Em São Paulo, “um dia após
participar da manifestação na Avenida Paulista, promovida pelo ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) em favor da anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos
de 8 de janeiro de 2023, o governador Ronaldo Caiado (UB) classificou
nesta segunda-feira (7), a medida como um ato humanitário, de significado
maior, em decorrência das penas, que extrapolam aquilo que a população também
entende como parâmetro em outros casos” (O Popular, 8 de abril de 2025). O
governador Ronaldo Caiado é muito cara-de-pau!
21 anos de ditadura civil
- militar (1964-1985)
marcados:
- pela suspensão dos direitos democráticos;
- pela violação sistemática de todos os direitos humanos e
- pela repressão mais cruel, perversa e diabólica possível (massacres, torturas, mortes).
Declarar publicamente - como
fez Ronaldo Caiado - que a anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos
de 8 de janeiro/23 é “um ato humanitário”, significa debochar de todos e
todas nós. È um absurdo! É inadmissível!
Somente três breves relatos
- entre muitos, feitos à Comissão Nacional da Verdade por brasileiros e
brasileiras que caíram nas garras da ditadura - são suficientes para nos
mostrar o que ela foi:
- Dirce Machado da Silva, agricultora do Norte de Goiás filiada
ao Partido Comunista Brasileiro, conta o que os militares fizeram com seu
marido para obrigá-la a delatar seus companheiros:
“Quebraram o nariz do
Ribeiro com soco, arrastaram pelos pés e penduraram em uma árvore de cabeça
para baixo, o sangue pelo nariz escorrendo. Se eu não falasse o que eles
queriam ouvir, iriam matar o Ribeiro enforcado".
- Izabel Fávero, professora e militante da organização
Vanguarda Armada Revolucionária (VAR), conta que foi torturada em casa, na
cidade de Nova Aurora, no Paraná, junto com seu marido:
"Batiam na gente com
toalhas molhadas, tinham um alicate e beliscavam a gente no corpo, eles levaram
meu marido e o jogaram no córrego que tinha ao lado de casa, deram choques
elétricos, dentro do córrego. Ele ficou com traumas o resto da vida, ele teve
problemas urinários e teve que tratar a vida toda".
- Robeni Baptista da Costa, que era estudante secundarista e
militante da União Nacional dos Estudantes (UNE):
"Eu fui para a cadeira
do dragão (aparelho de tortura) em que os caras jogaram água e me deram um
choque na vagina, no seio, o pior foi na orelha, porque a impressão que dá é
que jogaram o cérebro da gente no liquidificador, sabe?".
Depoimentos como esses revelam
uma perversidade diabólica e desmentem também o trecho do texto, assinado (no
dia 01 de abril/22) pelos então Ministro da Defesa Braga Neto e Comandantes das
Forças Armadas, segundo o qual "nos anos seguintes ao dia 31 de março de
1964, a sociedade brasileira conduziu um período de estabilização, de
segurança, de crescimento econômico e de amadurecimento político, que resultou
no restabelecimento da paz no País".
Rebatem ainda as palavras do
então vice-presidente Hamilton Mourão, para quem em 1964 "a nação salvou a
si mesma". Que salvação é essa, que prende, tortura e mata os que
discordam do regime!
Para completar, o então
presidente Jair Bolsonaro, entre outras idiotices, disse que sem a ditadura o
Brasil seria "uma republiqueta". Que mentira! Para Bolsonaro “uma
mentira a mais ou a menos não faz a menor diferença” (https://noticias.uol.com.br/colunas/chico-alves/2022/04/01/elogios-a-ditadura-anteciparam-o-dia-da-mentira.htm).
Governador Ronaldo Caiado,
como o senhor - em sã consciência - pode afirmar que a anistia dada aos que
tramaram a volta à ditadura é “um ato humanitário”? É muita hipocrisia! O
senhor deve achar que o povo é idiota!
Como podem existir pessoas
que ainda querem a volta da ditadura! Anistia nunca!
Respeitando seus direitos de
pessoas humanas (o que a ditadura não fez), os responsáveis pelos atos antidemocráticos
de 8 de janeiro/23 e tentativa de golpe devem ser presos e punidos. Terão,
assim, tempo para refletir e - quem sabe - mudar de vida! Esperançar é preciso.
Feliz Páscoa!
Goiânia, 11 de abril
de 2025
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