No dia 2 deste mês de julho - na derrubada das casas na Comunidade da Ocupação do Setor Estrela Dalva, Região Noroeste de Goiânia - o prefeito Sandro Mabel foi de uma covardia, crueldade e perversidade diabólicas. Os moradores construíram - e ainda estavam construindo - suas casinhas com material, comprado quase sempre à prestação e com dinheiro tirado da própria alimentação.
Que desumanidade! O senhor, prefeito Sandro Mabel e seus apoiadores, foram uma prova concreta de que o demônio existe. Não dá para entender como um ser humano possa ser tão mau!
Faço agora uma advertência. Prefeito Sandro Mabel, se o senhor não pedir perdão publicamente da gravíssima imoralidade que praticou para com nossos irmãos e irmãs pobres da Ocupação do Setor Estrela Dalva e não reparar o prejuízo que causou aos seus moradores, reconstruindo suas casas, brutalmente demolidas e quitando, se necessário, suas prestações do material de construção com o seu próprio dinheiro (e não o dinheiro da Prefeitura), lembre-se:
- pagará muito mais caro diante de Deus;
- a justiça de Deus pode tardar, mas não falha.
Aguarde! “Os caminhos de Deus são justos e verdadeiros” (Ap 15,3). “Deus ama o seu Povo e exalta os pobres com a vitória” (Sl 14,4).
“Ai de vocês, doutores da Lei e fariseus hipócritas! Vocês são como sepulcros caiados: por fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e podridão! Assim também vocês: por fora, parecem justos diante dos outros, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e injustiça. Ai de vocês, doutores da Lei e fariseus hipócritas!” (Mt 23,27-29).
Jesus, no caso do prefeito Sandro Mabel e companhia limitada, diria: “Ai de vocês fariseus hipócritas, que derrubam as moradias dos pobres e adoram o deus dinheiro!”.
Por fim, afirmo mais uma vez (nunca é demais): do ponto de vista humano, ético e cristão (radicalmente humano) “todo despejo é injusto” e, se tiver liminar da “Justiça”, é mais injusto ainda, porque se torna uma injustiça legalizada e institucionalizada. Pessoa humana não se despeja como se fosse “lixo degradável”.
E ainda: só existem três casos, nos quais os moradores e moradoras de uma Ocupação podem ser removidos e removidas com dignidade.
Primeiro: se for uma área com risco de vida para seus moradores. Nesse caso, a remoção deve ser realizada o mais rápido possível e o Poder Público tem a obrigação de pagar o aluguel social até que outras casas dignas estejam prontas para serem ocupadas.
Segundo: se for uma área de utilidade pública. Nesse caso, a remoção só pode ser realizada depois que outras casas estiverem prontas para serem ocupadas.
Terceiro: se for uma área de preservação ambiental. A remoção só pode ser feita como no caso anterior.
Todo terreno abandonado para especulação imobiliária (dos adoradores do deus dinheiro) não só pode, mas deve ser ocupado pelas pessoas que não têm moradia digna: direito humano fundamental de todos e de todas.
Como cristão, eu também sou Igreja (Comunidade dos seguidores e seguidoras de Jesus de Nazaré) e não posso ficar calado. O silêncio é um grave pecado de omissão. O meu lado é o lado de Jesus de Nazaré: o lado dos pobres, dos marginalizados, dos explorados, dos excluídos e dos descartados: os e as que - nessa sociedade capitalista, estruturalmente irracional, desumana, antiética e anticristã - não têm voz e não têm vez.
Reafirmo: senhor prefeito, Sandro Mabel, aguarde a justiça de Deus!
A luta continua e a esperança nunca morre...
Marcos Sassatelli, Frade dominicanoDoutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP) Professor aposentado de Filosofia da UFGE-mail: mpsassatelli@uol.com.br - Cel. e WA: (62) 9 9979 2282
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