “Em todo o mundo, as contas da crise do capitalismo es­tão sendo jogadas nas costas dos trabalhadores: menos direitos tra­balhistas, salários e serviços pú­blicos; e mais jornada de trabalho, subemprego e desemprego”.
No Brasil, “desde o Golpe de Estado e a posse de Temer, realizados pelos patrões, políticos conservadores e imprensa, aumentaram os ataques aos direitos dos trabalhadores. Mais do que nunca é preciso que o 1º de Maio venha a ser um momento de resistência: forta­lecer os movimentos e lutas dos trabalhadores; construir a unidade dos trabalhadores do campo e da cidade; revogar a Reforma Tra­balhista e a Lei de Terceirização; exigir saúde, educação e transpor­te público de qualidade; e defen­der as liberdades democráticas!” (Fórum Goiano Contra as Reformas da Previdência e Trabalhista. Jornal da Classe Trabalhadora - Ano 2 - Número 4 - Abril de 2018)
Temos hoje no Brasil dois Projetos Sociais (sócio-econômico-político-ecológico-culturais). De um lado, o Projeto Capitalista Neoliberal: o projeto dominante, que - por ser um projeto estruturalmente iníquo e perverso - exclui, descarta e mata. De outro lado, o Projeto Popular: o projeto alternativo, que é necessariamente inclusivo, faz acontecer a sociedade do bem viver e é um projeto em construção.
O 1º de Maio - dia de resistência e luta - deve ser uma manifestação pública, que mostra a unidade dos trabalhadores e trabalhadoras na construção do Projeto Popular. Para fortalecer essa unidade, precisamos criar uma Frente Ampla Nacional Popular (uma Frente de Frentes), que saiba valorizar as diferenças, que seja capaz de incorporar (fazer suas) propostas vindas das diversas Frentes (Frente Brasil Popular, Frente Povo sem Medo, Frente de Esquerda e outras) e que consiga - através do diálogo - definir objetivos comuns.
Hoje, as propostas, que surgiram - e continuam surgindo - nos encontros das diversas Frentes Populares e que contribuíram - e continuam contribuindo - para dar passos concretos na construção do Projeto Popular, deveriam ser assumidas pela Frente Ampla Nacional Popular como suas bandeiras de luta. Entre elas, destaco duas.
Primeira: a necessidade de retomar, no Brasil inteiro, o Trabalho de Base nas Comunidades (sobretudo das periferias das grandes cidades e do meio rural), nos Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras, nos Partidos Políticos Populares e nos Movimentos Sociais Populares, utilizando a metodologia da Educação Popular Libertadora (Paulo Freire). O Trabalho de Base - mesmo que em determinadas situações conjunturais possa ser intensificado em forma de mutirões - deve ser continuo e permanente para que os/as militantes façam a experiência da troca de saberes e da vida compartilhada. Os militantes se formam na práxis: prática e teoria.
Segunda: a realização - em etapas locais, municipais, estaduais e nacional – do Congresso do Povo (proposta que surgiu na 2ª Conferência Nacional da Frente Brasil Popular - 9 e 10 de dezembro/17).
O Congresso do Povo - como processo - é um espaço para que o povo, livre e publicamente, possa se manifestar e dizer, alto e bom som, o que pensa e o que quer, em todas as situações sociais (sócio-econômico-político-ecológico-culturais), como - por exemplo - em tempo de eleições. O Congresso do Povo surge como uma necessidade do Trabalho de Base e, ao mesmo tempo, o fortalece.
            O Trabalho de Base e o Congresso do Povo completam-se mutuamente e são - sobretudo hoje - o caminho para fazer a experiência que outro mundo é possível, para lutar contra toda injustiça e violação dos Direitos Humanos do sistema vigente e para construir, com o povo e para o povo, o Projeto Popular.
            Os cristãos e cristãs, que acreditamos no Projeto de Jesus - o Reino de Deus na história - em nome de nossa cidadania e de nossa Fé, deveríamos estar sempre na linha de frente de todas as lutas por um mundo novo.
            Para aqueles e aquelas que acham que participar dos Movimentos Populares não tem nada a ver com a Fé cristã, lembro o convite do Papa Francisco.
“Soube que são muitos na Igreja aqueles que se sentem mais próximos dos Movimentos Populares. Muito me alegro por isso! Ver a Igreja com as portas abertas a todos vocês, que se envolve, acompanha e consegue sistematizar em cada Diocese, em cada Comissão ‘Justiça e Paz’, uma colaboração real, permanente e comprometida com os Movimentos Populares. Convido-vos a todos, bispos, sacerdotes e leigos, juntamente com as organizações sociais das periferias urbanas e rurais, a aprofundar este encontro” (Discurso do Papa Francisco aos participantes do 2º Encontro Mundial dos Movimentos Populares. Santa Cruz de la Sierra - Bolívia, 09/07/15).



