quarta-feira, 20 de maio de 2009

Escola João Bennio: o “caos” na educação pública


         A Escola Estadual João Bennio do Jardim Curitiba 3 é um claro exemplo do descaso do Estado para com a Educação, sobretudo na Região Noroeste de Goiânia.
            A Escola Estadual João Bennio (como muitas outras) foi construída em caráter emergencial em 1989 com placas pré-moldadas. Era uma Escola provisória, em  condições muito precárias, que devia funcionar somente até a construção da Escola definitiva. Passaram-se vinte anos e nada foi resolvido.
            Nestes últimos anos, diversas denúncias foram feitas a respeito do quadro crítico da Escola e dos perigos que os alunos (mais de 800), funcionários e professores corriam, mas os responsáveis pela educação no Estado não tomaram nenhuma providência. O próprio Ministério Público Estadual em 2007 notificou a Secretária da Educação do Estado sobre a situação da Escola e a falta de condições mínimas para o ensino, mas mais uma vez ninguém se sensibilizou. É o total desrespeito do Poder Público para com o Povo pobre.
            Em março deste ano os problemas se agravaram: no dia 19 uma parede da sala de aula número 9 desabou junto a uma fossa sem tampa; numa turma de ensino médio, o quadro-negro despencou na hora em que a professora escrevia a matéria nele; as paredes da Escola são muito fracas em vários pontos. É inacreditável que no século XXI existam situações como essa na Educação. A direção da Escola acionou o Corpo de Bombeiros para solicitar uma avaliação sobre a segurança da sala 9, mas, constatando a situação precária de toda a unidade, os Bombeiros interditaram a Escola.
            Foram necessárias diversas reportagens na TV e uma ampla reportagem na primeira e segunda página do Jornal "O Popular" do dia 14 de maio deste ano para que o Poder Público começasse a tomar algumas providências. A reportagem destacava os seguintes títulos: "Riscos a alunos interditam Escola"; "Escola interditada por bombeiros"; "Parede de sala e quadro-negro caíram em março e alunos continuam na unidade, que oferecia riscos"; "Quadro crítico tem sido mostrado há anos".
            Diante dessa situação, a Comunidade Nossa Senhora da Vitória (Bairro Floresta) da Paróquia Nossa Senhora da Terra (que tem a sede no Jardim Curitiba 3), com o intuito de colaborar,  colocou à disposição da Escola o seu Centro Comunitário, em caráter provisório e emergencial, mas as condições do prédio são muito precárias para atender aproximadamente 500 crianças e adolescentes (turno matutino e vespertino; o turno noturno foi para a Escola Municipal Maria da Terra). Mesmo com algumas adaptações realizadas no prédio, será muito difícil que os professores tenham as condições mínimas necessárias para dar aula e os alunos, as condições mínimas necessárias para aprender. Receio que a falta de condições leve os professores a fingir de dar aula e os alunos, a fingir de aprender.
            Esperamos que uma situação escolar como essa nunca mais se repita. Esperamos também que o Estado tome providências imediatas para resolver o problema. Esperamos ainda que as soluções provisórias e emergenciais tomadas não sejam por mais 20 anos. Esperamos, enfim, que logo seja construída uma nova Escola onde as crianças e adolescentes sejam respeitados e possam estudar com dignidade.
            Pergunto: quando virá o dia em que a Educação pública, gratuita e de qualidade será a prioridade das prioridades do Estado? Quem sabe, possamos ainda ver este dia…

Fr. Marcos Sassatelli, Frade Dominicano 
    Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)
Prof. de Filosofia da UFG (aposentado)
Prof. na Pós-Graduação em Direitos Humanos
(Comissão Dominicana Justiça e Paz do Brasil / PUC-GO)
Vigário Episcopal do Vicariato Oeste da Arquidiocese de Goiânia
Administrador Paroquial da Paróquia Nossa Senhora da Terra

  Goiânia, 20 de maio de 2009     

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