quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Aos Prefeitos/as e Vereadores/as eleitos dos Partidos Políticos Populares - Carta Aberta

 


Aos Irmãos/ãs, Companheiros/as de caminhada e de luta dos Partidos Políticos Populares (chamados “de esquerda”), que assumirão o Mandato - Serviço de Vereadores/as ou Prefeitos/as no início de 2025.

Junto com os meus parabéns pela vitória, desejo que vocês - na prática da Política Partidária Popular de Vereadores/as ou Prefeitos/as - sejam sempre coerentes com o Projeto de Sociedade e de Mundo (a Irmã Mãe Terra Nossa Casa Comum) que vocês defendem e querem ajudar a construir.

Como Irmão e Companheiro de vocês - que por mais de 50 anos frequentou a “Universidade do Povo”, conviveu com o Povo nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), nas Pastorais Sociais, nos Movimentos Populares e aprendeu muito com a sabedoria de vida dos Pobres (marginalizados, oprimidos, excluídos e descartados) - permito-me (a título de colaboração) apontar para vocês, novos Vereadores/as e Prefeitos/as dos Partidos Políticos Populares, alguns caminhos que vocês devem  percorrer no cumprimento de seu mandato.  


1.  ANUNCIEM com seu testemunho de vida e com sua palavra - de maneira clara e sem ambiguidades - o Projeto de Sociedade e de Mundo pelo qual vocês lutam: um Projeto igualitário (sem classes), justo, fraterno, comunitário (socialista e comunista, no verdadeiro sentido da palavra), com condições de Vida digna para todos/as, que denomino: Projeto Social Popular (PSP).

(Por “social” - no singular ou no plural - entendo sempre: socioeconômico, sociopolítico, socioecológico ou socioambiental, sociocultural e sociorreligioso)


2.   FAÇAM do seu mandato uma Comunidade de Companheiros/as, que - coordenada por vocês - presta serviços ao Povo, desde os Pobres e com os Pobres.


3.   VALORIZEM a diversidade na unidade: nos Partidos Políticos Populares e entre eles; nas Organizações Sociais Populares e entre elas; nas CEBs e Pastorais Sociais e entre elas. Todas essas Entidades Populares estão comprometidas com a construção do Projeto Social Popular (PSP): um Brasil Novo e um Mundo Novo acontecendo. “Trabalhador/a unido/a (e organizado/a) jamais será vencido/a”.


A diversidade na unidade se revela nas diferenças e divergências que - às vezes - há entre os Companheiros/as dessas Entidades Populares: na leitura - analise e interpretação - da realidade; na definição dos passos que podem e devem ser dados para transformá-la; e na disputa - que é legítima - por “serviços” (funções) em suas Entidades Populares.


A diversidade (diferenças e divergências) entre os/as que lutam pelo mesmo ideal, fortalece a caminhada.


4.    LUTEM - unidos/as e organizados/as - pelo Projeto Social Popular (PSP), fazendo Aliança entre os Partidos Políticos Populares; com as Organizações Sociais Populares (Movimentos Populares, Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras, Coletivos de Mulheres, Entidades de Estudantes, Comitês ou Fóruns de Direitos Humanos e de Cuidado para com a Irmã Mãe Terra Nossa Casa Comum, Comissões de Justiça e Paz e outras); com as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e com as Pastorais Sociais (Pastoral da Terra, Pastoral da Moradia, Pastoral da Saúde, Pastoral Operária, Pastoral Carcerária, Pastoral do Migrante, Pastoral do Povo da Rua e outras).


Essa Aliança lembra a todos/as que os Partidos Políticos Populares, as Organizações Sociais Populares, as CEBs e as Pastorais Sociais têm lado - o lado dos Pobres - e que suas lutas, por mudanças estruturais, conjunturais e pessoais, acontecem sempre desde os Pobres e com os Pobres. O maior exemplo disso é Jesus de Nazaré.


Os Partidos Políticos Populares, porém, nunca devem fazer Aliança (palavra que significa “Comunhão de Projetos) com os Partidos Políticos Conservadores (chamados “de direita”) que defendem a manutenção e o fortalecimento do Projeto Capitalista Neoliberal: um Projeto totalmente irracional, desumano, antiético e anticristão, que “exclui, degrada e mata” (Papa Francisco). É uma questão de coerência humana e ética.


Para nós, os Políticos desses Partidos não são somente adversários (que podemos ter também dentro dos nossos Partidos), mas inimigos. O errado - desumano e antiético - não é ter inimigos, mas odiar os inimigos. Nós temos inimigos, mas - seguindo o ensinamento de Jesus - amamos os inimigos e pedimos a Deus por eles para que mudem de vida. A única maneira, porém, de amar os inimigos (os opressores) é - como lembra Paulo Freire - lutar contra o Projeto de Vida deles.


Com os Partidos Políticos Conservadores, que defendem o Projeto Capitalista Neoliberal, só podem ser feitos Acordos pontuais em casos especiais e para resolver questões sociais emergenciais (que não podem esperar mudanças estruturais: um novo de Projeto Social).


5. RETOMEM - em seus Partidos Políticos Populares - o Trabalho de Base entre os Trabalhadores/as da cidade e do campo, formando Grupos de Pessoas interessadas em refletir crítica e comunitariamente sobre a Política Partidária Popular e - libertando-se da dominação ideológica dos Opressores - participar dela ou colaborar com ela conscientemente. Precisamos muito disso!


Os/as que nos comprometemos - de uma forma ou de outra - com a Política Partidária Popular, somos ainda uma minoria. Basta lembrar - por exemplo - que nas últimas Eleições Municipais, os Partidos Políticos Populares elegeram somente 749 Prefeitos, enquanto os Partidos Políticos Conservadores elegeram 4.511 Prefeitos (TSE).

A luta continua! Esperançar é preciso! A vitória é e será nossa! Abraços!

"Continuem a combater a economia criminosa com a economia popular”

(Papa Francisco. Aos Movimentos Populares, Roma, 20/09/24)


Marcos Sassatelli  Frade dominicano

Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)

Professor aposentado de Filosofia da UFG

E-mail: mpsassatelli@uol.com.br - Cel. e WA: (62) 9 9979 2282

https://freimarcos.blogspot.com/ - Goiânia, 08 de novembro de 2024


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