“Amem a justiça,
vocês que governam a terra” (Sb 1,1)
Diante do comportamento arrogante e
ditatorial da Prefeitura de Goiânia, os Trabalhadores e Trabalhadoras da
Educação (servidores administrativos, auxiliares de atividades educativas e
professores) do Município - em greve há um mês e ocupando a Câmara Municipal
desde o dia dez de junho - resistem heroicamente, em favor de uma educação
pública de qualidade e de uma sociedade mais justa. Eles e elas já são
vitoriosos e o serão muito mais ainda.
O
Movimento grevista é um movimento sério, coordenado por pessoas responsáveis e
que - reafirmo - merece todo nosso apoio e toda nossa solidariedade. Ao
contrário, a atitude do governo municipal merece o nosso mais veemente repúdio.
Demorou
muito, mas, enfim, no dia 25 deste mês, o presidente da Câmara Municipal,
Clécio Alves - que praticou o crime contra os Direitos Humanos da tortura
física e psicológica - numa entrevista coletiva (por conveniência política e
não por reconhecer seu erro) voltou atrás, deu uma de bonzinho (ninguém é idiota
para acreditar nisso) e pediu à Justiça o cancelamento da reintegração do
plenário da Câmara Municipal, concedida por liminar na semana passada. O prazo
para a desocupação pacífica tinha vencido no dia 24, às 16h, mas os
Trabalhadores da Educação não atenderam à intimação, praticando - neste caso -
o justo direito à desobediência civil.
Na
mesma entrevista, Clécio Alves afirmou ainda que uma comissão de vereadores
tentará negociar junto à Prefeitura uma forma de atender às reivindicações dos
Trabalhadores da Educação, para que deixem o plenário da Câmara, terminem a
greve e voltem ao trabalho. È uma grande vitória do Movimento!
Esperamos
agora que o prefeito Paulo Garcia desça do seu pedestal de governante
intransigente - parecido com um verdadeiro ditador - e aprenda a dialogar com
os trabalhadores, lembrando que foi eleito para servir ao povo e não para mostrar
sua arrogância vingativa. Esperamos que Osmar Magalhães, secretário do Governo
e Neide Aparecida, secretária da Educação (ex-sindicalistas da Educação) parem
de usar seu conhecimento e sua experiência de sindicalistas para serem
carrascos, judiando dos Trabalhadores da Educação. Trata-se de uma maldade
inconcebível e uma traição inadmissível!
É
tão bonito e gratificante (falo por experiência própria) participar de
encontros e reuniões com o povo, em círculo e em pé de igualdade, conversando,
dialogando, discutindo, discordando, negociando e buscando o consenso (mesmo
que às vezes seja difícil). È esse o “jeito popular de governar”, que nos torna
a todos e a todas mais humanos, mais respeitosos uns dos outros e mais irmãos e
irmâs. È o “bem-viver” e o “bem-conviver” dos nossos irmãos indígenas. È o que
Jesus de Nazaré nos ensina com a sua vida e com a sua palavra.
“Quando
vocês - diz o Senhor - erguem para mim as mãos, eu desvio o meu olhar; ainda
que multipliquem as orações, eu não escutarei. (...) Lavem-se, purifiquem-se, tirem
da minha vista as maldades que vocês praticam. Parem de fazer o mal, aprendam a
fazer o bem; busquem o direito, socorram o oprimido (...) (Is 1,15-17).
“Se
alguém quer ser o primeiro, deverá ser o último e ser aquele que serve a todos”
(Mc 9,35). Jesus, com sua prática e sua palavra, revoluciona radicalmente todas
as relações entre as pessoas e todos os critérios da convivência humana.
Sigamos o seu exemplo!
A
esperança nunca morre e a mudança sempre é possível! Sejamos portadores de
esperança e agentes de mudança!
. Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP),
Professor aposentado de Filosofia da UFG
E-mail: mpsassatelli@uol.com.br
Goiânia, 26 de junho de 2014
seja sempre esse guerreiro das minorias
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