Em 2012, nesta mesma época, escrevi o artigo Real Conquista, palco de covardia e arrogância. (Leia o artigo em: http://www.dmdigital.com.br/novo/#!/view?e=20121113&p=20
ou http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=71983).
Hoje, reafirmo tudo o
que escrevi nesse artigo e acrescento que o Real Conquista tornou-se também
palco de mentira e demagogia.
No dia 24 deste mês, em que Goiânia completou 80 anos, o governador
Marconi Perillo, logo cedo - como primeiro compromisso de sua agenda - fez uma
visita ao Residencial Real Conquista, na Capital, para entregar dois mil
cheques Mais Moradia Melhoria, no valor total de R$ 6 milhões. Ele atendeu a
todas as pessoas cadastradas pela Agência Goiana de Habitação (AGEHAB),
faltando somente, para serem contempladas, cerca de 400 famílias, que ainda não
concluíram seus cadastros.
Estiveram também presentes
no evento o secretário chefe da Casa Civil, Vilmar Rocha; o coordenador geral da OVG, Afrêni Gonçalves, entre
outras lideranças políticas e do
bairro.
Marconi declarou: “estou aqui para reafirmar que todos nesse Residencial
serão atendidos”. Que governador bonzinho! Será que é uma dor de consciência de
efeito retardado? Tenho minhas dúvidas, mas - se fosse - seria melhor tarde do
que nunca.
Em todo caso, é bom refrescar a memória do governador, que foi (e ainda
é) o principal responsável da pior barbárie praticada em toda a história (80
anos) de Goiânia e uma das piores do Brasil. A respeito do caso do Parque Oeste
Industrial, as operações de despejo “Inquietação” e “Triunfo” de fevereiro de
2005 - verdadeiras operações de guerra - foram realizadas por ordem do
governador Marconi, que, mentindo, se submeteu covardemente aos interesses
financeiros dos “coronéis” de Goiânia (leia: os donos das grandes
imobiliárias).
À epoca, existiam todas as condições legais e constitucionais para que
aquela área, ocupada por cerca de quatorze mil pessoas, fosse desapropriada. Só
não foi feita a desapropriação, porque o governador, aliado dos “coronéis” de
Goânia, não quis. A ganância e a iniquidade prevaleceram. O requinte de maldade
das operações acima foi tão gritante, que até hoje clama por justiça diante de
Deus.
Pedro e Wagner foram assassinados à queima-roupa (suspeita-se, com razão,
de outras mortes), diversas pessoas ficaram feridas e muitas outras - sobretudo
crianças e idosos - morreram depois, em consequência das condições de vida
subumans a que foram relegadas por mais de três anos.
O governador, recordando o seu envolvimento com a comunidade, há mais de oito
anos, declarou: “eu venho a essa região antes mesmo de ela se transformar nessa
cidade dentro de Goiânia. Me recordo de pedir ao então secretário Ademir
Menezes que encontrasse uma área vasta, com excelente vista e propícia para
acolher famílias que sofriam com aquela situação. Retornei aqui diversas vezes
desde então, e hoje tenho a satisfação de trazer mais um benefício que
contribuirá para dar mais dignidade às famílias que conquistaram o seu lar”. E
finalizou, dizendo: “tenho satisfação de viver em Goiânia e de ajudar esse
bravo povo que a elegeu para contribuir com a sua evolução” (http://www.dm.com.br/texto/148987-marconi-entrega-cheques-moradia-no-residencial-real-conquista).
Marconi, junto com os
moradores presentes, cantou os "parabéns" em comemoração ao
aniversário de Goiânia. "Não quis ir ao desfile hoje. Preferi estar aqui
com vocês, entregando este presente, sentindo a vibração de todos e, juntos,
comemorando os 80 anos da nossa Capital" (http://www.aredacao.com.br/noticias/35466/marconi-repassa-r-6-milhoes-em-cheque-mais-moradia-a-2-mil-familias).
Que descaramento!
Governador, o senhor não entregou nenhum
presente. O senhor foi eleito para servir ao povo. Com os cheques Mais Moradia Melhoria, o senhor só
devolveu uma pequena parte do dinheiro, que já é do povo. É mera obrigação sua
e nada mais do que isso.
Na ocasião, Marconi
afirmou ainda: “para mim, palavra dita
é palavra cumprida. Estamos resgatando todos os nossos compromissos de campanha
e entregando para o povo importantes obras e benefícios que acreditamos serem
fundamentais para a melhoria da qualidade de vida dos goianos. Governo bom é
aquele que investe em obras. Mas melhor ainda é o governo que investe no ser
humano”. Que palavras bonitas, senhor governador!
Veja o que, à época, o governador Marconi falou a respeito da Ocupação
“Sonho Real” do Parque Oeste Industrial. “O que eu vim dizer aqui agora é que eu não
vou mandar a policia. Se tiver algum policial lá, algum comandante lá, vai ser
demitido e eu não aceito - essa decisão está tomada. (...) Em relação a vocês,
eu já tomei uma decisão: eu não vou cumprir a ordem de reintegração (...)” (http://www.midiaindependente.org/pt/red/2005/02/307719.shtml).
Sempre à época, numa
reunião da qual participei, o governador declarou, em entrevista coletiva, que
já estava decidida a despropriação da área. Lembro que os moradores da Ocupação
“Sonho Real” fizeram festa.
Governador, o senhor
não diz: “para mim, palavra dita é
palavra cumprida”. Julgue o leitor!
Afinal, por que tanta mentira e tanta demagogia? Mesmo que, por
interesses pessoais escusos, algumas falsas lideranças do povo, tenham traido
seus companheiros/as (um comportamento mesquinho e repugnante), passando a
bajular o seu algoz (e o senhor se aproveita disso), o nosso povo, governador,
sabe o que quer. Pode, às vezes, por necessidade de sobrevivência, se fazer de
bobo, mas não é bobo.
Chega de enganação! Lembre-se, senhor governador, a justiça humana pode
falhar, mas a justiça divina nunca falha!
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