Com suas lutas, os trabalhadores e trabalhadoras têm desempenhado - ao longo da história - papel fundamental na construção de sociedades mais justas, igualitárias e democráticas. Toda conquista representa não somente uma vitória particular de uma categoria de trabalhadores e trabalhadoras, mas - também e sobretudo - um passo importantíssimo em direção à valorização do trabalho e ao respeito dos direitos humanos.
Em julho de 2015, dirigindo-se aos participantes dos Movimentos Populares, o Papa Francisco declarou: “Atrevo-me a dizer que o futuro da humanidade está, em grande medida, nas mãos de vocês, na capacidade de vocês se organizarem e promoverem alternativas criativas na busca diária dos ‘3 T’ (terra, teto, trabalho), e na participação de vocês como protagonistas nos grandes processos de mudança, regionais, nacionais e mundiais” (2º Encontro Mundial dos Movimentos Populares. Santa Cruz de la Sierra - Bolívia, 09/07/15).
As principais conquistas históricas dos trabalhadores e trabalhadoras são: a Jornada de trabalho regulamentada, o direito ao descanso semanal remunerado, a licença maternidade e paternidade, a garantia de salário-mínimo, a proteção contra demissão arbitrária e o direito à sindicalização. Elas foram alcançadas por meio de negociações, mobilizações sociais, greves e enfrentando resistências e desafios. Cada avanço reforça a importância de manter a luta e o engajamento por direitos e melhores condições de trabalho.
As vitórias dos trabalhadores e trabalhadoras vão além de aumentos salariais e melhorias nas condições de trabalho. Elas envolvem reconhecimento, dignidade, inclusão e oportunidades para todos e todas. É resultado de organização, mobilização e diálogo dos trabalhadores e das trabalhadoras.
Nos últimos anos, o mundo do trabalho passou por grandes transformações: a digitalização, o trabalho remoto, e o surgimento de novas formas de contratação.
Essas mudanças trazem benefícios, mas apresentam também desafios, como a precarização, a informalidade e a necessidade de adaptação das leis trabalhistas.
Os trabalhadores e as trabalhadoras continuam mobilizados, buscando garantir que seus direitos sejam preservados e que novas conquistas sejam alcançadas, levando em conta as demandas específicas de grupos historicamente marginalizados, como mulheres, pessoas negras, pessoas com deficiência e comunidade LGBTQIA+.
Os Sindicatos continuam sendo protagonistas na defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, promovendo negociações coletivas, campanhas de conscientização e apoio jurídico.
Paralelamente, a sociedade civil, por meio de ONGs, Movimentos Sociais Populares e Redes de apoio contribuem para ampliar o alcance dessas conquistas.
Depois de muitas lutas e mobilizações, os trabalhadores e trabalhadoras tiveram mais uma vitória histórica. Pela pressão popular, no dia 1º deste mês de outubro, a Câmara dos Deputados aprovou, por unanimidade (493 votos favoráveis), o Projeto de Lei (PL) 1.087/2025 que isenta de Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil (mais de 10 milhões de brasileiros/as) e institui cobrança adicional para pessoas com rendimento acima de R$ 800 mil ao ano (cf. Agência Câmara de Notícias).
Por fim, permito-me uma reflexão, que considero fundamental:
Não podemos esquecer das reais ambiguidades do Projeto Social Capitalista Neoliberal ou Ultraneoliberal. Ele é um Projeto Social (socioeconômico-sociopolítico-socioecológico-sociocultural-socioreligioso) estruturalmente desumano, injusto, antiético e - mais ainda - anticristão. Na Teologia Moral da Libertação, o Projeto Social Capitalista é o “pecado estrutural”.
Nesse Projeto Social, a democracia formal existe para todos e todas (o que não acontece num regime ditatorial), mas a democracia real existe só para a minoria que detém o poder econômico. Exemplo: a moradia é um direito formal para todos/as, mas um direito real somente para a minoria.
Por isso, os trabalhadores e trabalhadoras - com seus aliados e aliadas - nos Sindicatos e nos Movimentos Sociais Populares devem ter sempre duas frentes de luta.
Na primeira (mais imediata), devem lutar - unidos e organizados (mesmo com suas diferenças e divergências) - para conseguir novas vitórias no Projeto Social Capitalista, aproveitando a democracia formal, mas tendo consciência de sua ambiguidade: de um lado, essas vitórias melhoram a vida dos trabalhadores e das trabalhadoras; de outro lado, servem para fortalecer o Projeto Social Capitalista (evitando protestos e greves).
Na segunda frente de luta, os Trabalhadores e Trabalhadoras - com seus aliados e aliadas - devem abrir caminhos novos que levem a superar (ou, derrubar) o Projeto Social Capitalista e a implantar o Projeto Social Popular (comunitário e sem classes ou socialista e comunista no verdadeiro sentido das palavras).
“A misericórdia (que é o amor acontecendo) sempre será necessária, mas não deve contribuir para criar círculos viciosos que sejam funcionais para um Sistema econômico iníquo. Requer-se que as obras de misericórdia sejam acompanhadas pela busca de verdadeira justiça social, que vá elevando o nível de vida dos cidadãos, promovendo-os como sujeitos de seu próprio desenvolvimento” (Documento de Aparecida - DA 385).
Mesmo no Projeto Social Capitalista - a classe produtora é a dos Trabalhadores/as e não a dos Proprietários/as (como se costuma dizer). Unidos/as e organizados/as continuemos a luta, Jesus de Nazaré está do nosso lado. "Continuem a combater a economia criminosa com a economia popular. Não desistam...” (https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2024-09/papa-movimentos-populares-sao-calisto-justica-social-amor.html).
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