sexta-feira, 28 de outubro de 2011

DNJ 2011: Juventude e Protagonismo Feminino

“Andai em Cristo Jesus, enraizados nele,
sobre ele edificados e firmes na fé” (Cl 2,7).

Inspirados nas palavras do apóstolo Paulo, no dia 30 deste mês de outubro celebramos o 26º DNJ (Dia Nacional da Juventude), que tem como tema “Juventude e Protagonismo Feminino” e como lema “Jovens mulheres tecendo relações de vida”.
O DNJ, ao longo de sua história, “foi construindo raízes profundas na vida dos jovens do Brasil, levando-os a edificar suas vidas em Cristo e, firme na fé, vai construindo a Civilização do Amor. O DNJ 2011 volta seu olhar para a mulher. Sendo ela portadora de vida, Deus a escolheu para testemunhar a sua imensa bondade. Toda mulher porta a ternura do amor de Deus, porque Deus é amor e portador de vida” (Pe. Antônio Ramos do Prado, SDB, Assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB. Subsídio: DNJ 2011. Apresentação, p. 5).
Hoje - na família, no mundo do trabalho e na sociedade - a mulher é, muitas vezes, desrespeitada em sua dignidade e em seu direito de ser humano. O DNJ 2011 quer denunciar todos os tipos de discriminação da mulher, por causa do machismo (que ainda existe, até na Igreja), da cor e da posição social. Quer também denunciar todas as formas de exploração da mulher, por razões sociais, econômicas, políticas, culturais e ecológicas.
Nestes últimos anos, assistimos a um verdadeiro extermínio de jovens. Na maioria das vezes, as causas imediatas e aparentes são o envolvimento com o mundo das drogas e a tentação do dinheiro fácil, mas - numa análise mais profunda - percebemos que as causas reais são de caráter estrutural e conjuntural, como a falta de políticas públicas para os jovens, em especial, de uma educação pública de qualidade para todos.
Como Maria aos pés da cruz, milhares de mulheres choram o assassinato dos seus filhos e perguntam: Quanto vale uma vida? Para as mulheres mães, nada paga a vida de seus filhos. Apesar de tudo, as mulheres não desistem de viver e cultivam em seus corações o “sonho real” de uma “terra sem males”, de uma “terra do bem-viver - bem-conviver”, sem discriminação e sem exclusão.
Como Maria que diz: “A minha alma glorifica o Senhor e meu espírito exulta em Deus meu Salvador” (Lc 1, 46-47), “milhares de mulheres glorificam o Senhor, porque o Senhor continua fazendo maravilhas na vida delas e continua carregando a cruz com elas. Bendito seja Deus pelas mulheres!” (Ib., p. 6).
O DNJ 2011 sugere aos grupos de jovens três temas para serem aprofundados. O primeiro tema: “Ser mulher é...”, que tem o objetivo “de estimular a reflexão do grupo sobre os papéis sociais que são atribuídos aos homens e mulheres que estão dentro e fora de nossa Igreja. Desse modo, à luz do Evangelho e de ações inspiradas nele, vamos provocar o grupo com algumas questões que são essenciais para a superação de uma mentalidade sexista e para uma convivência de fato igualitária entre homens e mulheres”.
O segundo tema: “A vida comunitária tem a marca das mulheres”, que tem o objetivo de “refletir com o grupo sobre o papel das mulheres em nossa comunidade e a contribuição delas para a construção da Civilização do Amor”.
O terceiro tema: “O protagonismo feminino”, que tem o objetivo de “refletir e sensibilizar o grupo sobre as dificuldades enfrentadas pelas jovens mulheres ainda hoje e descobrir o valor dos movimentos e ações impulsionadas pelas mulheres, ampliando a visão do grupo sobre movimento feminista e sua importância na vida de toda sociedade” (Ib., p. 13-14; 21-22; 33-34).
Cito, enfim, dois textos, a meu ver, muito apropriados para a reflexão dos grupos de jovens e para a celebração do DNJ 2011. O primeiro texto diz: “Quando a Pastoral da Juventude do Brasil se propõe a refletir sobre ‘juventude e questão feminina’ a propósito do Dia Nacional da Juventude, abre espaço para se aproximar de um debate permeado de questões e, como toda boa questão, pressupõe-se diferentes interpretações. Mas o que se destaca como consenso é que no debate sobre juventude no Brasil ainda prevalece uma perspectiva androcêntrica, ou seja, as experiências masculinas são consideradas semelhantes às experiências de todas as pessoas e tidas como norma universal, o que resulta na invisibilidade das mulheres jovens. Nesse sentido, aponta-se para uma escassez de políticas públicas que incorporem as especificidades das mulheres jovens, bem como a dificuldade de reconhecê-las como atrizes políticas em todas as instâncias em que se dá sua participação, inclusive a religião” (Renata Carvalho da Silva. Ser “jovem” e ser “mulher jovem”: reflexões sobre gênero e juventude. Ib., p. 67):
O segundo texto afirma: “É necessário superar a mentalidade machista, que ignora a novidade do cristianismo acerca da ‘igual dignidade e responsabilidade da mulher em relação ao homem’. Urge que as mulheres possam participar plenamente da vida familiar, eclesial, cultural, social, política e econômica, criando espaços e estruturas que favoreçam sua inclusão. Entre as ações pastorais cabe:
a) Impulsionar uma organização pastoral que promova ainda mais o protagonismo das mulheres;
b) Garantir a efetiva presença da mulher nos ministérios que a Igreja confia aos leigos, assim como nas esferas de planejamento e decisão;
c) Acompanhar as associações que lutam para superar situações difíceis pelas quais as mulheres passam no seu dia-a-dia;
d) Apoiar programas, leis e políticas públicas que permitam harmonizar a vida de trabalho da mulher com seus deveres de mãe de família, com atenção especial às empregadas domésticas, às operárias e similares” (CNBB. Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) 2008 - 2010, N. 126).
            O DNJ é uma realização das Pastorais da Juventude do Brasil e da Rede Brasileira de Centros e Institutos de Juventude, com a aprovação e o apoio da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB.
            O Assessor da Comissão acima citada, Pe. Antônio Ramos do Prado, SDB - considerando a importância que o DNJ tem na busca de respostas aos desafios que o Brasil apresenta aos jovens de hoje - faz um apelo, dizendo: “Pedimos a todas as Pastorais da Juventude, Movimentos, Novas Comunidades e Congregações que, junto com seus pastores, façam acontecer o DNJ em cada Diocese” (Subsídio: DNJ 2011. Apresentação, p. 6).

            O Vicariato Oeste da Arquidiocese de Goiânia realiza o DNJ no dia 30 deste mês de outubro, às 9h, na Praça do CIOPS do Jardim Curitiba II. Convidamos todos os jovens e todas as jovens (e também os jovens e as jovens há mais tempo). Venham participar! Será um encontro muito fraterno, muito alegre e muito desafiador. Vale a pena!
                          Diário da Manhã, Opinião Pública, Goiânia, 28/10/11, p. 2

Fr. Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)
Prof. de Filosofia da UFG (aposentado)
Prof. na Pós-Graduação em Direitos Humanos
(Comissão Dominicana Justiça e Paz do Brasil / PUC-GO)
Vigário Episcopal do Vicariato Oeste da Arquidiocese de Goiânia
Administrador Paroquial da Paróquia Nossa Senhora da Terra

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