Venham todos e todas participar do 1º de Maio unificado, da resistência e da luta! Praça Universitária (Goiânia - GO), a partir das 14 horas! Conheça a programação do 1º de Maio em sua cidade!



Fr. Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)
Professor aposentado de Filosofia da UFG
Goiânia, 25 de abril de 2018




sexta-feira, 20 de abril de 2018

Medellín em gotas: 6ª- Vocação original da América Latina


A Introdução às Conclusões de Medellín - em sua última parte - leva-nos a tomar consciência da “vocação original” da América Latina e do Caribe.
Afirma: “Nesta transformação (que é libertação, que é salvação), por trás da qual se anuncia o desejo de passar do conjunto de condições menos humanas para a totalidade de condições plenamente humanas e de integrar toda a escala de valores temporais na visão global da fé cristã, tomamos consciência da ‘vocação original’ da América Latina: ‘vocação de unir em uma síntese nova e genial o antigo e o moderno, o espiritual e o temporal, o que outros nos legaram e nossa própria originalidade’”.
Quanta clareza e quanta profundidade encontramos nesta afirmação! E hoje? Será que nós - como Igreja - temos realmente consciência desta “vocação original” e a vivemos?
Por experiência própria, os bispos constatam: “Nesta Assembleia do Episcopado Latino-americano renovou-se o mistério de Pentecostes. Em torno de Maria como Mãe da Igreja, que com seu patrocínio assistiu a este continente desde sua primeira evangelização, imploramos as luzes do Espírito Santo e perseverando na oração, alimentamo-nos do pão da Palavra e da Eucaristia. Esta Palavra foi intensamente meditada”.
Tendo presente a realidade em que vivemos atualmente, podemos dizer que em nossas Assembleias e em nossos Encontros de Igreja renova-se - na presença de Maria, nossa Mãe - o mistério de Pentecostes?
Reparem o que dizem os participantes da Assembleia: “Nossa reflexão orientou-se para a busca de formas de presença mais intensa e renovada da Igreja na atual transformação da América Latina”. Hoje, temos essa preocupação? Em nossa ação evangelizadora, buscamos “formas de presença mais intensa e renovada na atual transformação da América Latina”? Não somos, muitas vezes, uma Igreja acomodada e alienada, que está por fora (e faz questão de estar por fora) dos desafios que a atual transformação da América Latina e do Caribe nos apresenta?
Os bispos apontam pistas concretas - que continuam plenamente atuais - para um plano de ação evangelizadora. Afirmam: “Três grandes setores, sobre os quais recai nossa solicitude pastoral, foram abordados em sua relação com o processo de transformação do continente. Em primeiro lugar, o setor da promoção do ser humano e dos povos do continente para os valores da justiça, da paz, da educação e do amor conjugal. Em seguida, nossa reflexão se dirigiu para os povos deste continente e suas lideranças (no lugar da palavra “elites” - que se presta a interpretações ambíguas - uso a palavra “lideranças”), que por estarem num processo de profunda mutação de suas condições de vida e de seus valores, requerem uma adaptada evangelização e educação na fé, através da catequese e da Liturgia”.  
Reparem o que os bispos, em sua solicitude pastoral, colocam em primeiro lugar: “o setor da promoção do ser humano e dos povos do continente para os valores da justiça, da paz, da educação e do amor conjugal”. Fazemos o mesmo hoje?
Finalmente - dizem os bispos - “abordamos os problemas relativos aos membros da Igreja. E preciso intensificar sua unidade e ação pastoral através de estruturas visíveis, também adaptadas às novas condições do continente”. E terminam declarando: “As conclusões seguintes são o fruto do trabalho realizado nesta Conferência”.
Em síntese, até o presente - dentro do tema geral “Medellín em gotas” - nas primeiras três gotas destacamos, com algumas reflexões: o “Contexto histórico”, o “Método adotado” e o “Modelo eclesiológico”, que situam social e teologicamente a II Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e Caribenho; nas outras três gotas, o “Centro da atenção da Igreja”, o “Verdadeiro desenvolvimento” e a “Vocação original da América Latina” (incluindo também o Caribe), que são os pontos principais da Introdução aos documentos.
A partir de agora, nas próximas gotas (que, se Deus quiser, serão muitas) destacaremos, sempre com algumas reflexões, os pontos principais (ideias-chave) - que continuam atuais - dos 16 documentos da Conferência: Justiça, Paz, Família e Demografia, Educação, Juventude, Pastoral das massas, Pastoral das lideranças, Catequese, Liturgia, Movimentos leigos, Sacerdotes, Religiosos/as, Formação do Clero, Pobreza da Igreja, Colegialidade, Meios de comunicação social.








