sexta-feira, 14 de junho de 2013

UNE: uma força jovem

De 29 de maio a 2 de junho deste ano, aconteceu em Goiânia - GO o 53º Congresso da União Nacional dos Estudantes (CONUNE). Na noite do dia 29, Daniel Iliescu, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), declarou aberto o 53º Congresso da entidade e chamou para compor a mesa, diretores da UNE, representantes do movimento estudantil, sindical, movimento dos trabalhadores sem-terra, de mulher e parlamentares.
Em seu discurso, ele salientou que o 53º Congresso era o maior encontro nos quase 76 anos de luta da UNE. “Esse Congresso - disse Daniel - tem números que deveriam nos orgulhar. Vivemos uma fase de conquistas dentro das universidades brasileiras, com importantes medidas de luta. Temos que enfrentar o analfabetismo. O Brasil precisa ser construído pelo povo brasileiro”.
O 53º Congresso teve recorde histórico, com delegados eleitos em 98% das instituições de ensino superior de todas as regiões do Brasil, envolvendo quase dois milhões de estudantes em todo processo eleitoral.
  “Tivemos - disse ainda o presidente da UNE - 1 milhão e 900 mil votantes, em 800 municípios. São números espetaculares para quem sonha em discutir política e se preparar para mais mudanças”.
“Esse Congresso - continua Daniel - expressa o momento muito positivo que o movimento estudantil vive, pois muitos tentam vender que a juventude não quer saber de política, que a juventude é alienada. Mas esse Congresso prova que não é assim. Nossa geração deve honrar as pessoas que resistiram aos governos ditatoriais. Nós temos o dever e o desafio de avançar, com disposição para vencer e conquistar nossas propostas. Nossa geração pauta o Brasil, influencia o governo. O desafio do Congresso é avançar e conquistar vitórias concretas”.
Daniel falou para uma plateia animada, que o tempo todo gritava palavras de ordem, como “a UNE somos nós, nossa força e nossa voz”. (http://ubescomunica.wordpress.com/2013/05/31/daniel-iliescu-esta-aberto-o-53o-congresso-da-une/).
Representantes de entidades, que foram parceiras na jornada de luta da juventude brasileira, fizeram sua saudação aos estudantes vindos de todos os estados brasileiros. Na abertura, falaram Valdir Misnerovicz, diretor do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST); Ailma Maria de Oliveira, representando a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB); Lúcia Ricon, representando a União Brasileira de Mulheres (UBM) e o Conselho Nacional da Mulher, Lucas Ribeiro, presidente da UEE-GO, além dos deputados Hugo Mota (PMDB/PB) e Rubens Ottoni (PT-GO) e o deputado estadual Mauro Rubem (PT). Todos reforçaram a necessidade de enfrentar os recentes retrocessos no Plano Nacional de Educação (PNE), como a decisão do Senado que retira a garantia de investir os 10% somente na educação pública.
            Durante o 53º CONUME - no qual muitos temas foram aprofundados e debatidos - os estudantes brasileiros convocaram a Jornada Nacional de Lutas 2013. As mobilizações acontecerão em agosto em todo o País, conforme calendário de eventos, previamente divulgado pela UNE.
No dia 2 de junho, na plenária final do 53º Congresso, foi eleita a nova presidenta da UNE, Virgínia Barros (ou, Vic Barros, como é conhecida), de 27 anos, por um mandato de 2 anos (2013-2015). Ela nasceu em Garanhuns (PE) - a mesma cidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - e é atualmente estudante de Letras da Universidade de São Paulo (USP).
            Desejamos à Virgínia e a toda a diretoria muita disposição e muita garra à frente da UNE, uma entidade que tem um histórico de lutas em favor dos excluídos/as de nossa sociedade.
Na mesma plenária, foram aprovadas também moções com o posicionamento da UNE a respeito de temas diversos, como a punição dos crimes da ditadura e como a criminalização do movimento estudantil, dos movimentos de trabalhadores e dos movimentos sociais populares.
“Assim, diante da Plenária Final do seu 53° Congresso Nacional, unidos e cheios de esperança, convocamos a juventude a tomar para si o seu futuro e o futuro do nosso país, e defender uma Jornada Nacional de Lutas, em agosto de 2013, onde levantaremos alto a luta pelas seguintes bandeiras consensualmente construídas:
1.   10% PIB para Educação Pública já!
2.   100% dos Royalties para Educação e 50% do Fundo Social dos pré-sal para Educação;
3.   Não aos leilões do petróleo;
4.   Democratização do acesso e da permanência na Universidade! R$2,5 bilhões para o PNAES;
5.   Cotas raciais e sociais nas Universidades Estaduais;
6.   Regulação do Ensino Privado. Fim do Capital Estrangeiro na Educação Brasileira;
7.   Mais qualidade nas Universidades Brasileiras;
8.   Curricularização da extensão universitária;
9.   Uma política macroeconomia que esteja a serviço do desenvolvimento do país! Não ao contingenciamento e cortes de verba para pagamento da divida publica;
10. Direito a Memória, Verdade e Justiça. Pela revisão da Lei de anistia e punição dos criminosos da ditadura militar;
11. Pela auditoria pública da dívida pública;
12. Democratização dos meios de comunicação;
13. Contra a criminalização do movimento estudantil e dos movimentos sociais;
14. Pelo incentivo à pesquisa de meios alternativos para captação de energia”
Como ficou evidenciado em seu 53º Congresso (sobretudo nas resoluções finais), hoje a UNE está maior do que nunca e tornou-se uma força jovem imprescindível na luta por um “outro Brasil e um outro mundo possíveis”. Mesmo com suas divergências políticas internas (o que é um valor), a UNE mostrou-se unida naquilo que é fundamental: a aliança com os movimentos populares, os sindicatos autênticos de trabalhadores e todas as organizações comprometidas com a transformação estrutural da sociedade.
Os pobres, os excluídos/as e os “descartados/as” de nossa sociedade capitalista neoliberal contam com vocês, jovens estudantes universitários, unidos e organizados. Parabéns, UNE!
  



   
            (Fr. Marcos Sassatelli, Frade dominicano,
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP),
Professor aposentado de Filosofia da UFG
Goiânia, 12 de junho de 2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A palavra do Frei Marcos: uma palavra crítica que - a partir de fatos concretos e na escuta dos sinais dos tempos aponta caminhos novos