Em um ano, 16
deputados estaduais fizeram 30 viagens internacionais para 13 países
diferentes. O total gasto foi de R$ 774,135,42. A Assembleia Legislativa de
Goiás pagou em média R$ 25.8 mil por viagem.
Gravem o nome dos
deputados que viajaram com toda mordomia, gastando o dinheiro do povo: Ademir
Menezes - PSD (Estados Unidos: R$ 19.972,90), Álvaro Guimarães - PR (Argentina:
R$ 13.010,00), Bruno Peixoto -PMDB (Estados Unidos: R$ 23.077,88), Carlos
Antônio - PSC (País não informado - duas vezes - e Suécia: R$ 73.037,54), Claudio
Meirelles - PR (Estados Unidos - três vezes -: R$ 63.062,50), Daniel Messac -
PSDB (Espanha: R$ 29.784,80), Francisco Junior - PSD (Portugal: R$ 31,093,05), Frederico
Nascimento - PSD (Portugal: R$ 29.331,15), Helder Valin - PSDB (Austrália, Nova
Zelândia e China: R$ 53.264,10), Iso Moreira - PSDB (País não informado e
Itália: R$ 49.090,50), Lincoln Tejota - PSD (Estados Unidos, México e Suécia: R$
54.724,80), José de Lima - PDT (País não informado e Portugal: R$ 53.340,15),
José Vitti - DEM (África do Sul, Canadá e Estados Unidos: R$ 46.413,30), Paulo
Cezar Martins - PMDB (Espanha e Estados Unidos - duas vezes -: R$ 71..745,30),
Talles Barreto - PTB (Inglaterra, País não informado e Portugal: R$ 90.630,15),
Túlio Isac - PSDB (País não informado - duas vezes - e Estados Unidos: R$
72.555,30).
Eleitores e
eleitoras, será que esses parlamentares merecem o seu voto? Reparem: eles
sequer se lembram do destino das viagens e do valor total gasto. Que deboche!
Quanta falta de responsabilidade! Onde está a transparência no uso do dinheiro
público? Por que a Assembleia Legislativa não presta conta à sociedade?
Por que - apesar de a
Lei N. 12.527 de 18 de novembro de 2011 (Lei de Informação) dispor “sobre os
procedimentos a serem observados pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, com o fim de garantir o acesso a informações” (Art. 1o)
- nem todas as informações estão disponíveis para consulta? (Cf. O Popular,
26/08/13, p. 10).
Como a mídia divulgou
a falcatrua dos parlamentares e a sociedade ficou indignada, o mesmo Jornal, no
dia seguinte, publicou a notícia: “a Assembleia Legislativa editou um novo
decreto para regulamentar a concessão de diárias e ajuda de custo na Casa,
diminuindo os valores pagos e definindo melhor as regras para prestação de
contas e entrega de relatórios. O documento vale para diárias - tanto
internacionais como nacionais - concedidas a partir do início deste mês” (Ib.
27/08/13, p. 11).
Reparem: os nossos
parlamentares estão mais preocupados em parecer éticos do que em ser éticos.
Lembro à Assembleia Legislativa que não basta editar um novo decreto, entrando
em vigor no início deste mês, mas é preciso investigar o mau uso do dinheiro
público, que é dinheiro do povo. Os responsáveis devem ser processados,
julgados e obrigados a devolver aos cofres públicos o dinheiro roubado. Onde
está o Ministério Público? Por que tanta omissão? A denúncia é divulgada na
mídia e tudo fica por isso mesmo? Não dá para entender tanta conivência. Está
na hora de tomar as providências legais cabíveis. È uma questão de justiça.
O nosso irmão Francisco,
bispo da Igreja de Roma, lembra aos cristãos que “envolver-se na política é uma
obrigação”. Os cristãos não podem “fazer de Pilatos, lavar as mãos”. “Devemos -
afirma Francisco - implicar-nos na política, porque a política é uma das formas
mais elevadas da caridade, visto que procura o bem comum”.
“Os leigos cristãos
devem trabalhar na política. Dir-me-ão: não é fácil. (...) A política é
demasiado suja, mas é suja porque os cristãos não se implicaram com o espírito
evangélico. É fácil atirar culpas... mas eu, que faço? Trabalhar para o bem
comum é dever de cristão” (Francisco, Encontro com crianças e jovens de escolas
e movimentos Jesuítas. Vaticano, 07/06/13).
Meditemos essas palavras
do nosso irmão Francisco. Vamos à luta. Sejamos “profetas da Vida” (Documento
de Aparecida, 471).
Fr. Marcos
Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em
Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP),
Professor
aposentado de Filosofia da UFG
E-mail: mpsassatelli@uol.com.br
Goiânia, 29 de agosto de 2013
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