A Escola Estadual João Bennio do Jardim Curitiba 3
é um claro exemplo do descaso do Estado para com a Educação, sobretudo na
Região Noroeste de Goiânia.
A
Escola Estadual João Bennio (como muitas outras) foi construída em caráter
emergencial em 1989 com placas pré-moldadas. Era uma Escola provisória, em condições muito precárias, que devia
funcionar somente até a construção da Escola definitiva. Passaram-se vinte anos
e nada foi resolvido.
Nestes
últimos anos, diversas denúncias foram feitas a respeito do quadro crítico da
Escola e dos perigos que os alunos (mais de 800), funcionários e professores
corriam, mas os responsáveis pela educação no Estado não tomaram nenhuma
providência. O próprio Ministério Público Estadual em 2007 notificou a
Secretária da Educação do Estado sobre a situação da Escola e a falta de
condições mínimas para o ensino, mas mais uma vez ninguém se sensibilizou. É o
total desrespeito do Poder Público para com o Povo pobre.
Em
março deste ano os problemas se agravaram: no dia 19 uma parede da sala de aula
número 9 desabou junto a uma fossa sem tampa; numa turma de ensino médio, o
quadro-negro despencou na hora em que a professora escrevia a matéria nele; as
paredes da Escola são muito fracas em vários pontos. É inacreditável que no
século XXI existam situações como essa na Educação. A direção da Escola acionou
o Corpo de Bombeiros para solicitar uma avaliação sobre a segurança da sala 9,
mas, constatando a situação precária de toda a unidade, os Bombeiros
interditaram a Escola.
Foram
necessárias diversas reportagens na TV e uma ampla reportagem na primeira e
segunda página do Jornal "O Popular" do dia 14 de maio deste ano para
que o Poder Público começasse a tomar algumas providências. A reportagem
destacava os seguintes títulos: "Riscos a alunos interditam Escola";
"Escola interditada por bombeiros"; "Parede de sala e
quadro-negro caíram em março e alunos continuam na unidade, que oferecia
riscos"; "Quadro crítico tem sido mostrado há anos".
Diante
dessa situação, a Comunidade Nossa Senhora da Vitória (Bairro Floresta) da
Paróquia Nossa Senhora da Terra (que tem a sede no Jardim Curitiba 3), com o
intuito de colaborar, colocou à
disposição da Escola o seu Centro Comunitário, em caráter provisório e
emergencial, mas as condições do prédio são muito precárias para atender
aproximadamente 500 crianças e adolescentes (turno matutino e vespertino; o
turno noturno foi para a Escola Municipal Maria da Terra). Mesmo com algumas
adaptações realizadas no prédio, será muito difícil que os professores tenham
as condições mínimas necessárias para dar aula e os alunos, as condições
mínimas necessárias para aprender. Receio que a falta de condições leve os
professores a fingir de dar aula e os alunos, a fingir de aprender.
Esperamos
que uma situação escolar como essa nunca mais se repita. Esperamos também que o
Estado tome providências imediatas para resolver o problema. Esperamos ainda
que as soluções provisórias e emergenciais tomadas não sejam por mais 20 anos.
Esperamos, enfim, que logo seja construída uma nova Escola onde as crianças e
adolescentes sejam respeitados e possam estudar com dignidade.
Pergunto:
quando virá o dia em que a Educação pública, gratuita e de qualidade será a
prioridade das prioridades do Estado? Quem sabe, possamos ainda ver este dia…
Fr. Marcos Sassatelli,
Frade Dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)
Prof. de Filosofia da
UFG (aposentado)
Prof. na Pós-Graduação em Direitos Humanos
(Comissão Dominicana Justiça e Paz do
Brasil / PUC-GO)
Vigário Episcopal do
Vicariato Oeste da Arquidiocese de Goiânia
Administrador
Paroquial da Paróquia Nossa Senhora da Terra
E-mail: mpsassatelli@uol.com.br
Goiânia, 20 de maio de 2009
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