A Mensagem “Denúncia
da Violência Policial no Estado de Goiás”, do dia 18 do mês
corrente, inicia dizendo: “Enviamos esta Mensagem como forma de
denúncia do que vem ocorrendo no Estado de Goiás. A polícia
militar goiana já é conhecida por sua truculência, contudo, nos
últimos meses e, particularmente nos últimos dias, a violência
policial tem se intensificado de maneira desavergonhada”.
Como prova disso, a
Mensagem traz três relatos de fatos recentes. Primeiro relato: “Na
segunda-feira, dia 15/02 estudantes ocuparam a sede da Secretaria de
Educação, Cultura e Esporte (Seduce) como forma de
protesto contra a abertura dos envelopes com as propostas das
Organizações Sociais (OSs) ‘qualificadas’ para gerirem 23
Escolas da rede pública estadual, que aconteceu a portas fechadas,
violando o princípio da transparência, e em local diverso do
previsto no Edital, caracterizando mais uma ilegalidade. Minutos após
a ocupação, a Polícia Militar adentrou o prédio e prendeu os 31
manifestantes, dos quais 13 adolescentes e 18 adultos. Os advogados
do movimento foram impedidos de entrar no local e acompanhar a
operação, o que viola os direitos assegurados aos advogados no art.
7º da Lei 8.906/94, dentre os quais o de ter garantida a sua
comunicação com os seus clientes, mesmo quando detidos e
considerados incomunicáveis. As 3 mulheres detidas foram
encaminhadas para o 14º Distrito Policial e os 15 homens para a DEIC
- Delegacia de Investigações Criminais, onde passaram a noite. Na
DEIC, por não haver vagas nas celas, os manifestantes dormiram no
pátio, ao relento, e não foi permitida a entrada de colchonetes. A
eles somente foi liberado o consumo de água”.
Continua a Mensagem:
“Dentre os presos estava o professor do curso de História, da UFG
(Goiânia), Rafael Saddi. Rafael contou que estava próximo ao
prédio da Seduce, mas não participava da ocupação. Ele estava na
condição de observador da ação policial para ‘garantir
que nenhum secundarista fosse machucado’. Quando chegou no prédio,
os policiais mandaram-no deitar no chão e o algemaram. Depois disso,
um policial ainda apontou o dedo na cara dele e disse: ’ah, você é
aquele professor da UFG que estava falando coisas né’... ou seja,
trata-se de uma prisão política deliberada de um intelectual que
vinha denunciando os abusos desse processo de implantação das OSs
no Estado”.
Segundo relato: “Na
quarta-feira (17/02) no período da tarde, no centro de Goiânia
(cruzamento da Av. Goiás com a Rua Três), durante uma manifestação
contra o aumento da passagem de ônibus, a PM espancou uma garota até
ela desmaiar. Vários adolescentes foram presos por ‘P2’
infiltrados e sem identificação alguma. A polícia cercou todos os
manifestantes e não deixaram dispersar, vários foram presos e
muitos apanharam. A moça desmaiada foi levada para dentro de um
hotel por vários policiais, todos homens, que não deixavam ninguém
se aproximar”.
Observa, pois, a
Mensagem: “em 3 dias contabilizou-se 47 presos políticos; 18 foram
liberados hoje (17/02) a tarde”.
Terceiro relato: “No
período da noite (20:50h), também do dia 17/02, recebemos o
seguinte comunicado de um dirigente estadual do MST
(GO): "Companheirada,
neste momento está em andamento a operação de despejo do
acampamento Padre Jordá, em Itapaci-GO contrariando todos os acordos
e entendimentos, inclusive normas sobre reintegração de posse que
impede o comprimento de liminar após as 18h. Nem o coronel Edson e o
Mota estão conseguindo retirar a tropa do local e abortar o
processo. Ficamos todos e todas em alerta”.
Quinta-feira (18/02),
pela manhã, “recebemos a confirmação que as famílias do
acampamento Pe. Jordá (Itapaci-GO), foram despejadas, contrariando
acordos, entendimentos e normas de reintegração de posse”.
Diz ainda a Mensagem:
“Seja na cidade, que no campo o coronel Marconi Perillo (PSDB) não
se constrange em dispor da violência contra aqueles que ousam se
manifestar contra suas ações!”.
A Mensagem conclui
afirmando: “Entendemos ser urgente que tais fatos se tornem
conhecidos nacional e internacionalmente. A imprensa local é
majoritariamente cooptada pelo Governo do Estado. Pedimos
apoio na divulgação, bem como que contribuam provocando o
posicionamento das entidades/instituições (via publicação de
notas de repúdio, indignação, notícias, etc...) com as quais
mantém contato. É
absurda a situação de violência do Estado de Goiás, via seu braço
armado, a Polícia Militar”.
Tudo indica que em
Goiás a ditadura civil e militar não acabou. Que atraso cultural e
ético! A mensagem termina com as palavras: “Há resistência, há
vida!”.
Assinam a Mensagem:
Fabiana
Itaci C. Araujo,
Psicóloga
e Profa. UFG/Regional Goiás;
Luís
Augusto Vieira,
Assistente
Social e Prof. UFG/Regional Goiás;
Frei
José Fernandes Alves, OP,
Membro
da Comissão Justiça e Paz da CNBB;
Irmã
Maria Madalena dos Santos, OP,
Coordenadora
da Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil; Irmã Sandra
Camilo Ede, OP, Coordenadora da CRB/Regional Goiânia e o autor deste
artigo, Frei Marcos Sassatelli, OP, Prior do Convento dos Frades
Dominicanos de Goiânia.
A
Mensagem faz, pois, um apelo, dizendo: “Aos que desejarem replicar
e assinar essa mensagem em suas listas de contatos, sintam-se a
vontade”.
Enfim, comunicamos
que a Mensagem foi divulgada na Assembleia da OEA no mesmo dia em que
foi redigida (18/02). Um outro Goiás é possível e necessário! A
esperança nunca morre!
O texto da Mensagem,
citado neste artigo, pode ser encontrado em:
(http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=PT&cod=88132&langref=PT&cat=24
e
http://www.correiocidadania.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=11442).
Fr.
Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor
em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)
Professor
aposentado de Filosofia da UFG
E-mail:
mpsassatelli@uol.com.br
Goiânia,
24 de fevereiro de 2016
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