No dia 15 deste mês de
agosto/24, a partir das 17h, no Centro de Goiânia (Avenida Independência com
Avenida Goiás), “onde há a maior concentração de pessoas em situação de vulnerabilidade”
(Giovanna Campos. Jornal Opção, 15 de agosto/24, 19:40h), foi realizado um Ato
Público:
- Contra as ações higienistas - como a de 06 de agosto, no período noturno (reparem o requinte da perversidade: no período noturno) - da Prefeitura de Goiânia, com o apóio da Policia Militar do Estado de Goiás, verdadeiras “práticas de ‘limpeza social’ que têm agravado a vulnerabilidade de pessoas que já enfrentam condições extremas” (Ib.).
E, ao
mesmo tempo:
- Pelo Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua (19 de agosto).
“Um grupo de aproximadamente
20 Pessoas em Situação de Rua, que estava presente na intervenção, disse à
reportagem que todos/as tiveram seus pertences jogados no lixo pela Secretaria
Municipal de Desenvolvimento Humano e Social (SEDHS) na última terça-feira, dia
6. Um deles, inclusive, não conseguia se levantar porque diz ter sido atingido
com spray de pimenta e bala de borracha” (Ib.).
Mesmo não podendo estar
fisicamente presente, devido a um compromisso – assumido anteriormente na
Paróquia Nossa Senhora da Terra (Jardim Curitiba III) - o Ato teve e tem o
meu total apoio. Reafirmo:
- Toda “expulsão” de Moradores em Situação de Rua é injusta, desumana, antiética, anticristã e de uma iniquidade diabólica. Se for realizada com a liminar de juiz - o é mais ainda, porque se torna uma “expulsão legalizada e institucionalizada”.
- O mesmo - como já disse outras vezes - vale para todo “despejo” de Moradores/as de Ocupações urbanas e rurais.
Pessoa
humana não se “expulsa” e não se “despeja” como se fosse lixo, degradável
ou reciclável, que deve ser removido. Aliás - diga-se de passagem - ao menos o
lixo reciclável é mais bem tratado que os Moradores em Situação de Rua ou os
Moradores das Ocupações.
Eduardo
Matos, da Coordenação do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR) de Goiás
e um dos organizadores do evento, afirmou: “Estamos nos posicionando contra uma
Política que trata Seres humanos como problemas a serem eliminados, e não como
cidadãos que precisam de apoio e inclusão”. E ainda: “Essa intervenção é um
grito por justiça, por dignidade e por políticas públicas que
verdadeiramente acolham e respeitem quem mais precisa” (Ib.).
“A
intervenção contou com a presença de Pessoas em Situação de Rua, Ativistas, Movimentos
Sociais Populares e Cidadãos/ãs que defendem os Direitos Humanos e a Dignidade
de todos os Moradores da cidade. Estiveram presentes o Vereador Fabrício Rosa
(PT) e a Presidente estadual do PSOL, Cíntia Dias. Além da cavalaria da Polícia
Militar (PM), havia cerca de 7 viaturas e 3 carros da Secretaria Municipal de
Mobilidade (SMM)” (Ib.).
Goiânia
- calcula-se hoje - ultrapassa 4 mil Pessoas em Situação de Rua.
O
Vereador Fabrício Rosa (PT) denunciou: “Os pertences, as roupas, os documentos
das Pessoas em Situação de Rua foram roubados pelo Prefeito Rogério Cruz e pela
Prefeitura de Goiânia, que é incapaz de criar uma casa de acolhida. Cada roupa,
cada mala, cada documento, investimento de trabalho, foi desrespeitado.
Precisamos tratar a dor das pessoas como se fosse nossa” (Ib.).
Tem
razão o Papa Francisco quando afirma que hoje os Pobres não são excluídos
(somente), mas descartados. O Sistema Capitalista Neoliberal (ou Ultraneoliberal),
adorador do “deus dinheiro” é de uma iniquidade estrutural diabólica.
Por
fim, a manifestação foi “um apelo à sociedade goianiense para que se una em
defesa dos Direitos de Todos/as, exigindo que a Prefeitura de Goiânia cesse as
ações repressivas e adote medidas inclusivas e humanitárias” (Ib.).
Esperançar
é preciso! Um “Mundo Novo” é possível! A luta continua!
Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)
Professor aposentado de Filosofia (sobretudo de Ética) da UFG
E-mail: mpsassatelli@uol.com.br
Goiânia, 18 de agosto
de 2024
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