(Continua a série de artigos sobre o Ser
humano)
Para o
Ser humano histórico, “ser-no-mundo" individualmente,
significa não só “ser-no-mundo" corporeamente (como vimos), mas também
“ser-no-mundo" bio-psiquicamente (vitalmente). A dimensão da bio-psiquicidade (vitalidade) é constitutiva
da individualidade humana. O Ser humano individual “é-na-vida”, “é-vida”
(bio-psique). É vida individual ou indivíduo vivente.
Depois
da percepção de sua corporeidade, a segunda (não no sentido cronológico,
mas lógico) experiência existencial (concreta) que o Ser humano individual (o
indivíduo) faz de si mesmo é a percepção de sua bio-psiquicidade
(vitalidade).
A
palavra “vida” (bios) ou “alma” (“nefes”, “psique”) significa o Ser humano individual todo enquanto ser
vivente (bio-psíquico). Quando se diz que o Ser humano individual é “vida”
(bio-psique), o sujeito é sempre o Ser humano individual todo (integral), mas a
ênfase (o destaque) é colocada na sua bio-psiquicidade (vitalidade).
De
fato, aprofundando nossa reflexão sobre um Ser humano individual concreto (um
indivíduo), a segunda coisa que se constata é que o indivíduo todo - e não uma
parte dele - é vida (bio-psique). O Ser humano individual “é integralmente
vida”.
A bio-psiquicidade - como a corporeidade -
diz respeito ao Ser humano individual todo (integral), mas não é a totalidade
do Ser humano individual.
Enquanto
ser bio-psíquico, o Ser humano individual relaciona-se com o mundo vivente, é
natureza vivente e identifica-se com ela. Como "ser de natureza material
vivente", o Ser humano individual tem também suas raízes na matéria viva
(vivente). A natureza do indivíduo humano é, em segundo lugar, "a de suas
células: em princípio idênticas à natureza de todos os seres vivos com apenas a
diferença na sua programação diversa que lhe impõe as 'fichas perforadas' muito
especiais que são seus cromossomos e seus genes. É, finalmente, a natureza de
seus órgãos e sistemas internos, bastante semelhantes aos de muitos de seus
contemporâneos e 'antepasados'...." (GIMÉNEZ,
G. Hacia una Ética de Liberación social. Universidad Católica, Assunción, Mimeo
1972, p. 101-102).
O Ser
humano individual, por ser parte da natureza material vivente e produto de sua
evolução, acha-se completamente submetido às leis gerais do desenvolvimento da
mesma.
Por
exemplo, o Biólogo, enquanto cientista, pode provar - pela verificação
experimental - e afirmar com razão que todos os fenômenos humanos individuais
são totalmente biológicos: produtos de um conjunto de células vivas. O mesmo
Biólogo, porém, sempre enquanto cientista, não pode provar e nem afirmar que o
biológico (o vivente) é ou não é a totalidade do Ser humano individual.
O
Psicólogo, também, enquanto cientista, pode provar - pela verificação
experimental - e afirmar com razão que todos os fenômenos humanos individuais
são totalmente psíquicos: produtos de um conjunto de caracterizações psíquicas.
O mesmo Psicólogo, porém, sempre enquanto cientista, não pode provar e nem
afirmar que o psíquico é ou não é a totalidade do Ser humano individual.
(No próximo artigo continuaremos as nossas
reflexões, mostrando que - para o Ser humano histórico - “ser-no-mundo”
individualmente significa ainda “ser-no-mundo” espiritualmente ou pessoalmente)
Compartilhando:
Para uma visão mais aprofundada e abrangente
dos temas tratados, leia o meu livro: Ética da Libertação. Uma abordagem
filosófico-teológica. Lutas Anticapital, Marília -
SP, 2023 (pág. 384).
www.lutasanticapital.com.br/ - editora@lutasanticapital.com.br
Marcos Sassatelli, Frade
dominicanoDoutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção
- SP)Professor aposentado de Filosofia da UFGE-mail: mpsassatelli@uol.com.br
Goiânia,
02 de junho de 2024
O
artigo foi publicado originalmente em:
https://portaldascebs.org.br/o-ser-humano-histórico-individual-2/ (24/05/24)
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