sábado, 20 de dezembro de 2025

“Achamos este homem fazendo subversão entre o nosso povo” (Lc 23, 2)



A acusação - que levou Jesus de Nazaré, o Salvador do mundo, a ser preso e a morrer na Cruz por amor a todos e todas nós, desde os pobres, marginalizados, oprimidos, excluídos e descartados - foi essa: “Achamos este homem fazendo subversão entre o nosso povo” (Lc 23, 2).

Jesus ressuscitou, está vivo e caminha conosco. “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome (por minha causa), eu estou aí no meio deles” (Mt 18, 20). E ainda: “Eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20).

Hoje, muitos cristãos e cristãs, que - como discípulos missionários e discípulas missionárias de Jesus de Nazaré continuam sua missão no mundo - são chamados e chamadas de “subversivos e subversivas”. Lembremos, por exemplo, os mártires do Brasil e da América Latina, como Pe. Josimo Tavares, Margarida Alves, Dom Oscar Romero e muitos outros.

O pior e o que mais dói é quando essas acusações são da própria Igreja Instituição e daqueles que - pelo ministério que exercem - deveriam ser verdadeiros irmãos e animadores das Comunidades cristãs.

A tomada de posição de Dom Odilo Scherer, Arcebispo de São Paulo, no Brasil, a respeito do Pe. Júlio Lancellotti - é uma grave violação dos Direitos Humanos e um comportamento totalmente antievangélico.

O caso repercutiu negativamente no Brasil, na América Latina e no mundo. É lamentável! Que Igreja é essa! Certamente não é a Igreja que Jesus sonhou e quis!

Faço minhas as palavras dos teólogos Leonardo Boff e Fernado Altemeyer Junior:

“Nos últimos dias, fomos surpreendidos por um fato que nos deixou estarrecidos: o Padre Júlio Lancellotti, o Cura d’Ars dos pobres e de gente de rua, que já há 40 anos cuida com ternura e amorosidade de centenas da população de rua, dando-lhes o pão, o abrigo, a biblioteca, a escola e tantas obras de genuína misericórdia bíblica, foi-lhe imposta, de repente, a proibição de transmitir pela mídia sua Missa dominical. Frequentavam a Missa, bem no sentido tradicional, portanto, livre de qualquer censura canônica, pessoas de sua Paróquia de São Miguel Arcângelo, gente de toda a cidade de São Paulo, gente vinda de todos os Estados da Federação, Missa seguida até no estrangeiro, na América Latina e na Europa. Não só. Foi-lhe vedado o acesso à mídia virtual na qual era frequente com sua presença profética e profunda sabedoria. Irradiava bondade e esperança. Sempre terminava com estas palavras-geradoras: Força! Coragem! Ninguém desanime!”.

(https://www.ihu.unisinos.br/661394-pe-julio-lancelllotti-um-justo-entre-as-nacoes-perseguido-artigo-de-leonardo-boff-e-fernando-altemeyer-jr).

Infelizmente, a posição de Dom Odilo Scherer, Arcebispo de São Paulo, é - ao menos nesse caso - a mesma dos Políticos que defendem uma sociedade estruturalmente injusta, desigual e que - por abominarem a população em situação de rua - perseguem e caluniam o Pe. Júlio Lancellotti.

Pe. Júlio, estamos com você. Apreciamos sua Nota Pública, mas temos consciência do profundo sofrimento seu, dos nossos irmãos e irmãs, moradores em situação de rua e dos pobres em geral. Desejamo-lhes um Natal de muita esperança e um Ano Novo de muitas vitórias.

Por fim, um Feliz Natal e um Feliz Ano Novo aos nossos leitores e leitoras.




Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)   
Professor aposentado de Filosofia da UFG
E-mail: mpsassatelli@uol.com.br - Cel. e WA: (62) 9 9979 2282  

Goiânia, 18 de dezembro de 2025












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