Lendo e meditando o Evangelho, percebemos
claramente que no Natal - e em toda a sua vida - Jesus tem lado, o dos Pobres:
marginalizados, oprimidos, excluídos e descartados da sociedade. Do nascimento
até a morte na cruz, Jesus se identifica e solidariza com os Pobres.
(Leia
o meu artigo de dezembro de 2021: No Natal, Jesus tem lado, em:
https://www.ihu.unisinos.br/615556-no-natal-jesus-tem-lado;
http://freimarcos.blogspot.com/2021/12/no-natal-jesus-tem-lado.html e outros)
- Primeira: Por que no Natal falamos
tanto a respeito de Jesus, o Filho de Deus, o Salvador do mundo, o Emanuel (o Deus
conosco) que se encarna e se torna um Ser
humano como nós (uma parte da verdade) e não falamos quase nada a respeito do
“como” Jesus faz isso (a outra parte
da verdade)?
Apresentar uma parte da verdade como se fosse toda a verdade, falsifica a verdade! Para se encarnar, Jesus não precisava nascer numa manjedoura, mas - sobretudo por ser Filho de Deus - podia nascer num palácio.
- Segunda: Nascendo na manjedoura de um estábulo como “sem-teto”, o que Jesus quis nos dizer?
Jesus nos mostra que, se encarnando, assume o lado
dos Pobres.
É este o caminho que Jesus escolhe e que define sua identidade: estar do lado e ao lado dos Pobres. Ele não exclui
ninguém. Todos e todas - inclusive,
os ricos - são convidados a entrar nesse
caminho. Por exemplo, o homem rico Zaqueu - encontrando-se com Jesus - se
converte e entra nesse caminho; ao contrário, o jovem rico - mesmo encontrando-se
com Jesus - não tem coragem de segui-lo, não entra nesse caminho e - diz o
Evangelho - vai embora triste.
- Terceira: Sabendo que Jesus
tem lado - no Brasil, na América Latina e no mundo - onde vai ser o Natal de
Jesus em 2022?
Com certeza, ele não vai ser nas mansões
dos ricos, dos opressores do Povo e nem vai ser nas Igrejas luxuosas e cheias de
ouro.
O Natal do “sem-teto” Jesus vai ser, antes de tudo:
o nas Ocupações urbanas e rurais ao lado dos
Pobres, que lutam pelo direito à moradia
digna (terra de moradia) e pelo direito a uma agricultura familiar e comunitária ecológica (terra de
trabalho). Jesus - junto com os
Pobres e na pessoa dos Pobres - corre o risco de ser despejado por uma liminar injusta de um juiz.
O Natal do “sem-teto” Jesus vai ser também:
o nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), uma Igreja de irmãos e irmãs em comunhão,
na igualdade e na diversidade dos dons e serviços: o “jeito de ser Igreja” que Jesus quer;
o nos Movimentos Sociais Populares, nos Sindicatos e Partidos Políticos de
Trabalhadores que - com garra, coragem e muita fé - lutam pela Vida. “Eu
vim para que todos e todas tenham Vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
O Natal do “sem-teto” Jesus vai ser ainda:
o nos Fóruns ou Comitês de Direitos Humanos e da
Irmã Mãe Terra Nossa Casa Comum, nas Comissões
de Justiça e Paz e
o em todas as Organizações ou pessoas que estão do e ao lado dos Pobres e caminham com
eles e elas na luta por um Mundo Novo.
Como
ser humano e como cristão (ser humano radical), reafirmo: todo despejo - mesmo com liminar judicial - é injusto, desumano e
antiético. As pessoas humanas não se despejam e não se tratam com brutalidade e
crueldade. Elas devem ser respeitadas em sua dignidade. A própria palavra
“despejo” é ofensiva.
Mais uma vez: uma advertência
aos Juízes e juízas. Cuidado! Não deem liminares de reintegração de posse,
que na realidade são liminares de despejo. Com essas liminares, vocês mandam despejar seus irmãos e irmãs Pobres
e o próprio Jesus na pessoa deles e delas: os “pequeninos” do Evangelho. Lembrem-se:
Deus é justo!
Fazer a memória e
celebrar o Natal de Jesus significa, pois, torna-lo presente hoje.
Que - no Natal 2022 e no Ano Novo 2023 - o lado de Jesus seja o nosso lado! São estes os meus votos de Feliz Natal e Feliz 2023.
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