Carta
aberta
Queridas Irmãs e irmãos,
companheiras e companheiros,
Dia 19 deste mês de agosto
(sábado), saindo de nossas casas às 6 horas, Nazaré, Cida, José Fernandes e eu,
fizemos uma visita a vocês no Acampamento Dona Neura (Hidrolândia - GO), para -
mais uma vez - manifestar a nossa total solidariedade e irrestrito apoio à luta
de vocês pelo direito à terra de trabalho e de moradia: um direito sagrado de
todas e de todos.
Agradeço a acolhida de vocês, que foi realmente tão cheia de calor humano e tão fraterna
que nos emocionou. A alegria, o
entusiasmo, a garra, a fé e a vontade de enfrentar - com a certeza da vitória -
todas as dificuldades para a conquista da terra - que já é de vocês - nos
edificaram.
Os ricos, os poderosos, os
ladrões de “colarinho branco” -
adoradores do deus dinheiro - não entendem isso e nem têm condições de
entender!
Parabenizo, pois, vocês
irmãs e irmãos por estarem planejando desde já - mesmo enfrentando muitas
provações - um projeto agroecológico de
produção de alimentos sem agrotóxicos.
Reafirmo, com toda clareza: o MST e os outros Movimentos Sociais, que
lutam pelo Reforma Agrária Popular - o direito à terra de trabalho e de
moradia no campo e, consequentemente, também na cidade - nunca realizaram,
realizam e realizarão “Invasões”, mas “Ocupações”.
A terra já é deles...
Os
verdadeiros “Invasores” - “ladrões” do
Brasil - não são as trabalhadoras e trabalhadores, mas os que fazem parte do 1% da população, que possui 50% dos bens do país. Quanta injustiça! Quanta perversidade!
Deixo, pois, ao governador Ronaldo Caiado e aliados, que - cínica
e farisaicamente - tramaram contra o
Acampamento, um lembrete e uma
advertência:
- O lembrete: Na
Idade Média, São Tomás de Aquino e, posteriormente, o próprio Pensamento Social
da Igreja, afirmam que do ponto de vista
ético - humano e cristão - a
destinação dos bens para uso de todos os seres humanos é um direito natural
primário e a posse ou propriedade particular, um direito natural secundário.
Quando o direito secundário impede o acesso de todas e de todos ao direito
primário, é injusto, desumano e antiético.
E ainda: “Ninguém tem direito ao supérfluo, quando o outro ou a outra não tem o necessário”. Como estamos longe de reconhecer essa verdade!
- A advertência:
Não se esqueçam: Deus é justo e está sempre do lado dos oprimidos/as,
excluídos/as e descartados/as. “Ai daqueles que juntam casa
com casa e emendam campo a campo, até que não sobre mais espaço e sejam os
únicos a habitarem no meio do país” (Is 5,8).
“Ai de vocês, os ricos, porque já têm a sua consolação”! (Lc 6,24).
Felizes de vocês, os pobres, porque o Reino de Deus lhes pertence” (Lc 6,20).
Estou com vocês!
Reforma agrária popular já!
Um grande abraço do irmão e companheiro, Frei Marcos
Marcos
Sassatelli, Frade dominicanoDoutor em Filosofia
(USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)Professor aposentado
de Filosofia da UFGE-mail: mpsassatelli@uol.com.br
Goiânia, 27 de agosto de 2023
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