domingo, 15 de setembro de 2019

Trabalhadores e estudantes unidos por um novo Brasil


Em Goiânia e em todo o país, o dia 7 de setembro, dia da Independência do Brasil (que na realidade ainda não existe), foi marcado por grandes manifestações de protesto contra o atual Governo - comprovadamente perverso, iníquo e anti-povo - que, cínica e hipocritamente, usa o nome de Deus e a sua Palavra para se autolegitimar. Trata-se de um descaramento que não tem limites!
Na manifestação de Goiânia - além de outras bandeiras de luta como moradia, emprego, saúde pública, aposentadoria, ciência e tecnologia, minorias, terras indígenas e quilombolas, Amazônia, Cerrado - destacamos dois grandes eventos unificados: o 25º Grito dos/as Excluídos/as 2019 e o 4º Tsunami da Educação. 
O Grito - desde o início - defende a “Vida em primeiro lugar” e - no lema deste ano de 2019 - denuncia “Este Sistema não Vale. Lutamos por Justiça, Direitos e Liberdade”. O Tsunami da Educação reivindica uma Educação Pública de qualidade para todos e para todas, luta contra o corte de verbas para a Educação e para a Pesquisa, não aceita a “militarização” das Escolas e defende a liberdade de ensino.
A concentração foi na Praça da Catedral Metropolitana, no Centro, a partir das 8:30 horas. Participaram da manifestação - com faixas e cartazes - Movimentos Sindicais de Trabalhadores/as (como os Trabalhadores/as da Educação e outros), Movimentos Sociais Populares (como os Moradores de Rua e outros), Movimentos Estudantis (liderados pela União Nacional dos Estudantes - UNE), Comitês ou Fóruns de Defesa dos Direitos Humanos e do Meio Ambiente, Comunidades Eclesiais de Base - CEBs, Pastorais Sociais Ambientais e representantes de outras Organizações Populares, totalizando cerca de 4 mil pessoas, entre as quais muitos/as jovens, que nos deram um testemunho bonito de resistência e de luta.
Na caminhada, passamos pela Praça Cívica e descemos a Avenida Goiás, finalizando o protesto na Praça do Bandeirante, às 12:30 horas. Durante a manifestação - além de músicas e cantos - tivemos muitas falas, todas demostrando indignação e vontade de lutar, unidos, por um novo Brasil. 
Iago Montalvão, 26 anos, presidente da UNE, referindo-se aos cortes na Educação e ao risco de Universidades Públicas pararem de funcionar, afirmou: “Sem ciência e Universidade não há condição de atingirmos uma autonomia, por isso viemos lutar. Queremos a verdadeira independência”.
Bia de Lima, presidente do Sindicato dos Trabalhadores/as da Educação do Estado de Goiás - SINTEGO, denunciou: “Estamos vivendo um verdadeiro desmonte da Educação. O Governo Federal já fez vários cortes no orçamento, colocando em risco o funcionamento das Universidades Federais em todo o Brasil. Sua política está destruindo a pesquisa brasileira. É um absurdo acabar com os recursos das bolsas da Capes e CNPq! No Estado de Goiás, a situação está ficando muito complicada. O Governo vira as costas para quem se dedica a Educação! Até agora não confirmou o pagamento do reajuste do Piso 2019, a Data-base dos/as administrativos/as e o cumprimento do pagamento das progressões. Estamos chegando a um ponto insustentável”. 
Sobre a situação atual dos/as excluídos/as no Brasil e no mundo, meditemos as palavras do Papa Francisco: “Hoje devemos dizer ‘não a uma economia da exclusão e da desigualdade social’. Esta economia mata. Não é possível que a morte por congelamento dum idoso sem abrigo não seja notícia, enquanto o é a descida de dois pontos na Bolsa. Isto é exclusão”. “Tudo entra no jogo da competitividade e da lei do mais forte, onde o poderoso engole o mais fraco. Em consequência desta situação, grandes massas da população veem-se excluídas e marginalizadas: sem trabalho, sem perspectivas, num beco sem saída. O ser humano é considerado, em si mesmo, como um bem de consumo que se pode usar e depois jogar fora. Assim teve início a cultura do ‘descartável’, que aliás chega a ser promovida”. “Os excluídos não são ‘explorados’, mas ‘descartados’ (resíduos, sobras)” (A Alegria do Evangelho, 53)
Na Missa do dia 8 de julho deste ano, na Basílica de São Pedro, Francisco - fazendo a memória dos seis anos de sua visita a Lampedusa - denunciou: “Os migrantes são hoje o símbolo de todos os descartados da sociedade globalizada”. Quanta crueldade e quanta desumanidade!
Em Goiânia e no Brasil inteiro, o Grito dos/as Excluídos/as 2019 foi o Grito dos/as Descartados/as. A luta por vida digna para todos/as fortalece a nossa esperança e nos une na certeza da vitória.
(Comunico aos prezados/as leitores/as que, por razões pessoais, interrompo os meus escritos semanais e - se Deus quiser - os retomarei logo que for possível)

