Dia do Trabalhador e da Trabalhadora
No
Dia do Trabalhador e da Trabalhadora deste ano de 2025 - nas capitais e em
muitas outras cdades do Brasil - aconteceu mais uma vez o “1º de Maio
Unificado”: um grande Encontro de Trabalhadores e Trabalhadoras dos
Sindicatos, Centrais Sindicais, Partidos Políticos Populares, Movimentos Socioambientais
Populares. Organizações de Mulheres, Entidades de Estudantes, Fóruns de
Direitos Humanos, Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), Pastorais Socioambientais
e outros Grupos Populares organizados.
Mesmo
com suas diferenças e divergências, esses Movimentos e essas Organizações
Populares têm o mesmo lado, que é o lado do Povo, ou seja, dos pobres,
oprimidos, marginalizados e descartados pelo Sistema Social (socioeconômico-político-ecológico-cultural
e religioso) do Brasil e do mundo, que é o Sistema Capitalista Neoliberal, totalmente
irracional, desumano e antiético: um Sistema “insuportável”, que “exclui,
degrada e mata” (como dizia Papa Francisco).
Em
todo o Brasil, nos Encontros do 1º de Maio Unificado, houve uma boa
participação de Trabalhadores e Trabalhadoras, Políticos dos Partidos Populares
e muitos outros Companheiros e Companheiras. Em Goiânia, o 1º de Maio Unificado
(do qual participei) aconteceu na Praça do Trabalhador (a partir das 8h), com
músicas e sorteios, num clima de muita união. Teve a participação de cerca 3
mil pessoas. Parabéns aos Organizadores e Organizadoras!
Neste
ano, nos Encontros do 1º de Maio Unificado, os Trabalhadores e Trabalhadoras destacaram
- entre outras - as seguintes bandeiras de luta:
- Pelo
fim da escala 6x1: um regime de trabalho no qual o empregado e a
empregada executam suas funções por seis dias consecutivos (44 horas semanais)
e descansam no sétimo (Consolidação das Leis do Trabalho - CLT). Trata-se de um
regime que - por refletir a lógica do Capitalismo, cujos objetivos principais
são a produtividade e o lucro - compromete a qualidade de vida dos trabalhadores
e das trabalhadoras.
- Defesa
da democracia (democracia popular).
- Saúde
do trabalhador e da trabalhadora.
- Isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil.
- Taxação
dos super-ricos.
São
bandeiras de luta necessárias e urgentes, mas os trabalhadores e as trabalhadoras,
os políticos populares e todas as pessoas que lutamos por uma sociedade e um
mundo estruturalmente novos - de igualdade, de justiça e de vida digna para todos
e todas - não podemos esquecer da ambiguidade dessas lutas, da qual
precisamos tomar consciência para enfrentá-la e superá-la.
No
Sistema Capitalista Neoliberal, todas as lutas acima lembradas e outras são necessárias
para “humanizar” com urgência casos e situações concretas de desigualdade, de
injustiça e de falta de vida digna, que não podem esperar a mudança de
estruturas. Essas lutas, porém, servem também - aqui está sua ambiguidade - para
“legitimar” um Sistema Social estruturalmente iniquo e perverso, que mantêm os
trabalhadores e as trabalhadoras submissos, evitando protestos e greves.
Mesmo
com essa ambiguidade, todas as lutas específicas devem fortalecer (e não
arrefecer) a nossa luta maior e permanente para derrotar e superar o próprio Sistema
Capitalista Neoliberal: a causa principal desses casos concretos de falta de
condições para uma vida minimamente digna e dessas situações totalmente desumanas.
Fiquemos
alerta e não nos iludamos! Os trabalhadores e as trabalhadoras, todos e todas
nós devemos ter consciência dessa ambiguidade e enfrentá-la com firmeza.
Por
fim, os Partidos Políticos Populares (Partidos de esquerda), os Sindicatos de Trabalhadores
e Trabalhadores, as Centrais Sindicais, os Movimentos Socioambientais Populares,
as CEBs, as Pastorais Socioambientais e todas as Organizações ou Grupos Populares,
devem ter consciência de três realidades fundamentais.
- Primeira: os que apoiam e defendem o Projeto Social (socioeconômico-político-ecológico-cultural e religioso) Capitalista Neoliberal não são somente nossos adversários, mas nossos inimigos. Adversários são aqueles ou aquelas que - mesmo defendendo o mesmo Projeto Social - têm diferenças e divergências a respeito da leitura (análise e interpretação) da realidade e dos passos que podem e devem ser dados para fazer o Novo Projeto Social acontecer.
O errado não é ter inimigos, mas odiar os inimigos. Como diz Jesus de Nazaré, todos e todas nós como seres humanos - e, mais ainda, se formos cristãos e cristãs - devemos amar os inimigos.
Paulo Freire nos ensina que a única maneira de amar os inimigos (os opressores) é lutar contra o projeto de vida deles e delas. Com isso, quem sabe, mudem de vida, como fez Zaqueu ao se encontrar com Jesus.
- Segunda: na
prática político-partidária, sindical e popular deve ficar sempre claro qual o Projeto
Social que temos e defendemos.
- Terceira: com
aqueles e aquelas que têm e defendem um Projeto Social totalmente
diferente e oposto ao nosso, não podemos fazer “aliança”, palavra que
significa “comunhão de Projetos”, mas somente “acordos pontuais”,
em casos e situações especiais. Nada de hipocrisia!
Povo
unido e organizado, jamais será vencido! A nossa luta continua!
Marcos
Sassatelli, Frade dominicanoDoutor em
Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP) Professor
aposentado de Filosofia da UFGE-mail: mpsassatelli@uol.com.br - Cel. e WA: (62) 9 9979 2282
https://freimarcos.blogspot.com/ - Goiânia, 04 de maio de 2025
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