Fr. Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)
Professor aposentado de Filosofia da UFG
Goiânia, 18 de abril de 2018
 


segunda-feira, 16 de abril de 2018

Medellín em gotas: 5ª- Verdadeiro desenvolvimento

A Introdução às Conclusões de Medellín afirma ainda: “O fato de a
transformação a que assiste nosso continente atingir com seu impacto todos os níveis
da existência, apresenta-se como um signo e uma exigência”.
E continua: “Nós, cristãos, não podemos deixar de pressentir a presença de
Deus, que quer salvar o ser humano inteiro, alma e corpo. No dia definitivo da
salvação Deus ressuscitará também nossos corpos, por cuja redenção geme agora
em nós o Espírito com gemidos indescritíveis. Deus ressuscitou a Cristo e, por
conseguinte, todos os que creem nele. Através de Cristo, ele está ativamente presente
em nossa história e antecipa seu gesto escatológico não somente no desejo
impaciente do ser humano para conseguir sua total redenção, mas também naquelas
conquistas que, como sinais indicadores, com voz cada vez mais poderosa, do futuro,
vai fazendo o ser humano através de uma atividade realizada no amor”.
Fazendo a memória do passado, lembra-nos: “Assim, como outrora Israel, o
antigo Povo, sentia a presença salvífica de Deus quando ele o libertava da opressão
do Egito, quando o fazia atravessar o mar e o conduzia à conquista da terra prometida,
assim também nós: novo Povo de Deus não podemos deixar de sentir seu passo que
salva, quando se diz o ‘verdadeiro desenvolvimento, que é, para cada um e para
todos, a passagem de condições de vida menos humanas para condições de vida
mais humanas’”.
A Introdução enumera, pois, essas condições. Menos humanas: “as carências
materiais dos que são privados do mínimo vital e as carências morais dos que são
mutilados pelo egoísmo; as estruturas opressoras que provenham dos abusos da
posse do poder, das explorações dos trabalhadores ou da injustiça das transações”.
Mais humanas: “a passagem da miséria para a posse do necessário, a vitória
sobre as calamidades sociais, a ampliação dos conhecimentos e a aquisição da
cultura; o aumento na consideração da dignidade dos demais, a orientação para o
espírito de pobreza, a cooperação no bem comum e a vontade de paz; o
reconhecimento, por parte do ser humano, dos valores supremos e de Deus, que
deles é a fonte e o fim; e em especial, a Fé, dom de Deus acolhido pela boa vontade
dos seres humanos e a unidade na caridade de Cristo, que nos chama a todos a
participar como filhos na vida de Deus vivo, Pai de todos os seres humanos”.
Reparem a profundidade e atualidade das reflexões: as conquistas que “o ser
humano vai fazendo, através de uma atividade realizada no amor”, são “sinais
indicadores” de salvação, que antecipam o “gesto escatológico” de Cristo. E também:
como outrora o antigo Povo de Deus sentia a “presença salvífica” de Deus na
libertação da opressão do Egito e na conquista da terra prometida, assim também nós,
novo Povo de Deus, não podemos deixar de sentir “seu passo que salva”, quando se
diz o “verdadeiro desenvolvimento”, que é, para cada um e para todos, a passagem (=
páscoa) de condições de vida menos humanas para condições de vida mais
humanas”.
A visão de salvação de Medellín supera todo tipo de dualismo e abrange o ser
humano no mundo, na totalidade de suas dimensões e relações: com o mundo (a
criação), com os outros (os semelhantes) e com o Outro absoluto (Deus). Segundo
essa visão, a salvação acontece no processo histórico de libertação - que é um
processo permanente - de tudo o que impede a vida. A salvação é, pois, a realização,
dentro do plano de Deus, do ser humano em sua história pessoal, social e cósmica,
até à plenitude na meta-história. Nisso consiste o sentido da vida do ser humano e
sua felicidade.
Diz o Concílio Vaticano II: “Aprouve a Deus salvar e santificar os seres
humanos, não individualmente, excluída qualquer ligação entre eles, mas constituindo-
os em Povo que o conhecesse na verdade e o servisse santamente” (Sobre a Igreja -
LG, 9).
Por sua visão de salvação como libertação que acontece e se faz história,
Medellín tornou-se a principal fonte inspiradora da Teologia da Libertação. No mundo,
não existem duas histórias: a história humana e a história da salvação. A história
humana é a história da salvação.
Qual é a visão de salvação (visão teológica mesmo) que nós - como Igreja -
temos hoje? Será que é a de Medellín? Que ação evangelizadora e que prática
pastoral são necessárias para sentirmos a “presença salvífica” de Deus ou “seu passo
que salva” nas lutas de libertação hoje? Mais uma vez, pensemos!