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Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)
Professor aposentado de Filosofia da UFG
Goiânia, 12 de setembro de 2019 


quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Grito dos/as Excluídos/as 2019:CNBB pede “efetivo apoio”

     A CNBB, em Carta de 5 de julho deste ano - dirigida aos bispos, agentes de pastorais e lideranças - faz uma breve memória do Grito dos/as Excluídos/as, apresenta o sentido do Grito de 7 de setembro de 2019 e pede “efetivo apoio”.
     A Carta começa dizendo: “O Grito dos/as Excluídos/as do Brasil caminha para o seu 25º ano. Convém ressaltar que ele é fruto da Campanha da Fraternidade de 1995, cujo tema era ‘Fraternidade e os Excluídos’ e o lema: ‘Eras tu, Senhor?’”.
     E continua: “Ao contemplar as faces da exclusão na sociedade brasileira, setores ligados às Pastorais Sociais da Igreja optaram por estabelecer canais de diálogo permanente com a sociedade promovendo, a cada ano, na semana da Pátria, o Grito dos/as Excluídos/as”.
     Lembra-nos também: “Mesmo dando destaque ao dia 7 de setembro, o Grito dos/as Excluídos/as não quer se limitar a esta data. Vai muito além. Envolve o antes, o durante e o depois. Em preparação ao evento são promovidas rodas de conversa, seminários, fóruns temáticos envolvendo entidades, instituições, movimentos e organizações da sociedade civil fortalecendo as legítimas reivindicações sociais e reforçando a presença solidária da Igreja junto aos mais vulneráveis, sintonizando-a aos seus anseios e possibilitando a construção de uma sociedade mais justa e solidária”.
      Trata, pois, do lema do 25º Grito dos/as Excluídos/as 2019: “Este sistema não vale! Lutamos por Justiça, Direitos e Liberdade!”.
     E constata: “Os direitos e os avanços democráticos conquistados nas últimas décadas, frutos de mobilizações e lutas, estão ameaçados. O Ajuste Fiscal, a Reforma Trabalhista aprovada e, agora, o projeto de Reforma da Previdência, estão retirando direitos dos trabalhadores para favorecer aos interesses do mercado. O próprio sistema democrático está em crise, distante da realidade vivida pela população”.
      Declara ainda: “O Grito precisa colaborar para gerar processos de conscientização e de mobilização social e de profecia da Igreja em defesa dos mais vulneráveis”.
      Termina agradecendo “pelo apoio recebido ao longo destes anos” (25 anos) e afirmando que “precisamos continuar a gritar pela vida em primeiro lugar”.
      Enfim - por reconhecer que o Grito é uma iniciativa “que desperta para a solidariedade e para a organização, que renova a esperança dos pobres e que os torna sujeitos de uma nova sociedade, sinal do Reino de Deus” - solicita, mais uma vez, o “efetivo apoio” ao Grito dos/as Excluídos/as 2019.
      (A Carta é assinada por Dom José Valdeci Santos Mendes. Bispo de Brejo - MA e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sócio Transformadora - CEPAST, da CNBB).
      Pessoalmente e como Igrejas (comunidades, paróquias e dioceses) ouçamos a fraterna solicitação da CNBB! Participemos! Sejamos - como Jesus de Nazaré - profetas e profetisas da Vida! “Eu vim para que todos/as tenham Vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
      Na situação social (sócio-econômico-político-ecológico-cultural) do Brasil de hoje - de perversa e descarada violação dos Direitos Humanos dos/as trabalhadores/as, sobretudo dos/as mais pobres, e dos direitos da nossa Irmã Mãe Terra (violação praticada, muitas vezes, farisaicamente em nome de Deus e do Evangelho) - a omissão é conivência com a injustiça! Meditemos!
      Apoiam o 25º Grito dos/as Excluídos/as 2019 e garantem sua participação: Comunidades Eclesiais de Base - CEBs, Pastorais Sociais Ambientais, Centrais Sindicais, Movimentos Populares, Movimento Estudantil de Jovens, Partidos Políticos Populares, Fóruns ou Comitês de Defesa dos Direitos Humanos e outras Organizações.
      Em Goiânia, o Movimento Estudantil - com o apoio e participação da UNE - realiza o 4º Tsunami da Educação junto com o Grito dos/as Excluídos/as. Parabéns Jovens Universitários e do Ensino Médio pelo testemunho que vocês estão nos dando de garra e perseverança na luta por outro Brasil possível e necessário!
      Como foi comunicado no artigo anterior, em Goiânia, a concentração para o Grito dos/as Excluídos/as 2019 será na Praça da Catedral, dia 7 de setembro, a partir das 8:30 horas, com vasta e diversificada programação de atividades.




Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)
Professor aposentado de Filosofia da UFG
E-mail: mpsassatelli@uol.com.br
Goiânia, 04 de setembro de 2019

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Grito dos/as Excluídos/as 2019


      O Grito dos/as Excluídos/as está na sua 25ª edição e manteve sempre o objetivo de defender a “Vida em primeiro lugar”, denunciando os males causados pelo sistema econômico dominante (o capitalismo neoliberal) e anunciando - com palavras e ações concretas - a esperança de um Mundo Novo
     O lema do Grito dos/as Excluídos/as 2019 é: “Este sistema não Vele! Lutamos por justiça, direitos e liberdade”. Os objetivos são:
- “Discutir com a sociedade o atual momento que vivemos no Brasil e no mundo, denunciando as estruturas opressoras e excludentes e as injustiças cometidas pelo sistema capitalista;
- Refletir coletivamente que este modelo de “desenvolvimento”, baseado no lucro e na acumulação privada, não serve para o povo, porque destrói e mata;
- Promover espaços de diálogo e troca de experiências para construir as lutas e a mudança, através da organização, mobilização e resistência popular;
- Lutar contra a privatização dos recursos naturais, bens comuns e contra as reformas que retiram direitos dos/as trabalhadores/as;
- Ocupar os espaços públicos e exigir do Estado a garantia e a universalização dos direitos básicos;
- Promover a vida e anunciar a esperança de um mundo justo, com ações organizadas a fim de construir um novo projeto de sociedade”.
      Os eixos temáticos do Grito são: sistema capitalista, justiça, direitos e liberdade.
      O início de 2019 “tem sido marcado por uma conjuntura muito adversa para os pobres: cerceamento da liberdade, retirada de direitos conquistados, aumento do desemprego, volta da fome, violência contra os menos favorecidos... O resultado das eleições, em outubro de 2018, deixou evidente a mudança na correlação das forças entre as classes sociais. A classe dominante - com seus mais variados setores (financeiro, agronegócio, mineração, industrial, comercial) - optou por submeter-se às grandes corporações transnacionais, rompendo o pacto social que garantia o projeto nacional-desenvolvimentista dos últimos Governos”.
      O que hoje se percebe é que os defensores desse modelo econômico “re-correm à agressividade para eliminar e também afastar do campo político os grupos por meio dos quais as classes trabalhadoras e grupos vulneráveis se expressam ou se organizam (como Partidos mais à esquerda ou de oposição, Movimentos Sociais Populares, Indígenas, Quilombolas, Mulheres, LGBT e outros), ou que as apoiam (como setores de Igrejas, universidades, intelectuais, etc.)”. O Pacote anticrime (na realidade, “a favor do crime”) apresentado pelo ministro da Justiça “é um verdadeiro flagrante de violações de direitos humanos. O resultado desse pacote será o aumento do encarceramento em massa, do endurecimento penal e da letalidade policial”.
      A proposta da Reforma (na realidade, “Antirreforma”) da Previdência apresentada pelo ministro de Economia “é outro projeto que conspira contra os mais pobres e a justiça social. A Reforma tem como principal objetivo a instalação de sistema de previdência privada embasada no sistema de capitalização, criando um apetitoso mercado de títulos que envolve mais de 60 milhões de trabalhadores. Em lugar de ser um sistema previdenciário baseado na solidariedade, o que o mercado está propondo é expelir os pobres do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e extorquir a classe média dos servidores públicos em um compulsório regime de Previdência privada, a custos sociais e também fiscais exorbitantes. Para eles, a sociedade não tem obrigações para com seus pobres e necessitados, daí a negativa aos direitos sociais e à tributação dos ricos”.
      Neste mesmo contexto de violação dos Direitos Humanos e de injustiça institucionalizada, “não podemos deixar de falar do crime cometido pela mineradora Vale em Brumadinho (MG), no último mês de janeiro. Foi uma tragédia anunciada! Não é possível dissociar este acontecido com o desastre de Mariana, cada um com suas terríveis proporções na vida dos mais pobres e consequências para o meio ambiente. Este é mais um crime ambiental, social e econômico que nasceu e se consolidou pela impunidade dos anteriores” (Fonte: Jornal “Grito dos/das Excluídos/as”, ano 25, número 70, abril 2019). Gritemos com esperança, que já é certeza de vitória!
      Em Goiânia, a concentração para o Grito será na Praça da Catedral, dia 7 de setembro, às 9 hora. Participe! Sua presença faz a diferença!
      (Dando continuidade ao tema, o próximo artigo será sobre a “Carta da CNBB”, pedindo “efetivo apoio” ao Grito dos/as Excluídos/as 2019)






Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)
Professor aposentado de Filosofia da UFG
E-mail: mpsassatelli@uol.com.br
Goiânia, 28 de agosto de 2019