A
Introdução às Conclusões de Medellín - em sua última parte - leva-nos a tomar
consciência da “vocação original” da América Latina e do Caribe.
Afirma:
“Nesta transformação (que é libertação, que é salvação), por trás da qual se
anuncia o desejo de passar do conjunto de condições menos humanas para a
totalidade de condições plenamente humanas e de integrar toda a escala de
valores temporais na visão global da fé cristã, tomamos consciência da ‘vocação
original’ da América Latina: ‘vocação de unir em uma síntese nova e genial o
antigo e o moderno, o espiritual e o temporal, o que outros nos legaram e nossa
própria originalidade’”.
Quanta
clareza e quanta profundidade encontramos nesta afirmação! E hoje? Será que nós
- como Igreja - temos realmente consciência desta “vocação original” e a
vivemos?
Por experiência
própria, os bispos constatam: “Nesta Assembleia do Episcopado Latino-americano
renovou-se o mistério de Pentecostes. Em torno de Maria como Mãe da Igreja, que
com seu patrocínio assistiu a este continente desde sua primeira evangelização,
imploramos as luzes do Espírito Santo e perseverando na oração, alimentamo-nos
do pão da Palavra e da Eucaristia. Esta Palavra foi intensamente meditada”.
Tendo
presente a realidade em que vivemos atualmente, podemos dizer que em nossas
Assembleias e em nossos Encontros de Igreja renova-se - na presença de Maria,
nossa Mãe - o mistério de Pentecostes?
Reparem
o que dizem os participantes da Assembleia: “Nossa reflexão orientou-se para a
busca de formas de presença mais intensa e renovada da Igreja na atual transformação
da América Latina”. Hoje, temos essa preocupação? Em nossa ação evangelizadora,
buscamos “formas de presença mais intensa e renovada na atual transformação da
América Latina”? Não somos, muitas vezes, uma Igreja acomodada e alienada, que
está por fora (e faz questão de estar por fora) dos desafios que a atual
transformação da América Latina e do Caribe nos apresenta?
Os
bispos apontam pistas concretas - que continuam plenamente atuais - para um plano
de ação evangelizadora. Afirmam: “Três grandes setores, sobre os quais recai
nossa solicitude pastoral, foram abordados em sua relação com o processo de
transformação do continente. Em primeiro lugar, o setor da promoção do ser
humano e dos povos do continente para os valores da justiça, da paz, da
educação e do amor conjugal. Em seguida, nossa reflexão se dirigiu para os
povos deste continente e suas lideranças (no lugar da palavra “elites” - que se
presta a interpretações ambíguas - uso a palavra “lideranças”), que por estarem
num processo de profunda mutação de suas condições de vida e de seus valores,
requerem uma adaptada evangelização e educação na fé, através da catequese e da
Liturgia”.
Reparem
o que os bispos, em sua solicitude pastoral, colocam em primeiro lugar: “o
setor da promoção do ser humano e dos povos do continente para os valores da
justiça, da paz, da educação e do amor conjugal”. Fazemos o mesmo hoje?
Finalmente
- dizem os bispos - “abordamos os problemas relativos aos membros da Igreja. E
preciso intensificar sua unidade e ação pastoral através de estruturas
visíveis, também adaptadas às novas condições do continente”. E terminam declarando:
“As conclusões seguintes são o fruto do trabalho realizado nesta Conferência”.
Em
síntese, até o presente - dentro do tema geral “Medellín em gotas” - nas
primeiras três gotas destacamos, com algumas reflexões: o “Contexto histórico”,
o “Método adotado” e o “Modelo eclesiológico”, que situam social e
teologicamente a II Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e
Caribenho; nas outras três gotas, o “Centro da atenção da Igreja”, o
“Verdadeiro desenvolvimento” e a “Vocação original da América Latina”
(incluindo também o Caribe), que são os pontos principais da Introdução aos
documentos.
A
partir de agora, nas próximas gotas (que, se Deus quiser, serão muitas)
destacaremos, sempre com algumas reflexões, os pontos principais (ideias-chave)
- que continuam atuais - dos 16 documentos da Conferência: Justiça, Paz,
Família e Demografia, Educação, Juventude, Pastoral das massas, Pastoral das lideranças,
Catequese, Liturgia, Movimentos leigos, Sacerdotes, Religiosos/as, Formação do Clero,
Pobreza da Igreja, Colegialidade, Meios de comunicação social.
Fr. Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)
Professor aposentado de Filosofia da UFG
E-mail: mpsassatelli@uol.com.br
Goiânia, 18 de abril de 2018
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