No
artigo “Frei deseducador”, publicado no Diário da Manhã do dia
4 último, o jornalista Luiz Gama pretende desqualificar o meu “Que
diálogo é esse?”, publicado no mesmo Jornal dois dias antes. O
artigo de Luiz Gama é uma enxurrada de afirmações desconexas e sem
nenhum raciocínio lógico. Dá a impressão ao leitor que o
jornalista nem sabe escrever. Pelo seu nível de baixaria, o artigo
do jornalista tornou-se a melhor propaganda do meu. Quem ainda não o
leu, certamente vai lê-lo e vai poder constatar pessoalmente a
seriedade do artigo.
Não
vou gastar o meu tempo para polemizar com jornalista leviano, que
envergonha toda a categoria dos jornalistas. Só faço duas
observações.
Primeira: os estudantes secundaristas não
são “invasores” (como, em tom desrespeitoso e cínico, afirma o
jornalista), mas são jovens que ocupam Escolas Estaduais, lutando
por um direito que a própria Justiça reconhece como legítimo.
Segunda: se eu sou “Frei deseducador”
que revela “completa ignorância quanto ao tema” (como o Luiz
Gama, sempre em tom desrespeitoso e cínico, afirma), pela lógica
(que não é o forte do jornalista) todas as Universidades e
Faculdades Federais e Estaduais (além de muitas outras Instituições)
que em Nota Pública se manifestaram contra as OSs na gestão das
Escolas, são também “Universidades e Faculdades deseducadoras“
que “revelam completa ignorância quanto ao tema”.
Que despudor! Até uma criança percebe o
absurdo - que beira o ridículo - das afirmações de Luiz Gama. Só
ele, cujo comportamento é de “pau-mandado” - não percebe isso.
Para que o jornalista Luiz Gama e outras
pessoas de sua turma não digam que são palavras do “Frei
deseducador”, cito como exemplos as Notas Públicas da UFG (que é
a minha Universidade) e da Faculdade de Educação/UFG. Identifico-me
totalmente com o seu conteúdo.
A Nota da UFG (atualmente uma das
Universidades Públicas mais bem conceituadas do Brasil) afirma: “O
Conselho Diretor do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação
da Universidade Federal de Goiás (CEPAE/UFG), instância máxima
deliberativa, reunido no dia 16 de dezembro de 2015, manifesta total
e irrestrito apoio e solidariedade aos estudantes secundaristas do
Estado de Goiás que ocupam Escolas, na capital e no interior, em
defesa da educação pública, gratuita, de qualidade e socialmente
referenciada”.
Continua a Nota: “Os
estudantes secundaristas defendem o direito de se manterem em
Instituições Públicas porque sabem que o projeto das Organizações
Sociais (OSs) tem, em sua base, a privatização de um bem público,
a educação, passando o seu gerenciamento para Entidades Privadas
que não têm qualquer interesse com o público e visam somente ao
lucro. Defendem ainda o direito de serem ouvidos, pois a mudança de
gerenciamento das Escolas Públicas sequer foi debatida pela
comunidade escolar (professores, funcionários, alunos e
pais)”.
Reparem! Não é o
“Frei deseducador” que afirma isso!
A
Nota da UFG “manifesta ainda repúdio a qualquer ato de repressão
pelos aparelhos estatais, principalmente a Polícia Militar,
quando não respeita os direitos constitucionais de livre
manifestação das Entidades Estudantis numa sociedade
democrática de direito”.
A outra Nota Pública que cito é a da Faculdade de Educação/UFG
sobre a militarização e as OSs na gestão das Escolas Estaduais em
Goiás, de dezembro de 2015. Com muita clareza a Nota diz:
“Professores, servidores e estudantes da FE/UFG vêm a público
manifestar-se a respeito da militarização das Escolas Públicas
Estaduais e da proposta do Governo Estadual de entregar a
Organizações Sociais (OSs) a gestão de parte das Escolas do nosso
Estado. A FE/UFG se posiciona contrariamente à militarização e à
proposta de gestão escolar via OSs por entender que não é por
nenhuma dessas duas vias que o Estado alcançará o objetivo de
construir uma Escola Estadual verdadeiramente pública, laica,
gratuita e de qualidade para todos”.
A
FE/UFG
- continua a Nota - “entende que a gestão escolar via OSs se
constitui num processo de terceirização da oferta de educação
pública e que a militarização das Escolas é uma solução
equivocada tanto para a suposta resolução do problema da violência
nas Escolas quanto para a melhoria da qualidade do ensino. A FE/UFG,
com seus mais de 40 anos de experiência no campo da formação de
professores e da pesquisa em Educação, entende que não é pela
militarização ou pela terceirização via OSs que serão resolvidos
ou mesmo minimizados os problemas da Escola Pública Estadual
goiana”.
A
Nota, pergunta: “se o Estado possui recursos para que OSs e Polícia
Militar administrem Escolas, por que não investe estes mesmos
recursos num projeto próprio, verdadeiramente público e
democrático, de melhoria da qualidade da educação no Estado?”.
Luiz
Gama, essas palavras não são do “Frei deseducador”, mas
expressam muito bem tudo o que eu penso sobre a militarização das
Escolas e sobre as OSs na gestão das Escolas Estaduais.
Somente
na UFG (sem contar as inúmeras Notas de outras Instituições)
poderia citar também as Notas Públicas das Faculdades de Letras, de
Informação e Comunicação e de Ciências Sociais, que são
verdadeiras moções de repúdio à ação do Governo de querer
militarizar e privatizar as Escolas Públicas em Goiás.
Jovens,
estudantes secundaristas, não se assustem com os “ditadorzinhos”
de plantão que - por se acharem donos do mundo - não respeitam e
não escutam ninguém (nem as Instituições reconhecidas nacional e
internacionalmente como a UFG e a FE/UFG). Repito: não se assustem!
Eles passam! Saibam que todos os verdadeiros educadores e educadoras
estão com vocês. A união faz a força!. Continuem firmes e com
muita garra!
Fr.
Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor
em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP),
Professor
aposentado de Filosofia da UFG
E-mail:
mpsassatelli@uol.com.br
Goiânia,
06 de janeiro de 2016
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