segunda-feira, 7 de julho de 2014

A resistência heroica dos Educadores

“Amem a justiça, vocês que governam a terra” (Sb 1,1)

Diante do comportamento arrogante e ditatorial da Prefeitura de Goiânia, os Trabalhadores e Trabalhadoras da Educação (servidores administrativos, auxiliares de atividades educativas e professores) do Município - em greve há um mês e ocupando a Câmara Municipal desde o dia dez de junho - resistem heroicamente, em favor de uma educação pública de qualidade e de uma sociedade mais justa. Eles e elas já são vitoriosos e o serão muito mais ainda.
O Movimento grevista é um movimento sério, coordenado por pessoas responsáveis e que - reafirmo - merece todo nosso apoio e toda nossa solidariedade. Ao contrário, a atitude do governo municipal merece o nosso mais veemente repúdio.
Demorou muito, mas, enfim, no dia 25 deste mês, o presidente da Câmara Municipal, Clécio Alves - que praticou o crime contra os Direitos Humanos da tortura física e psicológica - numa entrevista coletiva (por conveniência política e não por reconhecer seu erro) voltou atrás, deu uma de bonzinho (ninguém é idiota para acreditar nisso) e pediu à Justiça o cancelamento da reintegração do plenário da Câmara Municipal, concedida por liminar na semana passada. O prazo para a desocupação pacífica tinha vencido no dia 24, às 16h, mas os Trabalhadores da Educação não atenderam à intimação, praticando - neste caso - o justo direito à desobediência civil.
Na mesma entrevista, Clécio Alves afirmou ainda que uma comissão de vereadores tentará negociar junto à Prefeitura uma forma de atender às reivindicações dos Trabalhadores da Educação, para que deixem o plenário da Câmara, terminem a greve e voltem ao trabalho. È uma grande vitória do Movimento!
Esperamos agora que o prefeito Paulo Garcia desça do seu pedestal de governante intransigente - parecido com um verdadeiro ditador - e aprenda a dialogar com os trabalhadores, lembrando que foi eleito para servir ao povo e não para mostrar sua arrogância vingativa. Esperamos que Osmar Magalhães, secretário do Governo e Neide Aparecida, secretária da Educação (ex-sindicalistas da Educação) parem de usar seu conhecimento e sua experiência de sindicalistas para serem carrascos, judiando dos Trabalhadores da Educação. Trata-se de uma maldade inconcebível e uma traição inadmissível!
É tão bonito e gratificante (falo por experiência própria) participar de encontros e reuniões com o povo, em círculo e em pé de igualdade, conversando, dialogando, discutindo, discordando, negociando e buscando o consenso (mesmo que às vezes seja difícil). È esse o “jeito popular de governar”, que nos torna a todos e a todas mais humanos, mais respeitosos uns dos outros e mais irmãos e irmâs. È o “bem-viver” e o “bem-conviver” dos nossos irmãos indígenas. È o que Jesus de Nazaré nos ensina com a sua vida e com a sua palavra.
“Quando vocês - diz o Senhor - erguem para mim as mãos, eu desvio o meu olhar; ainda que multipliquem as orações, eu não escutarei. (...) Lavem-se, purifiquem-se, tirem da minha vista as maldades que vocês praticam. Parem de fazer o mal, aprendam a fazer o bem; busquem o direito, socorram o oprimido (...) (Is 1,15-17).
“Se alguém quer ser o primeiro, deverá ser o último e ser aquele que serve a todos” (Mc 9,35). Jesus, com sua prática e sua palavra, revoluciona radicalmente todas as relações entre as pessoas e todos os critérios da convivência humana. Sigamos o seu exemplo!
A esperança nunca morre e a mudança sempre é possível! Sejamos portadores de esperança e agentes de mudança!
. Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP),
Professor aposentado de Filosofia da UFG

                                                                                       Goiânia, 26 de junho de 2014

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