“Assumimos o objetivo de ressoar os clamores dos Pobres e da Terra,
para recriar ministérios desafiadores no cuidado, proteção e defesa
da vida digna e da Casa Comum” (Mensagem final)
A Mensagem começa dizendo: “Um legado transmitido por 40 anos (de articulação continental) nos reuniu em Guayaquil, Equador, de 9 a 12 de março de 2020, 225 mulheres e homens - que vivemos nossa fé nas Comunidades Eclesiais de Base - de 16 países da América Latina, Caribe e Estados Unidos. Somos animadores e animadoras de CEBs, que assumem diferentes ministérios em nossa Igreja, sempre querendo ser a pequena Igreja de Jesus, para estar lá onde os povos arriscam suas vidas”.
Neste Encontro - continua - “assumimos o objetivo de ressoar os clamores dos Pobres e da Terra, para recriar ministérios desafiadores no cuidado, proteção e defesa da vida digna e da Casa Comum. Motivados pelo Papa Francisco e impulsionados por ‘Querida Amazônia’, fomos chamados a sonhar e profetizar, ser pessoas capazes de dar a vida pelo que amam, buscar novas maneiras de responder aos desafios atuais“.
Reconhecendo o clamor dos povos, a Mensagem afirma: “A América Latina clama em seus povos e territórios, saqueados, vítimas da pobreza estrutural, corrupção, desemprego, violência e migração; clama diante de uma estrutura eclesial que exclui mulheres, jovens e povos indígenas dos espaços de decisão; clama por uma Igreja Povo de Deus, para recuperar sua identidade comunitária original; clama pela ausência de cuidado ecológico”.
Declara também: “Hoje os trabalhadores mal conseguem se organizar a partir do andar mais baixo dos direitos, que é comer. Como CEBs, precisamos transformar a cultura da morte em uma cultura da vida, a cultura do descarte em uma cultura do encontro. As CEBs, sempre ligadas à história dos pobres, enfrentam obstáculos e desafios. Isso nos leva a assumir a sinodalidade, superando práticas autoritárias e modelos fechados, para ser uma Igreja que se apaixona, principalmente os jovens, por ter como método ver, julgar e agir, apostar no impulso de processos”.
Anuncia ainda: “O Sínodo da Amazônia é um compromisso do Papa Francisco de realizar uma conversão social, cultural, ecológica e eclesial. O ponto de partida é a escuta, falar com parrhesia, a presença e incidência decisiva de mulheres e povos indígenas, cuidar da Casa Comum, somar todas as experiências, adotar novas lógicas e linguagens, cuidar da vida, entender que os problemas são globais, que é indispensável anunciar e ter ardor missionário”.
Lembra-nos, pois: “Somos chamados a apostar em outros modelos de teologia, a partir da narrativa, ressoando a beleza desafiadora da fé de nossas Comunidades, em novas estratégias de comunicação que vão do pequeno e local ao universal e conseguem informar, influenciar, inspirar, impactar e influenciar”.
E continua: “Proclamamos com os jovens a necessidade de escutar uns aos outros a partir do diálogo intergeracional, caminhar juntos, criar empatia mútua, desaprender para aprender, um relacionamento circular, uma mudança de linguagem, valorizar os jovens, rever olhares e gerar espaços de participação.
Por fim, faz um apelo: “Reconheçamos que eu sou a Amazônia, que é necessária uma conversão ecológica e integral, que devemos potencializar, criar e expandir redes, articular a solidariedade e as lutas em uma só voz. Que devemos reapropriar o processo do Sínodo, conhecer, discernir e disseminar os documentos para aplicá-los à realidade social, mudar práticas concretas em nossa vida cotidiana e comunitária”.
E um pedido: “Pedimos novos ministérios e práticas, e reconhecer aqueles que já estão presentes, que em nome de Deus ajudam a cuidar da Casa Comum, a economia popular, a saúde alternativa, a participação e a formação sociopolítica”.
Conclui, reafirmando a identidade das CEBs: “Somos CEBs para transformar o mundo no Reino de Deus, para saber o que nos permite viver, o que aprendemos através do sofrimento, viver o presente histórico, estar dispostos a aprender com o futuro. Como CEBs, no seguimento de Jesus, que escutamos, ressoamos, agimos, cuidamos, protegemos e defendemos, inspirados pelo Espírito que sopra dentro de nós, filhos e filhas do Único Pai-Mãe, continuemos, na companhia de Maria, nossa caminhada para o Reino”.
A Mensagem é tão clara e seu conteúdo é tão atual que não precisa de muitos comentários. Basta lê-la, meditá-la e vivê-la. Feliz Páscoa a todos e todas!
Em tempo: Leia a Mensagem de Páscoa que o papa Francisco enviou aos Movimentos Populares, em: www.ihu.unisinos.br/597974-um-salario-universal-para-os-trabalhadores-mais-pobres-pede-o-papa-francisco-voces-sao-os-verdadeiros-poetas-sociais. (Voltarei sobre o assunto).
Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)
Professor aposentado de Filosofia da UFG
E-mail: mpsassatelli@uol.com.br
Goiânia, 15 de abril de 2020
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