Para tentar
desqualificar - com deboche e cinismo - as
manifestações de protesto contra o genocida Bolsonaro, “os aliados do
governo trabalham para distorcer o foco dos atos. Em vez de reconhecer que as
manifestações são pela falta de vacina e em desacordo com a condução do governo
no enfrentamento da pandemia, levantam o discurso de que as passeatas tiveram
viés eleitoral... Em contrapartida, argumentam que os bolsonaristas - que vão
às ruas em apoio ao presidente - são cristãos e patriotas” (O Popular,
01/06/21, p. 5).
Meu Deus, quanta
hipocrisia! Que cristãos e patriotas são
esses? Na verdade, eles são demônios
que - fria e maldosamente - usam o nome de “cristãos” e de “patriotas” para
legitimar - como sendo natural e normal - o genocídio de milhares de pessoas,
sobretudo pobres.
No dia 3 deste mês de
junho, o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) atualizou os
números sobre a pandemia da Covid-19 no Brasil. Até esse dia, os casos confirmados foram: 16.803.472 (83.391 somente nas
últimas 24 horas); as mortes confirmadas foram: 469.388 (1.682 somente nas
últimas 24 horas).
Se desde o início da
pandemia tivéssemos tido um Governo sério e com uma política de Saúde cientificamente
planejada que colocasse a vida em
primeiro lugar, certamente a maioria das mortes
poderia ter sido evitada.
Um fato concreto mostra
como isso é possível, havendo vontade e deliberação política. De 21 de
fevereiro a 26 de maio deste ano “a vacinação já salvou entre 4 e 6 mil
goianos” (O Popular, 5 e 6 de junho, Manchete, 1ª página).
Jair
Bolsonaro é responsável por milhares de mortes, que deveriam pesar na sua consciência (se é que ainda tem consciência!).
Ele tornou-se um dos maiores genocidas de
toda a história do Brasil e seus apoiadores (entre os quais -
lamentavelmente - temos líderes de Igrejas ou Organizações religiosas que, de
maneira hipócrita e diabólica, usam o nome de Deus para enganar o povo) tornam-se também genocidas. Fala-se,
inclusive, de um “gabinete paralelo” da Saúde, que vazou e virou foco da Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI).
Pelos crimes contra a
humanidade que cometeu, Bolsonaro já devia estar na cadeia. Não dá para
aguardar as próximas eleições! Fora
Bolsonaro, já!
Na Mensagem da 58ª Assembleia Geral da CNBB (12-16 de abril de 2021), os bispos - depois de expressarem sua
solidariedade às famílias que perderam entes queridos e sua gratidão aos
profissionais de saúde que têm doado sua vida em favor das pessoas doentes - denunciam:
“O Brasil experimenta o aprofundamento de uma grave crise sanitária, econômica,
ética, social e política, intensificada pela pandemia, que nos desafia, expondo
a desigualdade estrutural enraizada na sociedade brasileira. Embora todos
sofram com a pandemia, suas consequências são mais devastadoras na vida dos
pobres e fragilizados. Essa realidade de sofrimento deve encontrar eco no
coração dos discípulos de Cristo. Tudo o que promove ou ameaça a vida diz
respeito à nossa missão de cristãos. Sempre que assumimos posicionamentos em
questões sociais, econômicas e políticas, nós o fazemos por exigência do
Evangelho. Não podemos nos calar quando a vida é ameaçada, os direitos
desrespeitados, a justiça corrompida e a violência instaurada”.
Os bispos louvam, pois, o testemunho das Comunidades cristãs pelas mais
diversas formas de solidariedade e partilha, que amenizam as consequências da
pandemia e continuam denunciando: “São inaceitáveis discursos e atitudes que
negam a realidade da pandemia, desprezam as medidas sanitárias e ameaçam o
Estado Democrático de Direito. É necessária atenção à ciência, incentivar o uso
de máscara, o distanciamento social e garantir a vacinação para todos, o mais
breve possível. O auxílio emergencial, digno e pelo tempo que for necessário, é
imprescindível para salvar vidas e dinamizar a economia, com especial atenção
aos pobres e desempregados. É preciso assegurar maiores investimentos em saúde
pública e a devida assistência aos enfermos, preservando e fortalecendo o
Sistema Único de Saúde - SUS”.
E finalizam: “São inadmissíveis as tentativas sistemáticas de desmonte
da estrutura de proteção social no país. Rejeitamos energicamente qualquer
iniciativa que intente desobrigar os governantes da aplicação do mínimo
constitucional do orçamento na saúde e na educação”.
Unidos e unidas na luta por um
outro Brasil possível e necessário, já somos vitoriosos e vitoriosas”. Que
Deus fortaleça a nossa esperança!
Marcos
Sassatelli, Frade dominicano
Doutor
em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)
Professor
aposentado de Filosofia da UFG
E-mail: mpsassatelli@uol.com.br
Goiânia, 07 de junho de 2021
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