quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Para que “nossa agenda” seja em favor da Vida [Agenda/Livro Latino-americana Mundial]

“Eu vim para que tenham Vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10)


Logo na primeira página, a Agenda/Livro Latino-americana Mundial, com palavras de extraordinária densidade humana, diz-nos - de modo resumido, mas claro - o que pretende ser e qual é o seu objetivo.

Ela é “sinal de comunhão continental e mundial entre as pessoas e as comunidades que vibram e se comprometem com as Grandes Causas da Patria Grande (América Latina), como resposta aos desafios da Patria Maior (mundo). Um anuário da esperança dos pobres do mundo, a partir da perspectiva latino-americana. Um manual companheiro para ir criando a ‘outra mundialidade’. Uma síntese da memória histórica da militância e do martírio da Nossa América. Uma antologia de solidariedade e criatividade. Uma ferramenta pedagógica para a educação, a comunicação, a ação social ou a pastoral popular. Da Pátria Grande para a Pátria Maior”.

A Agenda/Livro Latino-americana Mundial é uma “luz” que indica “caminhos”, para que “nossa agenda” seja em favor da Vida, da Justiça e da Paz, ou, em outras palavras, em favor do Reino de Deus. Ela pretende divulgar e celebrar os sinais da presença desse Reino entre nós e tudo aquilo que está sendo feito, para que estes sinais se multipliquem sempre mais. Com isso, ela fortalece a nossa esperança e nos faz acreditar que um mundo novo, igual e fraterno, é possível.  

A Agenda/Livro Latino-americana Mundial começou a ser publicada em 1990. Atualmente, ela é traduzida em seis idiomas e distribuída em 22 países. A edição 2014 traz como tema - que é um grande desafio - “Liberdade. Liberdade!”.

José Maria Vigil, apresentando a Agenda/Livro 2014, exlama: “’Liberdade, Liberdade!’. Um grito, uma bandeira, um suspiro, uma utopia perseguida e sonhada ao longo de toda a História Humana...”. Diz ainda: “faltava esse tema na já longa lista de Grandes Causas e grandes temas de reflexão do itinerário de nossa Agenda/Livro. E aqui estamos, frente a frente com ela, como ideal, como caminho, como compromisso de esperança”. 

A Agenda/Livro convida-nos a refletir sobre a liberdade a partir dos empobrecidos, oprimidos e excluídos (os “pequeninos” do Evangelho), ou seja, a partir do reverso da História. É o único caminho que torna possível a liberdade para todos e para todas. 

Na distribuição dos assuntos - tratados, como afirma José Maria Vigil, por autores “de reconhecido espírito latino-americano” - o esquema usado é sempre o do método latino-americano, tripartido: ver-julgar-agir ou analisar-interpretar-libertar. No ver, os autores analisam críticamente diversos aspectos da realidade da América Latina e do mundo. No julgar, interpretam esses aspectos da realidade com argumentos racionais (filosóficos) e argumentos racionais à luz da Fé (teológicos). No agir, indicam caminhos de libertação, que fazem acontecer a verdadeira liberdade. 

Costumamos dizer que o ser humano, enquanto ser racional, é livre. Considerando, porém, que o ser humano é um ser histórico, situado (num determinado lugar) e datado (num determinado tempo), o certo seria dizer que o ser humano tem a possibilidade de ser livre. A liberdade de fato acontece no processo histórico, que é um processo de libertação de tudo aquilo que nos impede de ser livres, em todas as dimensões da vida humana, pessoais, sociais (sócio-econômico-político-culturais-ecológicas) e cósmicas. Nós somos sujeitos desse processo histórico de libertação, mas condicionados ao lugar em que estamos e ao tempo em que vivemos. O ser humano é fruto do meio ambiente e, ao mesmo tempo, faz o meio ambiente.

Na introdução à Agenda/Livro 2014, Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix, Mato Grosso, diz que o tema liberdade é abordado “em todas suas dimensões, buscando conhecer e viver a liberdade integral, que tem muitas vertentes, que é um dom e uma conquista”. 

Diz ainda o bispo: “ser livres, tornar-se livres, acolher a liberdade como um processo espiritual e uma vivência política é ir humanizando sempre mais nossa humanidade”.

Mercedes Sosa - relata Dom Pedro - “faz um convite entranhavelmente humano”: “Irmão, dá-me tua mão, vamos juntos buscar uma coisa pequenina, que se chama liberdade”.

Por fim, podemos dizer que a nossa liberdade não termina onde começa a liberdade dos outros e das outras (liberdade em competição), mas a nossa liberdade acontece com a liberdade dos outros e das outras (liberdade em comunhão).

“A verdade os fará livres” (Jo 8, 32). “Cristo nos libertou para que sejamos de fato livres” (Gl 5, 1). 

Um lembrete: no Brasil, a Agenda-Livro Latino-americana Mundial 2014 - lançada em novembro, em diversas cidades do país - pode ser adquirida pelo telefone ou via e-mail. A edição e publicação são de responsabilidade da Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil, sediada em Goiânia. Os pedidos devem ser feitos pelo correio eletrônico justpaz@dominicanos.org.br ou pelo telefone (62) 3229.3014, de segunda a sexta-feira, das 13:30 às 17h.

















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