A apelação do advogado João Francisco, em seu
escrito “O Frei Marcos e os lanches do TJ-GO” (Diário da Manhã, OpiniãoPública,
26/12/11, p. 2) - a respeito dos meus três artigos “Os lanches do TJ-GO”, “Para
além dos lanches do TJ-GO” e “Mais suspeitas de corrupção” - é maldosa e
propositalmente desonesta. Para restabelecer a verdade, tornam-se necessários
alguns esclarecimentos à opinião pública.
1. Qualquer
cidadão, independentemente de sua formação intelectual (faz parte de seu
currículo de cidadão) tem o direito e até o dever de participar ativamente da
vida pública e denunciar as suspeitas de corrupção. Graças a Deus, a época do
coronelismo rural ou urbano já acabou.
2. Eu, na qualidade de cidadão, nos artigos
citados não denuncio, como diz o advogado, “desvio de verbas públicas e
corrupção no TJ-GO”, mas levanto suspeitas de desvio de verbas públicas e
corrupção no TJ-GO, o que é bem diferente. Eu não estou - como diz ainda o advogado
- “exercendo o papel de representante do Ministério Público”, tanto é verdade
que afirmo de maneira muito clara que o Ministério Público tem a obrigação de
exigir uma investigação séria a respeito das suspeitas de corrupção levantadas.
3. Eu recebi mensagens de apreço não só de
funcionários, como continua dizendo o advogado (embora os funcionários mereçam
todo nosso respeito e gratidão), mas também de advogados que, como os
funcionários, por razões de trabalho conhecem a situação por dentro e vivem o
problema na própria pele.
4. Como o advogado João Francisco parece querer
desqualificar - com uma certa ironia embutida nas suas palavras - a minha
formação teológica deturpando a verdade, tenho a esclarecer o seguinte: Além da
formação teológica em nível de doutorado, eu tenho também uma formação humanista
(filosófica e sociológica), em nível de doutorado. Em outras palavras (embora
isso não tenha nenhuma relevância, pelo menos no nosso caso), além de doutor em
Teologia Moral (ou Ética teológica) pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa
Senhora da Assunção-SP, sou também doutor em Filosofia pela USP, uma das
Universidades públicas mais bem conceituadas da América Latina e do mundo. E sou
ainda professor aposentado de Filosofia da UFG, que também é uma Universidade
pública.
5. Por vocação e opção de vida (missão e não profissão),
eu sou Religioso dominicano e Padre (não sou “vigário especial do Vaticano”, palavras
que o advogado inventou e não existem nos meus dados biográficos - o advogado precisa
estar mais atento na leitura), e exerço o meu ministério (serviço) na
Arquidiocese de Goiânia.
6. Os “graves
problemas” que o advogado levanta, para tentar me desmoralizar, não me dizem
respeito. Estou convencido que cada um de nós (religioso ou não) - seja na
sociedade em geral, seja na Igreja ou em qualquer outra Instituição - é
eticamente responsável pelas suas opções, pelas suas atitudes e pelos seus
atos.
A bem da verdade, é isso o que eu tinha a
esclarecer. “A verdade vos libertará” (Jo 8, 32). De minha parte, dou o caso
por encerrado. Fiz o que em consciência tinha a obrigação de fazer. Diante das
suspeitas levantadas, cabe agora - como já disse - ao Ministério Público não
ser omisso e exigir uma investigação séria, dando assim uma satisfação à
sociedade.
Termino com as sábias palavras de André
Garcia, um dos muitos funcionários do TJ-GO: “Numa democracia de verdade, que
nosso país não tem, uma matéria de jornal dessas (o artigo “Os lanches do TJ-GO”)
causaria uma investigação séria por parte dos órgãos competentes, e não uma
retaliação sob a forma de ‘cala a boca’ do órgão acusado. É justa a pretensão
do cidadão que desconfiou do preço que o TJ paga pelos seus lanches. É o TJ que
tem que provar que fez a coisa certa, e não o cidadão. Nós, do povo, temos a
obrigação de fazer como esse cidadão, fiscalizar e denunciar abusos desses
órgãos” (avestruzgarcia.blogspot.com/2011/12/lanches-do-tjgo. html -
19/12/2011).
Diário da Manhã, Opinião Pública, Goiânia,
28/12/11, p. 07
Fr. Marcos Sassatelli, Frade
dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em
Teologia Moral (Assunção - SP)
Prof. de Filosofia da UFG
(aposentado)
Prof. na Pós-Graduação em
Direitos Humanos
(Comissão Dominicana Justiça e
Paz do Brasil / PUC-GO)
Vigário Episcopal do Vicariato
Oeste da Arquidiocese de Goiânia
Administrador Paroquial da
Paróquia Nossa Senhora da Terra
E-mail: mpsassatelli@uol.com.br
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