Dirijo-me
agora - como companheiro e irmão de caminhada, na luta e na militância - aos
Movimentos Populares Socioambientais (socioeconômicos, sociopolíticos,
socioecológicos, socioculturais e sociorreligiosos), aos Sindicatos de
Trabalhadores e Trabalhadoras, aos Partidos Políticos Populares, aos Coletivos
de mulheres, às Entidades de Jovens Estudantes, aos Comitês ou Fóruns de Defesa
dos Direitos Humanos e da Irmã Mãe Terra Nossa Casa Comum, às Comissões de
Justiça e Paz e a todas as Organizações Populares. E ainda, às Comunidades
Eclesiais de Base (CEBs) e às Pastorais Socioambientais (Pastoral da Terra,
Pastoral Operária, Pastoral do Migrante, Pastoral dos Moradores e Moradoras em
situação de Rua e outras).
Com a
única intenção de dar a minha pequena contribuição na leitura crítica - análise
e interpretação - de nossa práxis (prática e teoria dialeticamente
unidas) popular, apresento agora - com toda sinceridade - alguns
questionamentos e três propostas na ótica dos pobres.
Questionamentos:
- Por que, depois de quase quatro Governos Federais do PT e Partidos Políticos aliados, chegamos a ter o Governo Bolsonaro?
- Por que abandonamos o Trabalho de Base: nos Partidos Políticos Populares, nos Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras e nas Comunidades?
- Por que fazemos “aliança” com Partidos Capitalistas de direita e extrema direita? Não é contraditório? “Aliança” não é “comunhão de projetos”?
- Será que os nossos Partidos Políticos Populares - ditos de esquerda - não são na realidade Partidos Capitalistas Neoliberais com retoques?
- Por que nos sentimos tão à vontade no uso da linguagem tipicamente capitalista, como - por exemplo - chamando a Confederação Nacional da Indústria de “setor produtivo”? Para nós e os nossos Partidos, o “setor produtivo” não são os trabalhadores e as trabalhadoras diretamente ligados à produção?
- Por que falamos tanto de “Democracia”, quando sabemos que no Projeto Político Capitalista - Neoliberal e Ultraneoliberal - a “Democracia” não existe? Se existisse “Democracia”, será que 1% da população brasileira concentraria 50% dos bens do Brasil? E será que os 33 milhões de brasileiros e brasileiras que passam fome não teriam o direito de pegar os alimentos onde eles se encontram?
- O que existe de fato não é uma “oligarquia” ou - permitam-me um neologismo - uma “elitocracia”?
- Os Projetos Políticos Capitalistas Neoliberal e Ultraneoliberal - mesmo não sendo uma “Ditadura fascista” - não são uma “Ditadura civil” legalizada e institucionalizada? Por que não falamos a verdade?
Propostas:
1. Trabalho de Base
- Voltemos, com garra e fé, ao Trabalho de Base, nas Comunidades (CEBs), nos Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras e nos Partidos Políticos Populares.
- É o único caminho que nos faz esperançar e, ao mesmo tempo, experienciar a vida de igualdade, justiça e irmandade. E também é o único caminho que nos leva a dar passos históricos concretos, fazendo acontecer um Novo Projeto Político para o Brasil: um Projeto Popular, Comunitário, Socialista e - porque não dizer - verdadeiramente Comunista. Para quem entendeu o autêntico sentido do Evangelho, Jesus de Nazaré foi o único 100% comunista.
2. Acordos políticos pontuais
- Em nossa luta política de trabalhadores e trabalhadoras, vamos ser vivencialmente coerentes na prática e ideologicamente claros na teoria, para que todos e todas saibam qual é o nosso Projeto Político.
- Por ser uma ideologia política uma teoria situada (no espaço) e datada (no tempo), fazer “aliança” com Projetos Políticos ideologicamente opostos ao nosso, é impossível.
- Ora, tendo presente o princípio marxista “não fazemos aquilo que queremos, mas aquilo que as condições objetivas permitem que façamos” e também o princípio ético “o comportamento ético é o comportamento mais humano possível numa situação histórica concreta, socioambiental e/ou individual”, podemos e devemos - em situações especiais - fazer “acordos pontuais”, mas nunca “aliança”, que - mesmo se for só formal - é uma traição do povo pobre: marginalizado, oprimido, explorado e descartado
3. Unidade nas diferenças
- Na nossa militância política - em todas as lutas populares de curto, médio e longo prazo - vamos valorizar a unidade na defesa do Projeto Político Popular e as diferenças no processo de sua realização, que nos abrem sempre novos horizontes com novas estratégias a serem utilizadas e que nos levam a dar passos concretos na realização histórica do nosso Projeto Político.
- Unidos e unidas, continuemos a luta! A vitória já é nossa!
O Popular: Ato público em defesa da Democracia, 08/01/24 (Goiânia-GO)
“Democracia Popular já!”
Marcos Sassatelli, Frade
dominicanoDoutor em
Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)Professor
aposentado de Filosofia da UFGE-mail: mpsassatelli@uol.com.br
Goiânia, 13 de janeiro de 2024
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