sábado, 27 de abril de 2019

“A Fraternidade Humana em prol da Paz Mundial e da convivência comum” (4ª parte)



No Documento “A Fraternidade Humana em prol da Paz Mundial e da convivência comum”, o Grão Imame e o Papa destacam também o papel da família no mundo de hoje. “É evidente quão essencial seja a família, como núcleo fundamental da sociedade e da humanidade, para dar à luz filhos, criá-los, educá-los, proporcionar-lhes uma moral sólida e a proteção familiar. Atacar a instituição familiar, desprezando-a ou duvidando da importância de seu papel, constitui um dos males mais perigosos do nosso tempo”.
Destacam ainda, como fator positivo, o despertar do sentido religioso: “Atestamos a importância do despertar do sentido religioso e da necessidade de o reanimar nos corações das novas gerações, através duma educação sadia e da adesão aos valores morais e aos justos ensinamentos religiosos, para enfrentarem as tendências individualistas, egoístas, conflituosas, o sectarismo e o extremismo cego em todas as suas formas e manifestações”.
Lembram o objetivo das religiões: “O primeiro e mais importante objetivo das religiões é o de crer em Deus, honrá-Lo e chamar todos os seres humanos a acreditarem que este universo depende de um Deus que o governa: é o Criador que nos moldou com a Sua Sabedoria divina e nos concedeu o dom da vida para o guardarmos. Um dom que ninguém tem o direito de tirar, ameaçar ou manipular a seu bel-prazer; pelo contrário, todos devem preservar este dom da vida desde o seu início até à sua morte natural”.
Por isso, declaram: “Condenamos todas as práticas que ameaçam a vida, como os genocídios, os atos terroristas, os deslocamentos forçados, o tráfico de órgãos humanos, o aborto e a eutanásia e as políticas que apoiam tudo isto”.
E continuam: “De igual modo declaramos - firmemente - que as religiões nunca incitam à guerra e não solicitam sentimentos de ódio, hostilidade, extremismo nem convidam à violência ou ao derramamento de sangue. Estas calamidades são fruto de desvio dos ensinamentos religiosos, do uso político das religiões e também das interpretações de grupos de pessoas de religião que abusaram - em algumas fases da história - da influência do sentimento religioso sobre os corações dos seres humanos para os levar à realização daquilo que não tem nada a ver com a verdade da religião, para alcançar fins políticos e económicos mundanos e míopes”.  
Fazem, pois, um apelo para que as religiões não sejam instrumentalizadas para justificar e legitimar atos violentos: “Pedimos a todos que cessem de instrumentalizar as religiões para incitar ao ódio, à violência, ao extremismo e ao fanatismo cego e deixem de usar o nome de Deus para justificar atos de homicídio, de exílio, de terrorismo e de opressão. Pedimo-lo pela nossa fé comum em Deus, que não criou os seres humanos para serem assassinados ou lutarem uns com os outros, nem para serem torturados ou humilhados na sua vida e na sua existência”.
Com efeito, “Deus, o Todo-Poderoso, não precisa de ser defendido por ninguém e não quer que o Seu nome seja usado para aterrorizar as pessoas”.
Por fim, o Documento do Grão Imame e do Papa - de acordo com o ensinamento dos Documentos Internacionais anteriores - sublinha “a importância do papel das religiões na construção da Paz Mundial” e atesta: “A forte convicção de que os verdadeiros ensinamentos das religiões convidam a permanecer ancorados aos valores da paz; apoiar os valores do conhecimento mútuo, da fraternidade humana e da convivência comum; restabelecer a sabedoria, a justiça e a caridade e despertar o sentido da religiosidade entre os jovens, para defender as novas gerações a partir do domínio do pensamento materialista, do perigo das políticas da avidez do lucro desmesurado e da indiferença baseadas na lei da força e não na força da lei”. Diante dessas colocações, não dá para ficar indiferentes! Lutemos!


Resultado de imagem para Imagens sobre o Documento da Fraternidade humana de Francisco e


Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)
Professor aposentado de Filosofia da UFG
Goiânia, 24 de abril de 2019


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