Na Nota “Plano de Saúde Acessível ou o desmonte do SUS?”,
do dia 6 de agosto, o Projeto Direitos Sociais e Saúde: Fortalecendo a
Cidadania e a Incidência Política - “vem a público repudiar totalmente a portaria 1.482/2016,
assinada pelo ministro interino Ricardo
Barros, que institui um grupo de estudo para
criação do Plano de Saúde Acessível. É importante lembrar que a saúde,
como estabelece nossa Constituição Federal, é dever do Estado e direito de
todos e todas, não cabendo a nenhuma iniciativa privada sua financeirização.
Saúde não é mercadoria”.
Precisamos com urgência nos unir na defesa do Sistema Único
de Saúde (SUS) e contra o seu desmonte, que é sempre apresentado de forma
disfarçada e com desculpas esfarrapadas. O que o ministro interino Ricardo
Barros está fazendo é um desrespeito para com os trabalhadores e trabalhadoras,
que - com os impostos - pagam por uma saúde pública de qualidade.
“A portaria - afirma a Nota - é
uma afronta a redes, entidades e movimentos que, há décadas, atuam em defesa da saúde pública
- sobretudo na atual conjuntura política na qual nos encontramos.
Através de uma ação arbitrária e autoritária, a decisão de criar um grupo de
estudo com este fim sequer passou pelo Conselho Nacional da Saúde (CNS). O que é mais grave: deslegitima e desconsidera os
espaços de controle social da saúde em nosso país”.
Essa denúncia merece todo nosso apoio. Não podemos
permitir a privatização da saúde pública, direito conquistado com muita luta do
povo.
“A proposta colocada por Barros - lembra a Nota - é
ilegítima e inconstitucional, pois não respeita o artigo 196 da CF que, de
forma, muito clara afirma que saúde é direito, com garantia universal e igualdade para todas as pessoas que vivem no Brasil. Esta portaria só
comprova a intenção de desmonte do SUS, onde os mais atingidos serão - como
sempre - os mais pobres e excluídos e que dependem exclusivamente do sistema de
saúde pública”.
Infelizmente, para o governo do “golpista interino” Michel
Temer, os pobres e os excluídos não contam, são material descartável.
Ao invés de pensar no desmonte do SUS e na privatização
da saúde, criando o chamado Plano de Saúde Acessível, o governo deveria cobrar as
dívidas das empresas sonegadoras do fisco, taxar as grandes fortunas (incluindo
as heranças), taxar os lucros exorbitantes dos bancos (que são uma afronta aos
trabalhadores e às trabalhadoras) e acabar com a corrupção pública. É essa a receita
para que nunca faltem recursos para uma saúde pública de qualidade para todos e
todas. O resto é conversa mole para boi dormir ou - o que é pior - hipocrisia e
farisaísmo.
Enfim, a Nota faz a memória das lutas pelo direito à
saúde pública. “Nossa história e militância nos mostram que planos de saúde privados não são a solução para resolver a
questão da saúde no Brasil. O Plano de Saúde Acessível confirma a política privatista e a financeirização sobre direitos básicos que o governo interino insiste em nos
impor. Não vamos nos render a isso e vamos nos somar a iniciativas jurídicas
que revoguem esta portaria. É importante lembrar que o nosso sistema de saúde
já é financiado por todos através do pagamento dos impostos”.
E termina reafirmando a vontade de continuar lutando em
defesa do SUS. “Saímos - e sempre sairemos - em defesa do SUS e contra qualquer
forma de desmonte da Seguridade Social. Nós, brasileiros e brasileiras, já
temos nosso modelo e sistema de saúde pública, que é exemplo para todo o mundo.
Não estamos falando de uma parcela insignificante da população do país. Somos
mais de 70% de usuários e usuárias do SUS. É do lado dessas pessoas que estamos. Não abriremos
mão deste direito”.
É com essa garra que - unidos e organizados - venceremos!
Fr. Marcos Sassatelli, Frade
dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em
Teologia Moral (Assunção - SP)
Professor aposentado de Filosofia
da UFG
E-mail: mpsassatelli@uol.com.br
Goiânia, 24 de agosto de 2016
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