“Eu vim para
que todos e todas tenham vida e a tenham em abundância” (Jo10,10). Essas poucas palavras nos dizem, de maneira
muito clara, porque Jesus veio ao mundo e qual foi a sua missão.
Fica a pergunta: que caminho Jesus escolheu para fazer
isso?
Como já disse
outras vezes - e não me canso de repetir - no Natal e em toda sua vida - Jesus teve lado, o lado dos Pobres:
os oprimidos, os excluídos, os descartados e todos aqueles e aquelas que - na sociedade
- não tinham voz e não tinham vez. Desde o nascimento até a morte na cruz,
Jesus sempre se identificou e
solidarizou com os Pobres, incluindo a
Irmã Mãe Terra Nossa Casa Comum. Vejamos!
Tudo indica que - ainda no seio de sua
mãe Maria e com seu pai José - Jesu foi “morador
de rua”. Para cumprir o decreto de recenseamento, ordenado pelo imperador
Augusto, “José, que era da família e descendência de Davi, subiu da cidade de
Nazaré, na Galileia, até à cidade de Davi, chamada Belém, na Judeia, para
registrar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida” (Lc 2,4-5). Antes que alguém
- vendo a situação - abrisse um estábulo para Maria dar à luz - ela deve ter
perambulado e dormido, com seu esposo José, nas ruas de Belém.
Com certeza, Jesus nasceu como “sem-teto”. Enquanto Maria e José
estavam em Belém, “completaram-se os dias para o parto. Ela deu à luz seu filho
primogênito. Envolveu-o em panos e o deitou numa manjedoura, porque não havia
lugar para eles dentro da casa” (Ib. 2,6-7).
Os primeiros que receberam a Boa Notícia
do nascimento de Jesus foram os pastores - que eram os “sem-terra” da época - malvistos e desprezados pelos poderosos,
porque ocupavam os campos com seus rebanhos de ovelhas. Segundo uma Lei daquele
tempo, um pastor não podia ser testemunha em Tribunal. Não era considerado
pessoa idônea.
O mensageiro de Deus disse aos pastores:
“Não tenhais medo! Porque eis que lhes anuncio a Boa Notícia, uma grande
alegria para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vocês um
Salvador, que é o Messias e Senhor” (Ib. 2,10-11).
Jesus recebeu a visita dos magos,
sábios e estudiosos da natureza, que representavam todos os povos de todas as
culturas. “Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe.
Ajoelharam-se diante dele e lhe prestaram homenagem” (Mt 2,11).
Ainda criança, Jesus foi “migrante e refugiado” no Egito por
causa da ganância de Herodes que queria matá-lo. O mensageiro de Deus falou em
sonho a José: “Levante-se, pegue o menino e a mãe dele, e fuja para o Egito.
Fique aí até que eu lhe avise, porque Herodes vai procurar o menino para
matá-lo. Ele se levantou, e de noite pegou o menino e a mãe dele, e foi para o
Egito. E aí ficou até a morte de Herodes” (Mt. 2,13-15).
Em sua vida anônima, Jesus foi carpinteiro
com seu pai José. A respeito de Jesus, as pessoas diziam: “De onde vêm essa
sabedoria e esses milagres? Esse homem não é o filho do carpinteiro?” (Ib.
13,54-55). “Esse homem não é o carpinteiro?” (Mc 6,3).
Em sua vida pública - anunciando a Boa
Notícia do Reino de Deus - Jesus foi
sempre próximo e entranhadamente solidário com os Pobres. Como exemplo, cito
o caso do homem com a mão direita seca. “Jesus disse ao homem: ‘Levante-se e
fique no meio’. ‘Estenda a mão’. O homem assim o fez e sua mão ficou boa” (Lc
6,8.10).
Jesus
denunciou, com profunda indignação, a hipocrisia dos doutores da Lei e dos
fariseus. “Ai de vocês,
doutores da Lei e fariseus hipócritas! Vocês são como sepulcros caiados: por
fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e
podridão! Assim também vocês: por fora parecem justos diante dos outros, mas
por dentro estão cheios de hipocrisia e injustiça” (Mt 23,27-28).
Na última Ceia, Jesus lavou os
pés dos discípulos. “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim (Jo 13,1). “Não
existe amor maior do que dar a vida pelos amigos” (Jo 15,13).
Jesus foi preso e acusado de
“subverter” o povo.
“Achamos este homem fazendo subversão entre o nosso povo” (Lc 23,2). Foi morto na cruz como criminoso. “Jesus
deu um forte grito: ‘Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito’. Dizendo isso,
espirou” (Ib. 23,46).
Jesus - o Libertador, o Salvador, o Filho de Deus - ressuscitou dos mortos. Às mulheres,
angustiadas por não ter encontrado o corpo de Jesus no túmulo, os mensageiros
de Deus disseram: “Por que vocês estão procurando entre os mortos aquele que
está vivo? Ele não está aqui! Ressuscitou!’” (Ib. 24,5-6).
Jesus enviou o Espírito Santo aos discípulos e discípulas. “Ele lhes disse:
‘A paz esteja com vocês. Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês’.
Tendo falado isso, soprou sobre eles e elas, dizendo: ‘Recebam o Espírito
Santo’” (Jo 20,21-22).
Jesus Ressuscitado continua vivo na Comunidade dos seus seguidores e seguidoras. “Onde
dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei aí no meio deles” (Mt
18,20). E ainda: “Eu estarei com vocês todos os dias, até o fim dos tempos”
(Ib. 28,20).
Por fim, pergunto: O que
significa viver o Natal de Jesus no mundo de hoje, tão desigual e tão
injusto? Se somos seguidores e seguidoras de Jesus, não devemos
fazer hoje o mesmo caminho que Jesus fez em sua época? Não devemos “ter o
lado dos Pobres” para que - a partir deles e delas e junto com eles e elas
- todos e todas “tenham vida e vida em abundância”?
Para a Igreja, a “Opção pelos Pobres”
não é “preferencial” (uma alternativa entre duas ou mais alternativas), mas é
única; é o caminho “desde a manjedoura”, o caminho de Jesus, o
caminho que leva à Vida, à verdadeira Vida. “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”
(Jo 14,6)). Todos e todas - inclusive os ricos - são convidados e convidadas a
mudar de vida, praticar a partilha e entrar nesse caminho.
Que o Natal de Jesus seja hoje o nosso Natal! São
estes os meus sinceros votos a todos os Irmãos e Irmãs, Companheiros
e Companheiras de caminhada. Um Ano 2025 de muitas lutas e vitórias.
https://freimarcos.blogspot.com/ - Goiânia, 20 de dezembro de
2024
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