“O Ser humano, por um lado, experimenta-se
limitado de muitas maneiras, por outro lado, sente-se ilimitado (infinito) em
seus desejos e chamado a uma vida superior" (Conc. Vat. II. A Igreja no
mundo de hoje - GS 10).
Em sua experiência existencial, o Ser humano
percebe-se, ao mesmo tempo, como um ser
histórico e meta-histórico: “já e ainda não” (na passagem de situações
históricas menos humanas para situações históricas mais humanas) e “além da
morte” (na passagem definitiva: a plenitude da Páscoa).
As
dimensões da historicidade e meta-historicidade, são constitutivas do Ser
humano.
Enquanto Ser histórico, o Ser humano é
um ser situado (no espaço) e datado (no tempo). Por isso, sua Práxis
(Prática e Teoria dialeticamente unidadas) é tambem situada e datada
(com as limitações próprias do espaço e do tempo).
Na Práxis como Prática (Ação), a
Teoria (Conhecimento: comum, científico, filosófico, teológico) está
sempre presente; na Práxis como Teoria (Conhecimento: comum,
científico, filosófico, teológico), a Prática (Ação) está sempre
presente.
Toda Práxis (Prática e Teoria) humana - com Fé cristã ou sem Fé cristã, com
Religião ou sem Religião - é política:
- comprometida com a construção de um Novo Projeto de Cidade
(Pólis), de Sociedade e de Mundo, justo, humano e ético, que é o Projeto
Político Popular (PPP), Projeto Comunitário de Irmãos e Irmãs, ou
- comprometida - direta ou indiretamente - com a manutenção
e o fortalecimento do Projeto de Cidade, de Sociedade e de Mundo injusto,
desumano e antiético (legalizado e institucionalizado), que é o Projeto
Capitalista Neoliberal ou Ultraneoliberal dominante. “Esse Sistema é
insuportável, exclui, degrada e mata”. “Os Pobres não são só excluídos, mas
descartados” (Papa Francisco).
Um dado recente da realidade - que
ostenta acintosamente uma iniquidade social repugnante - confirma as palavras
de Francisco. “A riqueza dos cinco homens mais ricos mais que dobrou, entre
2020 e 2023, saindo de 405 bilhões de dólares para 869 bilhões de dólares.
Enquanto 5 bilhões de pessoas ficaram mais pobres no mesmo período. A
desigualdade e a fome aumentam dia após dia. E as políticas sociais continuam
sendo cortadas dos orçamentos públicos, porque a vida das pessoas que
acessam os serviços públicos pouco importa” (Jornal “Grito dos Excluídos e
Excluidas”, ano 30 - número 81 - março/abril – 2024, 1ª página).
Como Seres humanos - mesmo sendo diferentes -
não temos todos e todas a mesma dignidade, o mesmo valor e os mesmos
direitos? Por que então temos uma Sociedade - e até uma Igreja - de
classes? Por que há tanta desigualdade e tanta injustiça institucionalizada?
A Práxis (Prática e Teoria) Político-Partidária é um dos meios - hoje
fundamental - para fazer Política. Temos muitos outros meios, como a Práxis
Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras, a Práxis Socioambiental dos
Movimentos Populares, dos Coletivos de Mulheres, das Entidades de Estudantes,
dos Fóruns de Direitos Humanos e de Cuidado com a Irmã Mãe Terra Nossa Casa
Comum e de muitas outras Organizações Populares.
Como cristãos e cristãs, temos ainda a Práxis das
Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), das Pastorais Sociais, das Comissões de
Justiça e Paz e Outras.
Para que essa Práxis (Prática e Teoria)
dos Partidos Políticos Populares chamados de esquerda) - como também das
outras Organizações Populares - seja um meio para fazer Política
ética só há um caminho: os Partidos Políticos Populares e todas as
Organizações Populares - devem, clara e publicamentete, ter lado, o lado dos/as
Pobres (Opção pelos Pobres). É com eles e elas que devem lutar, abrindo
caminhos novos que fazem acontecer o Projeto Político Popular (PPP), Projeto
Comunitário, baseado na Igualdade, na Justiça e na Fraternidade. Todos/as somos
convidados e convidadas a entrar nesse caminho.
Aliança
significa Comunhão de Projeto, mesmo com diferenças (que são positivas)
na maneira de realizá-lo. Ora, por coerência ética, com os Partidos
Políticos e as Organizações Sociais que defendem a manutenção e o
fortalecimento do Projeto Capitalista Neoliberal só pode haver Acordos
Pontuais para resolver situações emergenciais, mas nunca Alianças.
As “Alianças” oportunistas - mesmo que possibilitem
algumas obras sociais de carater assistencial e promocional (o que em si é
positivo) - na realidade fortalecem o Projeto Capitalista Neoliberal,
evitando manifestações e greves de protesto do Povo Trabalhador. No fundo, essas
“Alianças”, retardam a realização do Projeto Político alternativo: o Projeto
Político Popular (PPP).
E ainda: dizer que não podemos misturar Fé ou
Religião com Política Partidária é um grande equivoco, que faz o jogo do Poder
Dominador e Opressor e mantém o Povo submisso. Se eu sou um Ser humano de Fé
Cristã (um Ser humano radical), é como tal que faço política partidária. A
vida humana não se separa.
Ora, é uma hipocrisia muito grande usar a
Fé ou a Religião para justificar e legitimar uma sociedade legal e
estruturalmente injusta e antiética.
Por fim, mesmo diferentes, unidos/as e
organizados/as, já somos vitoriosos e vitoriosas! Esperançar é preciso! Parabéns
a todos os candidatos e candidatas dos Partidos Políticos Populares que estão
do lado e ao lado dos Pobres e, com eles e elas, lutam pelo Projeto
Político Popular (PPP), que é um Brasil Novo e um Mundo Novo acontecendo.
editora@lutasanticapital.com.br
Marcos Sassatelli, Frade
dominicano
Doutor em Filosofia (USP)
e em Teologia Moral (Assunção - SP)
Professor aposentado de Filosofia da UFG
E-mail: mpsassatelli@uol.com.br
Cel.
e WA: (62) 9 9979 2282
Goiânia,
05 de setembro de 2024
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