O
Comitê Goiano Dom Tomás Balduino (do
qual sou membro) realizou - de 11 a 16 deste mês de fevereiro - a 6ª Jornada de Direitos Humanos no Estado de
Goiás (atividade integrante do centenário de nascimento de Dom Tomás:
semeador de esperança). Tema: Terra,
Causa Indígena e Direitos Humanos.
Foram realizadas as seguintes atividades:
- Encontro de Formação do Movimento de Trabalhadores e Trabalhadoras por Direitos (MTD/GO): Educação Popular e Direito à Cidade (na sede do Sindicato dos Trabalhadores/as dos Correios: SINTECT/GO);
- Encontro de Defensores
Populares: fortalecimento, segurança e proteção (em
uma chácara no município de Hidrolândia/GO);
- Visita a acampamentos
ciganos para escuta e apoio (na cidade de Itumbiara/GO);
- Solenidade de entrega do 4º
Prêmio Dom Tomás Balduino de Direitos Humanos em Jornalismo com homenagem a
defensores/as de Direitos Humanos (no auditório da ADUFG: Sindicato
da UFG);
- Análise de conjuntura
brasileira e goiana: Democracia e Direitos Humanos - como ‘desbolsonarizar’ o
Brasil (adiada para o dia
1º de março, por causa do falecimento do nosso companheiro e irmão Prof. Sílvio
Costa);
- Apresentação do Relatório de Violações de Direitos Humanos
em 2022 no Estado de Goiás (na Assembleia Legislativa de Goiás);
- Roda de conversa com
lideranças indígenas do Estado de Goiás (no Núcleo Takinahaky de
Formação Superior Indígena/NTFSI da UFG).
As
violações dos Direitos Humanos que compõem o Relatório dizem respeito aos Povos
Ciganos de Goiás, Povos Indígenas de Goiás, Conflitos de Terra, Violência
policial, População em situação de rua, Despejos forçados, LGBTQIA+, Liberdade de
imprensa e Sistema prisional.
Por
exemplo:
A
respeito dos Povos Ciganos (1.435
famílias ou cerca de 5.740 pessoas das etnias Rom e Calon, em 35 municípios), o
Relatório afirma: “A história oficial de Goiás registra o apagamento dos Povos
Ciganos e não reconhece sua história e composição cultural, excluindo-os das
estruturas destinadas a quem é cidadão e pode ter acesso a Direitos. Essa
perspectiva gera nessas Comunidades uma visão que as situa em uma condição de
exclusão permanente, sem nenhuma possibilidade de mobilidade, à margem da
estrutura social”.
A respeito dos Povos Indígenas (8.533, sendo 8.019 na zona urbana e 514 na área rural), o Relatório constata: “O ano de 2022 foi marcado pelo contínuo processo de invisibilidade e violação dos Direitos dos Povos Indígenas em Goiás” (como, aliás, no Brasil inteiro). “A destruição dos biomas, a invasão de terras indígenas, a contaminação do solo e de rios são implementadas ou permitidas como um projeto de eliminação dos Povos Indígenas. Trata-se de uma visão excludente e homogênea sobre quem deve ser considerado ‘povo brasileiro’. Essa lógica perversa reproduz-se também no Estado de Goiás, onde predominantemente três Povos Indígenas - Iny Carajá, Avá Canoeiro e Tapuia - lutam para sobreviver e defender aquilo que lhes é mais sagrado: seus territórios e sua cultura”.
A
respeito dos Conflitos de Terra, o
Relatório declara que (entre outros) “em 2022, foram intensificados os ataques
ao Acampamento Dom Tomás Balduino (MST), que possui 280 famílias vivendo em
três áreas há seis anos nas fazendas Cangalha, Maltizaria e Porteirinha, no
município de Formosa/GO”.
“As
famílias produzem uma grande diversidade de alimentos orgânicos (...). Boa
parte da produção é doada para populações urbanas em situação de pobreza, mas
também é consumida pelas próprias famílias e comercializada no entorno do
Acampamento”. Que testemunho bonito de solidariedade de irmãos e irmãs!
Em
breve, o Relatório de Violações de
Direitos Humanos em Goiás 2022 será disponibilizado nas redes sociais. Leia-o! É uma meditação!
Unidos
e unidas na luta pelo Direitos Humanos, que é a luta por um Brasil Novo e um
Mundo Novo! A vitória é e será nossa!
Marcos
Sassatelli, Frade dominicanoDoutor em Filosofia
(USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)Professor aposentado
de Filosofia da UFGE-mail: mpsassatelli@uol.com.br
Goiânia, 17 de fevereiro
de 2023
Nenhum comentário:
Postar um comentário