quinta-feira, 4 de abril de 2024

Em Goiás: “um absoluto desrespeito aos Migrantes”

 


A questão dos Migrantes é hoje uma das faces mais perversas e cruéis do pecado social ou estrutural do mundo de hoje, ou - mais especificamente - do Sistema Capitalista Neoliberal Mundial.

Basta acompanhar minimamente a história dos/as Migrantes, sobretudo em direção à Europa e aos Estados Unidos. Quanta maldade humana! Tudo em nome do Poder Econômico: o deus dinheiro e seus adoradores. O nosso irmão, o Papa Francisco - com muita dor no coração - chegou a afirmar que o Mediterrâneo se tinha tornado um Cemitério de Migrantes.

E em Goiás? Goiás é o 14º Estado com maior número de Migrantes registrados no país, conforme dados de 2022 (amplamente divulgados nas Redes Sociais e nos Meios de Comunicação). São 6.384, dos quais 3.398 mulheres e 2.986 homens.

Vivem em situação desumana por causa do descaso do Poder Público. Eles/as não são somente excluídos/as, mas descartados/as. Para os detentores do Poder Econômico, os/as Migrantes não existem. São “sobras” e “rejeitos” da sociedade.

(Cf. https://www.aredacao.com.br/noticias/193457/goias-abriga-6-mil-imigrantes-mas-falta-integracao-de-servicos-publicos).

Faço minha, dando total e irrestrito apoio, a denúncia profética - destemida e corajosa - de Fabrício Rosa, jovem defensor dos Direitos Humanos e da Irmã Mãe Terra Nossa Casa Comum. Ele assim se expressa:

“Que vergonha! Que absurdo! O Governo de Goiás não irá realizar a etapa estadual da Conferência de Migrações!

A Prefeitura de Goiânia, por sua vez, perdeu o prazo e também não realizará a etapa municipal.

Isso significa que Goiás não enviará delegados/as para a Conferência Nacional, que se realizará em junho na cidade de Foz do Iguaçu.

É um absoluto desrespeito aos migrantes, apátridas e refugiados que vivem em Goiás!”.

(Nas Redes Sociais, desde o dia 1º deste mês de abril. Vejam Vídeo abaixo: O Estado e a Prefeitura proibiram a realização de Conferências municipais e estaduais preparatórias)

Essa é a realidade! Toda nossa solidariedade às pessoas e Entidades que - como a Pastoral do Migrante - tentam, com amor de irmãos e irmãs, “amenizar” essa situação de sofrimento.

Por fim, meditemos as palavras do Papa Francisco: “Os seres humanos e a natureza não devem estar a serviço do dinheiro. Digamos NÃO a uma economia de exclusão e desigualdade, onde o dinheiro reina em vez de servir. Esta economia mata. Esta economia exclui. Esta economia destrói a Mãe Terra”.

“Existe um sistema com outros objetivos. Um sistema que, apesar de acelerar irresponsavelmente os ritmos da produção, apesar de implementar métodos na indústria e na agricultura que sacrificam a Mãe Terra na área da ‘produtividade, continua a negar a milhares de milhões de irmãos/ãs os mais elementares direitos econômicos, sociais e culturais. Este sistema atenta contra o projeto de Jesus”. É “Idólatra”, “mata”, “exclui” e ‘destrói’ a Mae Terra.

De outro lado, com muita esperança, Francisco fala de uma “economia popular e produção comunitária”, de uma “economia verdadeiramente comunitária”, de uma “economia de inspiração cristã”, de uma “economia justa”, de uma “economia a serviço das pessoas”

(Papa Francisco. 2º Encontro Mundial dos Movimentos Populares. Santa Cruz de la Sierra. Bolívia, 7-9 de julho de 2015).

É de muitos/as jovens militantes - unidos/as e organizados/as - que o mundo e o Brasil precisam. Parabéns, Fabrício!

“Somos Mundo Novo, Mundo Novo queremos!”

(Lema do “Movimento Mundo Novo”




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Marcos Sassatelli, Frade dominicano

Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)

Professor aposentado de Filosofia da UFG

E-mail: mpsassatelli@uol.com.br


 Goiânia, 04 de abril de 2024

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