segunda-feira, 2 de julho de 2012

Em apoio às Instituições Federais de Ensino em greve

As Instituições Federais de Ensino (IFE) marcaram presença na Rio+20 com a distribuição de um “Manifesto à População” (traduzido também em inglês, francês e espanhol) e na Cúpula dos Povos com uma tenda montada pela Regional RJ do Andes-SN e uma grande coluna no Ato Público do evento, junto aos demais servidores públicos federais. O Manifesto começa dizendo: “A defesa do ensino público, gratuito e de qualidade expressa uma exigência da população bra¬sileira, que há tempos clama por serviços públicos de qualidade e é também parte essencial da história dos movimentos sociais (populares) ligados à educação. Vale lembrar que educação, saúde, segurança, transporte, entre outros, são direitos de todos e dever do Estado”. Continua, pois, o Manifesto, dando as razões da greve. “Nas últimas semanas, professores, técnico-administrativos e estudantes das Instituições Fed¬erais de Ensino voltaram às ruas para cobrar dos governantes que cumpram seu papel e dediquem atenção, de fato, às reais demandas sociais. Os trabalhadores da educação federal e estudantes estão em greve, porque estão conscientes de que é imprescindível lutar em defesa das Instituições Federais de Ensino. As negociações com o governo não avançam. No entanto, crescem a degradação das condições de trabalho, ensino e a dete¬rioração da infraestrutura oferecida nas Universidades, Institutos e Centros tecnológicos federais”. Depois, a respeito da expansão do ensino superior, o Manifesto afirma: “Os professores, técnicos e estudantes defendem sim uma expansão, desde que exista qualidade. Não adianta criar novas Instituições sem oferecer as condições satisfatórias para que elas funcionem. A realidade vivenciada pelos professores, técnicos e estudantes é muito diferente do que di¬vulga a propaganda oficial do governo federal. A cada começo de ano fica mais evidente a precarie¬dade de várias Instituições federais de ensino, principalmente naquelas em que ocorreu a expansão via Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais). Faltam salas de aula, laboratórios, restaurantes estudantis, bibliotecas, banheiros, saneamento básico e, em alguns lugares, até papel higiênico. Ninguém deveria ser submetido a trabalhar, a ensinar e aprender num ambiente assim”. O Manifesto destaca também a importância de um plano de carreira (um dos motivos principais da greve), que realmente valorize os professores e os técnicos. “Além disso, é necessário também oferecer um plano de carreira, que valorize os professores e técnicos e os incentivem a dedicar suas vidas a essas Instituições, à construção do conhecimento, aos projetos de pesquisa e de extensão. Só assim, é possível oferecer educação com a qualidade que a população brasileira merece”. O Manifesto constata ainda o descaso do governo federal para com a educação pública. “No entanto, o governo federal vira as costas para os argumentos e propostas dos servidores públicos e usa seguidamente o discurso da crise financeira internacional como justificativa para não atender às reivindicações que são apresentadas pelos movimentos sociais (populares) em defesa da educação”. Enfim, o Manifesto conclui afirmando: “Não faltam recursos, o que falta é vontade política dos governantes. A verdadeira crise bra¬sileira não é a crise financeira, mas sim ausência de políticas públicas que atendam as necessidades da população. Priorizar a destinação dos recursos públicos na lógica do setor empresarial financeirizado, como o governo tem feito, causa impactos cada vez mais negativos nos serviços públicos. Os professores, técnico-administrativos e estudantes estão nas ruas para dar um novo rumo ao ensino federal e, para isso, conclamam toda a população a fazer de 2012 um marco na história da educação brasileira” (Entidades Nacionais da Educação Federal: Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior - Andes-SN, Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Brasileiras - Fasubra e Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica - Sinasefe). È realmente repugnante constatar que, diante da greve das IFE (e de outras greves), o governo federal do Partido dos Trabalhadores (de que Trabalhadores será?) usa os mesmos argumentos dos governos anteriores, renega descaradamente tudo aquilo que sempre falou no passado e promove o processo de mercantilização da educação superior, a serviço dos interesses do grande capital. Ao contrário do que disse o ministro da Educação, Aloízio Mercadante, a greve é justa e merece o apoio de toda a sociedade. Pessoalmente, estou plenamente de acordo com o teor do “Manifesto à População” das Entidades Nacionais da Educação Federal. Como professor de filosofia aposentado da UFG, sou solidário aos professores, técnico-administrativos e estudantes das IFE em greve, dando todo meu apoio e considerando-me também em greve. É só com muita garra e com muita luta que construiremos uma “outra sociedade”, mais justa e mais humana. Diário da Manhã, Opinião Pública, Goiânia, 22/06/12, p. 08 http://www.dmdigital.com.br/novo/#!/view?e=20120622&p=28 http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=68081 Fr. Marcos Sassatelli, Frade dominicano Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP) Prof. de Filosofia da UFG aposentado Prof. na Pós-Graduação em Direitos Humanos (Comissão Dominicana Justiça e Paz do Brasil / PUC-GO) Vigário Episcopal do Vicariato Oeste da Arquidiocese de Goiânia Administrador Paroquial da Paróquia Nossa Senhora da Terra E-mail: mpsassatelli@uol.com.br

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