Fr. Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)
Professor aposentado de Filosofia da UFG
E-mail: mpsassatelli@uol.com.br
Goiânia, 11 de abril de 2018



sábado, 7 de abril de 2018

Medellín em gotas: 4ª- Centro da atenção da Igreja


A Introdução às Conclusões de Medellín - que têm como título “A Igreja na atual transformação da América Latina, à luz do Concílio” - começa dizendo que a Igreja “situou no centro de sua atenção o ser humano deste continente, que vive um momento decisivo de seu processo histórico. Assim sendo, não se acha ‘desviada’, mas ‘voltou-se para’ o ser humano, consciente de que ‘para conhecer Deus é necessário conhecer o ser humano’. Pois Cristo é aquele em quem se manifesta o mistério do ser humano”.
Diz também que a Igreja “procurou compreender este momento histórico do ser humano latino-americano (que inclui também o caribenho) à Luz da Palavra, que é Cristo. Procurou ser iluminada por esta Palavra para tomar consciência mais profunda do serviço que lhe incumbe prestar neste momento”.
E hoje? Será que a Igreja coloca realmente o ser humano deste continente latino-americano no centro de suas atenções? Será que procura compreender o momento histórico que estamos vivendo?
Fazendo a memória de sua história, a Igreja diz ainda: “Esta tomada de consciência do presente volta-se para o passado. Ao examiná-lo, vê com alegria a obra realizada com tanta generosidade: seria este o momento de exprimir o nosso reconhecimento a todos aqueles que traçaram o sulco do Evangelho em nossos países e que estiveram ativa e caritativamente presentes nas diversas raças, especialmente indígenas, do continente, àqueles que vêm continuando a tarefa educadora da Igreja em nossas cidades e nossos campos. Reconhece, também que ‘nem sempre’, ao longo de sua história, foram todos os seus membros, clérigos ou leigos, fiéis ao Espírito de Deus; ‘também em nossos tempos, a Igreja não ignora quanto se distanciam entre si a mensagem que ela profere e a fraqueza humana daqueles aos quais o Evangelho foi confiado’ (GS 43)”.
Com realismo e consciência de sua missão, declara: “Acatando o juízo da história sobre estas luzes e sombras, a Igreja quer assumir inteiramente a responsabilidade histórica que recai sobre ela no presente”. Hoje, a Igreja tem essa preocupação?
A Introdução, com muita objetividade, afirma: “Não basta, certamente, refletir, conseguir mais clarividência e falar. E necessário agir. A hora atual não deixou de ser a hora da palavra, mas já se tornou, com dramática urgência, a hora da ação. Chegou o momento de inventar com imaginação criadora a ação que cabe realizar e que, principalmente, terá que ser levada a cabo com a audácia do Espírito e o equilíbrio de Deus”. Hoje, a Igreja faz isso?
Esta Assembleia - continua a Introdução - foi convidada “a tomar decisões e a estabelecer projetos, somente com a condição de que estivéssemos dispostos a executá-los como compromisso pessoal nosso, mesmo à custa de sacrifícios”.
Por fim, reconhece: “A América Latina está evidentemente sob o signo da transformação e do desenvolvimento. Transformação que, além de produzir-se com uma rapidez extraordinária, atinge e afeta todos os níveis do ser humano, desde o econômico até o religioso. Isto indica estarmos no limiar de uma nova época da história do nosso continente. Época cheia de anelo de emancipação total, de libertação diante de qualquer servidão, de maturação pessoal e de integração coletiva. Percebemos aqui os prenúncios do parto doloroso de urna nova civilização”.
Conclui: “Não podemos deixar de interpretar este gigantesco esforço por uma rápida transformação e desenvolvimento como um evidente signo do Espírito que conduz a história dos seres humanos e dos povos para sua vocação. Não podemos deixar de descobrir nesta vontade, cada dia mais tenaz e apressada de transformação, os vestígios da imagem de Deus no ser humano, como um poderoso dinamismo. Progressivamente, este dinamismo leva-o ao domínio cada vez maior da natureza (que - em sentido bíblico - quer dizer: “ao cuidado cada vez maior para com a natureza”), a uma mais profunda personalização e coesão fraterna (de irmãos e irmãs) e também a um encontro com aquele que ratifica, purifica e dá fundamento aos valores conquistados pelo esforço humano”.
Como são atuais essas reflexões! Pensemos!





Fr. Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)
Professor aposentado de Filosofia da UFG
E-mail: mpsassatelli@uol.com.br
Goiânia, 4 de abril de 2018