De
29 de maio a 2 de junho deste ano, aconteceu em Goiânia - GO o 53º Congresso da
União Nacional dos Estudantes (CONUNE). Na noite do dia 29, Daniel Iliescu,
presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), declarou aberto o 53º
Congresso da entidade e chamou para compor a mesa, diretores da UNE,
representantes do movimento estudantil, sindical, movimento dos trabalhadores
sem-terra, de mulher e parlamentares.
Em seu discurso, ele salientou que o 53º
Congresso era o maior encontro nos quase 76 anos de luta da UNE. “Esse
Congresso - disse Daniel - tem números que deveriam nos orgulhar. Vivemos uma
fase de conquistas dentro das universidades brasileiras, com importantes
medidas de luta. Temos que enfrentar o analfabetismo. O Brasil precisa ser
construído pelo povo brasileiro”.
O 53º Congresso teve recorde histórico, com
delegados eleitos em 98% das instituições de ensino superior de todas as
regiões do Brasil, envolvendo quase dois milhões de estudantes em todo processo
eleitoral.
“Tivemos - disse ainda o presidente da UNE - 1 milhão e 900 mil
votantes, em 800 municípios. São números espetaculares para quem sonha em
discutir política e se preparar para mais mudanças”.
“Esse Congresso - continua Daniel - expressa
o momento muito positivo que o movimento estudantil vive, pois muitos tentam
vender que a juventude não quer saber de política, que a juventude é alienada.
Mas esse Congresso prova que não é assim. Nossa geração deve honrar as pessoas
que resistiram aos governos ditatoriais. Nós temos o dever e o desafio de
avançar, com disposição para vencer e conquistar nossas propostas. Nossa
geração pauta o Brasil, influencia o governo. O desafio do Congresso é
avançar e conquistar vitórias concretas”.
Daniel falou para uma plateia animada, que o
tempo todo gritava palavras de ordem, como “a UNE somos nós, nossa força e
nossa voz”. (http://ubescomunica.wordpress.com/2013/05/31/daniel-iliescu-esta-aberto-o-53o-congresso-da-une/).
Representantes de entidades, que foram
parceiras na jornada de luta da juventude brasileira, fizeram sua saudação aos
estudantes vindos de todos os estados brasileiros. Na abertura, falaram Valdir
Misnerovicz, diretor do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST); Ailma
Maria de Oliveira, representando a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do
Brasil (CTB); Lúcia Ricon, representando a União Brasileira de Mulheres (UBM) e
o Conselho Nacional da Mulher, Lucas Ribeiro, presidente da UEE-GO, além dos
deputados Hugo Mota (PMDB/PB) e Rubens Ottoni (PT-GO) e o deputado estadual
Mauro Rubem (PT). Todos reforçaram a necessidade de enfrentar os recentes
retrocessos no Plano Nacional de Educação (PNE), como a decisão do Senado que
retira a garantia de investir os 10% somente na educação pública.
Durante o 53º CONUME - no qual
muitos temas foram aprofundados e debatidos - os estudantes brasileiros
convocaram a Jornada Nacional de Lutas 2013. As mobilizações acontecerão em
agosto em todo o País, conforme calendário de eventos, previamente divulgado
pela UNE.
No dia 2 de junho, na plenária final do 53º
Congresso, foi eleita a nova presidenta da UNE, Virgínia Barros (ou, Vic
Barros, como é conhecida), de 27 anos, por um mandato de 2 anos (2013-2015).
Ela nasceu em Garanhuns (PE) - a mesma cidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva - e é atualmente estudante de Letras da Universidade de São Paulo
(USP).
Desejamos à Virgínia e a toda a
diretoria muita disposição e muita garra à frente da UNE, uma entidade que tem
um histórico de lutas em favor dos excluídos/as de nossa sociedade.
Na mesma plenária, foram aprovadas também
moções com o posicionamento da UNE a respeito de temas diversos, como a punição
dos crimes da ditadura e como a criminalização do movimento estudantil, dos
movimentos de trabalhadores e dos movimentos sociais populares.
“Assim, diante da Plenária Final do seu 53°
Congresso Nacional, unidos e cheios de esperança,
convocamos a juventude a tomar para si o seu futuro e o futuro do nosso país, e
defender uma Jornada Nacional de Lutas, em agosto de 2013, onde levantaremos
alto a luta pelas seguintes bandeiras consensualmente construídas:
1.
10% PIB para Educação Pública já!
2.
100% dos Royalties para Educação e 50% do
Fundo Social dos pré-sal para Educação;
3.
Não aos leilões do petróleo;
4.
Democratização do acesso e da permanência na
Universidade! R$2,5 bilhões para o PNAES;
5.
Cotas raciais e sociais nas Universidades
Estaduais;
6.
Regulação do Ensino Privado. Fim do Capital
Estrangeiro na Educação Brasileira;
7.
Mais qualidade nas Universidades Brasileiras;
8.
Curricularização da extensão universitária;
9.
Uma política macroeconomia que esteja a
serviço do desenvolvimento do país! Não ao contingenciamento e cortes de verba
para pagamento da divida publica;
10. Direito
a Memória, Verdade e Justiça. Pela revisão da Lei de anistia e punição dos
criminosos da ditadura militar;
11. Pela
auditoria pública da dívida pública;
12. Democratização
dos meios de comunicação;
13. Contra
a criminalização do movimento estudantil e dos movimentos sociais;
14. Pelo
incentivo à pesquisa de meios alternativos para captação de energia”
Como ficou evidenciado em seu 53º Congresso
(sobretudo nas resoluções finais), hoje a UNE está maior do que nunca e
tornou-se uma força jovem imprescindível na luta por um “outro Brasil e um
outro mundo possíveis”. Mesmo com suas divergências políticas internas (o que é
um valor), a UNE mostrou-se unida naquilo que é fundamental: a aliança com os
movimentos populares, os sindicatos autênticos de trabalhadores e todas as
organizações comprometidas com a transformação estrutural da sociedade.
Os pobres, os excluídos/as e os
“descartados/as” de nossa sociedade capitalista neoliberal contam com vocês,
jovens estudantes universitários, unidos e organizados. Parabéns, UNE!
(Fr. Marcos Sassatelli, Frade dominicano,
Doutor em Filosofia (USP) e em
Teologia Moral (Assunção - SP),
Professor aposentado de
Filosofia da UFG
Goiânia, 12 de junho de 2013
E-mail: mpsassatelli@uol.com.br)
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