segunda-feira, 7 de julho de 2014

Indignados, fortalecidos e esperançosos

O Trabalhadores da Educação (servidores administrativos, auxiliares de atividades educativas e professores) do Município de Goiânia estão, ao mesmo tempo, indignados, fortalecidos e esperançosos. São esses os sentimentos que definem o estado de ânimo dos Trabalhadores da Educação.          
 Em primeiro lugar, eles e elas estão indignados pelo caos em que se encontra a Educação Pública; pela traição do governo do PT, partido que sempre defendeu os direitos dos trabalhadores e que agora, no poder, tem a mesma prática política de outros governos, ou pior, usando até a mesma linguagem (parece gravação); pelo comportamento autoritário, ditatorial e arrogante do prefeito Paulo Garcia e da secretária da Educação Neide Aparecida (quem lembra da luta aguerrida e firme da secretária - quando sindicalista - na defesa dos direitos dos Trabalhadores da Educação, está abismado com a metamorfose, que foi total; quem te viu e quem te vê!); pela má vontade e pela falta de capacidade que o prefeito e a secretária têm de dialogar e negociar de iguais para com iguais, de trabalhadores para com trabalhadores; e pelo desrespeito e desdém para com a categoria dos Trabalhadores da Educação.
Cadê o chamado “jeito petista de governar”? Não deveria ser um “jeito popular” de governar? É preferível quem sempre esteve ao lado dos poderosos e contra os trabalhadores do que quem mudou de lado, traindo os seus companheiros trabalhadores. Os traidores são seres humanos mesquinhos, oportunistas, que se vendem a qualquer preço e que suscitam sentimentos de repugnância e nojo em toda pessoa que tem um mínimo de coerência.
Os Trabalhadores da Educação estão indignados também pela atitude ditatorial e fascista do presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Clécio Alves, que - diante da ocupação da Casa, que é do Povo - mandou cortar a energia elétrica e a água (até dos banheiros), mandou ligar o som da Câmara em volume alto durante a madrugada, propagando a desinformação e mandou ligar o ar condicionado para gelar os educadores: uma verdadeira tortura física e psicológica (como no tempo da ditadura civil e militar, que - parece - ainda não acabou também em Goiânia); pela covardia da maioria dos Vereadores; pela atitude ambígua e “em cima do muro” das Comissões de Direitos Humanos da Câmara Municipal e da Assembléia Legislativa (a coerência exige que os Direitos Humanos sejam defendidos sempre, mesmo quando o violador é o “meu” partido ou o “meu” governo); e pela omissão ou demora do Ministério Público do Estado de Goiás em tomar providências diante da gravidade da situação.
Em segundo lugar, os Trabalhadores da Educação estão fortalecidos pela união - cada vez maior - do Movimento de greve (a greve é um direito dos trabalhadores); pela aprendizagem na oganização e condução do Movimento; pela consciência que as reivindicações são justas; pelo idealismo de quem acredita que uma educação pública de qualidade é possível; pela resistência e perseverança na luta política; e pela solidariedade e apoio de muitos Movimentos Sociais Populares e setores organizados da sociedade civil.
Em terceiro lugar, os Trabalhadores da Educação estão esperançosos por estar convencidos que - mesmo na situação difícil em que a Educação Pública se encontra - ainda é possível abrir caminhos novos de diálogo e negociação entre o Poder Público Municipal e Trabalhadores da Educação (já existem pequenos sinais positivos, mostrando que - ao final - o bom senso irá prevalecer); por desejar - logo que a greve termine - voltar ao trabalho e cumprir sua missão de educadores e educadoras com dedicação e, sobretudo, amor.
É realmente motivo de muita alegria e de muita esperança ver tantos Trabalhadores e Trabalhadoras da Educação (mães e pais de família, moças e rapazes) que querem colaborar e contribuir com a construção de uma Educação Pública de qualidade e de um mundo mais justo, mais igualitário e mais fraterno.
Dou este testemunho de coração aberto, por amor à verdade e por estar acompanhando de perto - como irmão e companheiro de caminhada - o Movimento de greve dos Trabalhadores da Educação, manifestando plena solidariedade e total apoio.
Termino com algumas mensagens de Paulo Freire sobre a Educação, que nos ajudam a refletir.
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”.
“Se a educação sozinha não pode tranformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda”.
“A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria”.
“Ninguém educa ninguém, ninguém se educa sozinho, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”.

. Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP),
Professor aposentado de Filosofia da UFG

                                                                                       Goiânia, 18 de junho de 2014

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