Presidenta
Dilma não recue! Não traia os Trabalhadores e as Trabalhadoras! Respeite a
vontade do Povo, manifestada - por quase 8 milhões de pessoas - no Plebiscito
Popular! Honre o voto dos pobres! Ouça o grito das ruas! Faça aliança com os
Movimentos Populares! Experimente a força desses Movimentos! Povo unido, organizado
e mobilizado jamais será vencido! Seja mulher forte e corajosa! Não tenha medo
de arriscar!
Renovando
o pedido que lhe fiz no escrito anterior, convoque, no início de seu segundo
mandato, um grande Encontro de Movimentos Populares e - estando à frente dela -
lance uma Campanha de Mobilização Nacional, que sacuda o Brasil. Vamos ocupar
as ruas e praças do país! Vamos ocupar o Congresso e exigir (não pedir) a imediata
convocação do Plebiscito por uma Assembleia Constituinte Soberana e Exclusiva
do Sistema Político. Não dá mais para esperar! Com o Congresso que temos, se
não houver uma pressão muito forte do Povo, nada irá acontecer em benefício dos
pobres.
Depois
de aprovada pelo Plebiscito, vamos eleger, com urgência, uma Assembleia
Constituinte, única e exclusivamente para, de modo soberano, fazer uma Reforma Política,
que seja uma verdadeira mudança estrutural do Sistema Político.
Presidenta
Dilma, desistir do Plebiscito e apoiar o Referendo, para aprovar ou não as
“reformas” realizadas no Congresso, é mais um jeito de tapear o Povo. Chega de
enganação! Não podemos aceitar essa maracutaia!
Senhora Presidenta, não fique em cima do muro! Não se
preocupe em agradar o deus-mercado! Mostre de que lado está! Lembre as palavras
do Evangelho: "ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará
o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a
Deus e ao Dinheiro” (Mt 6,24). E servir a Deus, Presidenta Dilma, é servir ao
Povo.
No Encontro Mundial de Movimentos Populares (de 27 a 29
de outubro último), o papa Francisco, em seu vibrante discurso, de maneira
clara e inequívoca (sem meias palavras), posicionou-se a favor dos pobres e
solidarizou-se com sua luta.
“Este Encontro - diz o nosso irmão Francisco - é um
sinal, é um grande sinal”. Os pobres “não só padecem a injustiça, mas também
lutam contra ela”. Eles não esperam planos assistenciais, “que vão em uma
direção ou de anestesiar ou de domesticar”, mas “querem ser protagonistas, se
organizam, estudam, trabalham, reivindicam e, sobretudo, praticam essa
solidariedade tão especial que existe entre os que sofrem, entre os pobres, e
que a nossa civilização parece ter esquecido ou, ao menos, tem muita vontade de
esquecer”.
A solidariedade - diz ainda o papa - é “muito mais do que
alguns atos de generosidade esporádicos. É pensar e agir em termos de
comunidade, de prioridade de vida de todos sobre a apropriação dos bens por
parte de alguns. Também é lutar contra as causas estruturais da pobreza, a
desigualdade, a falta de trabalho, de terra e de moradia, a negação dos
direitos sociais e trabalhistas, É enfrentar os destrutivos efeitos do Império
do dinheiro: os deslocamentos forçados, as migrações dolorosas, o tráfico de
pessoas, a droga, a guerra, a violência e todas essas realidades que muitos de
vocês sofrem e que todos somos chamados a transformar”. Em seu sentido mais
profundo, a solidariedade “é um modo de fazer história, e é isso que os
Movimentos Populares fazem”.
Francisco, num caloroso apelo, declara: “queremos que se
ouça a sua voz (dos Movimentos Populares), que, em geral, se escuta pouco.
Talvez porque incomoda, talvez porque o seu grito incomoda, talvez porque se
tem medo da mudança que vocês reivindicam”.
Presidenta Dilma, não tenha medo da mudança, não desista
da mudança! Ouça a voz dos Movimentos Populares e junte-se a eles, para abrir caminhos
novos e fazer acontecer, no Brasil, o Projeto Popular!
Infelizmente, o cerco do Congresso à Presidenta Dilma já
foi montado, para que não aconteça o Plebiscito! Derrubemos esse cerco! O Povo
é soberano!
Plebiscito
por uma Constituinte Soberana e Exclusiva do Sistema Político, já! Reforma Política, já!
Leia também na internet os
artigos:
“Um conselho à presidenta Dilma” e
“Plebiscito: primeiro desafio da presidenta Dilma”
Marcos
Sassatelli, Frade dominicano
Doutor
em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP),
Professor
aposentado de Filosofia da UFG
E-mail:
mpsassatelli@uol.com.br
Goiânia, 12 de novembro de 2014
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