segunda-feira, 5 de maio de 2025

1º de Maio unificado



Dia do Trabalhador e da Trabalhadora

No Dia do Trabalhador e da Trabalhadora deste ano de 2025 - nas capitais e em muitas outras cdades do Brasil - aconteceu mais uma vez o “1º de Maio Unificado”: um grande Encontro de Trabalhadores e Trabalhadoras dos Sindicatos, Centrais Sindicais, Partidos Políticos Populares, Movimentos Socioambientais Populares. Organizações de Mulheres, Entidades de Estudantes, Fóruns de Direitos Humanos, Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), Pastorais Socioambientais e outros Grupos Populares organizados.

Mesmo com suas diferenças e divergências, esses Movimentos e essas Organizações Populares têm o mesmo lado, que é o lado do Povo, ou seja, dos pobres, oprimidos, marginalizados e descartados pelo Sistema Social (socioeconômico-político-ecológico-cultural e religioso) do Brasil e do mundo, que é o Sistema Capitalista Neoliberal, totalmente irracional, desumano e antiético: um Sistema “insuportável”, que “exclui, degrada e mata” (como dizia Papa Francisco).

Em todo o Brasil, nos Encontros do 1º de Maio Unificado, houve uma boa participação de Trabalhadores e Trabalhadoras, Políticos dos Partidos Populares e muitos outros Companheiros e Companheiras. Em Goiânia, o 1º de Maio Unificado (do qual participei) aconteceu na Praça do Trabalhador (a partir das 8h), com músicas e sorteios, num clima de muita união. Teve a participação de cerca 3 mil pessoas. Parabéns aos Organizadores e Organizadoras!

Neste ano, nos Encontros do 1º de Maio Unificado, os Trabalhadores e Trabalhadoras destacaram - entre outras - as seguintes bandeiras de luta:

  • Pelo fim da escala 6x1: um regime de trabalho no qual o empregado e a empregada executam suas funções por seis dias consecutivos (44 horas semanais) e descansam no sétimo (Consolidação das Leis do Trabalho - CLT). Trata-se de um regime que - por refletir a lógica do Capitalismo, cujos objetivos principais são a produtividade e o lucro - compromete a qualidade de vida dos trabalhadores e das trabalhadoras. 
  • Defesa da democracia (democracia popular).
  • Saúde do trabalhador e da trabalhadora.
  • Isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil.
  • Taxação dos super-ricos.

São bandeiras de luta necessárias e urgentes, mas os trabalhadores e as trabalhadoras, os políticos populares e todas as pessoas que lutamos por uma sociedade e um mundo estruturalmente novos - de igualdade, de justiça e de vida digna para todos e todas - não podemos esquecer da ambiguidade dessas lutas, da qual precisamos tomar consciência para enfrentá-la e superá-la.

No Sistema Capitalista Neoliberal, todas as lutas acima lembradas e outras são necessárias para “humanizar” com urgência casos e situações concretas de desigualdade, de injustiça e de falta de vida digna, que não podem esperar a mudança de estruturas. Essas lutas, porém, servem também - aqui está sua ambiguidade - para “legitimar” um Sistema Social estruturalmente iniquo e perverso, que mantêm os trabalhadores e as trabalhadoras submissos, evitando protestos e greves.

Mesmo com essa ambiguidade, todas as lutas específicas devem fortalecer (e não arrefecer) a nossa luta maior e permanente para derrotar e superar o próprio Sistema Capitalista Neoliberal: a causa principal desses casos concretos de falta de condições para uma vida minimamente digna e dessas situações totalmente desumanas.

Fiquemos alerta e não nos iludamos! Os trabalhadores e as trabalhadoras, todos e todas nós devemos ter consciência dessa ambiguidade e enfrentá-la com firmeza.

Por fim, os Partidos Políticos Populares (Partidos de esquerda), os Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadores, as Centrais Sindicais, os Movimentos Socioambientais Populares, as CEBs, as Pastorais Socioambientais e todas as Organizações ou Grupos Populares, devem ter consciência de três realidades fundamentais.

  • Primeira: os que apoiam e defendem o Projeto Social (socioeconômico-político-ecológico-cultural e religioso) Capitalista Neoliberal não são somente nossos adversários, mas nossos inimigos. Adversários são aqueles ou aquelas que - mesmo defendendo o mesmo Projeto Social - têm diferenças e divergências a respeito da leitura (análise e interpretação) da realidade e dos passos que podem e devem ser dados para fazer o Novo Projeto Social acontecer.

O errado não é ter inimigos, mas odiar os inimigos. Como diz Jesus de Nazaré, todos e todas nós como seres humanos - e, mais ainda, se formos cristãos e cristãs - devemos amar os inimigos.

Paulo Freire nos ensina que a única maneira de amar os inimigos (os opressores) é lutar contra o projeto de vida deles e delas. Com isso, quem sabe, mudem de vida, como fez Zaqueu ao se encontrar com Jesus.

  • Segunda: na prática político-partidária, sindical e popular deve ficar sempre claro qual o Projeto Social que temos e defendemos.
  • Terceira: com aqueles e aquelas que têm e defendem um Projeto Social totalmente diferente e oposto ao nosso, não podemos fazer “aliança”, palavra que significa “comunhão de Projetos”, mas somente “acordos pontuais”, em casos e situações especiais. Nada de hipocrisia!

Povo unido e organizado, jamais será vencido! A nossa luta continua!


Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)   
Professor aposentado de Filosofia da UFG
E-mail: mpsassatelli@uol.com.br - Cel. e WA: (62) 9 9979 2282 

https://freimarcos.blogspot.com/ - Goiânia, 04 de maio de 2025

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A palavra do Frei Marcos: uma palavra crítica que - a partir de fatos concretos e na escuta dos sinais dos tempos aponta caminhos novos