Mais um cara de pau de primeiro escalão!
Na edição do Diário da
Manhã de sábado, dia 11 deste mês, Antônio Faleiros, com o artigo “A revolução
das Organizações Sociais”, sentiu-se no dever de criticar, com certa ironia, o
meu artigo “Não à ‘terceirização’ e à ‘militarização’ da Educação Pública”,
publicado no dia anterior no mesmo jornal, esclarecendo - segundo ele -
“afirmações que não condizem com a realidade da saúde pública e da educação em
Goiás” e dizendo que o autor do artigo (Frei Marcos Sassatelli) está “amparado
no desconhecimento sobre as Organizações Sociais (OSs)”.
O artigo de Antônio
Faleiros (que - tudo indica - foi escrito a mando do governador Marconi
Perillo, em defesa das Secretarias Estaduais da Saúde e da Educação) é uma
sequência de mentiras deslavadas do começo até o fim, a começar pelo título. É
muita cara de pau! O articulista deve estar usando a palavra “revolução” com o
mesmo sentido que tinha à época da ditadura civil e militar. Os “ditadorzinhos”
de plantão - que não conhecem nada da vida do povo, não escutam a sua voz e
agem sempre com autoritarismo - existem hoje também. Aliás - só para citar um exemplo - quem foi
capaz de praticar a barbárie do Parque Oeste Industrial (um verdadeiro
massacre, que até hoje continua impune) é capaz de tudo. Só não vai ser capaz
de impedir a justiça de Deus! Aguardem!
Não vou gastar o meu
tempo para responder a essa sequência de mentiras deslavadas de Antônio
Faleiros. Além de tudo, seria dar valor demais. Talvez, a função do secretário
extraordinário do governo seja justamente essa: inventar mentiras para defender
o governo e enganar os trabalhadores/as. O povo, Antônio Faleiros, não é bobo e
sabe muito bem distinguir entre quem está do seu lado, sendo solidário na
defesa de seus direitos, e quem defende um sistema econômico, que - como diz o
papa Francisco - mata, exclui e descarta os pobres, usando disfarçada e
hipocritamente dinheiro público para enriquecer empresas particulares e acabar
com os direitos que os trabalhadores/as conquistaram com muita luta.
Faço agora dois pedidos
a Antônio Faleiros. Primeiro: trate de sua saúde e de seus familiares somente
nos “postinhos” (assim chamados pelo povo) e nos Cais da periferia de Goiânia.
Segundo: matricule seus filhos e/ou netos nas escolas públicas de Goiânia. Quem
sabe, o senhor vai mudar de ideias! Não serão certamente a “terceirização” da
saúde pública e a “terceirização” ou “militarização” da educação pública que
irão resolver o problema. Ele só começará a ser resolvido quando o governo
assumir suas responsabilidades, colocando a saúde e a educação como prioridades
absolutas.
A respeito da saúde
pública - para que o senhor saiba que não estou “amparado no desconhecimento
sobre as OSs” - convido o senhor, Antônio Faleiros, a ler e meditar alguns
documentos:
1. “Contra fatos
não há argumentos que sustentem as Organizações Sociais no Brasil”, de maio de 2010:
um “Relatório Analítico de Prejuízos à Sociedade, aos Trabalhadores e ao Erário
por parte das Organizações Sociais (OSs) e das Organizações da Sociedade Civil
de Interesse Público (OSCIPs)”, elaborado pela Frente Nacional contra a
Privatização da Saúde, formada por Fóruns de Saúde de diversos estados,
movimentos sociais, centrais sindicais, sindicatos, projetos universitários e
várias entidades de âmbito nacional (disponível em: http://www.correio24horas.com.br/noticias/detalhes/detalhes-4/artigo/policia-federal-faz-operacao-contra-desvio-de-dinheiro-publico/).
2.
“Nota da Frente Nacional contra a Privatização da
Saúde à 15ª Conferência Nacional de Saúde”, de junho de 2015 (disponível em: http://www.contraprivatizacao.com.br/2015/06/0998.html).
3.
“I Seminário da Frente Goiana contra a privatização
da saúde” (Tema - Direito à saúde: democracia e participação ou mercantilização?
Etapa Temática da 9ª Conferência Municipal de Saúde de Goiânia). “Carta da
Frente Goiana contra a privatização da saúde”, de junho de 2015 (disponível em:
http://www.sindsaude.com.br/arquivos/produto/Carta_da_Frente_Goiana_jun2015_Final.pdf).
4. “Controle
social na saúde pública: sinal de esperança” (disponível em: http://arquidiocesedegoiania.org.br/images/jornal/edicao55/edicao_55.pdf).
Entre os dias 25 e 27 de junho último aconteceu a
9ª Conferência Municipal de Saúde de Goiânia, que recebeu o nome de Conferência
Gilson Carvalho, em homenagem a um dos idealizadores do SUS, falecido em 2014.
Participei da Conferência - como visitante - na manhã do dia 26 e percebi
claramente que todos os delegados/as das diferentes entidades da sociedade
civil presentes eram contra à “terceirização” (leia: “privatização”) da Saúde
Pública.
Antônio Faleiros, será que todas essas entidades e
pessoas estão “amparadas no desconhecimento sobre as OSs”? Infelizmente - temos
que afirmá-lo alto e bom som - quem está por fora da realidade é o senhor,
Antônio Faleiros, e os “ditadorzinhos” de plantão - dos quais o senhor é um fiel
porta-voz - que agem sempre de forma personalista, autoritária, ditatorial e
não escutam o clamor do povo.
A respeito da Educação Pública, reafirmo tudo o que
eu disse no meu artigo “Não à `terceirização’ ou à ‘militarização’ da Educação
Pública”, do dia 10 do mês corrente (acessível em diversos sites na internet).
Enfim, para entender de educação pública, Antônio
Faleiros, não basta ter feito um cursinho de direito de fim de semana só para
poder dizer que tem curso superior, como um certo governador do qual o senhor é
pau-mandado. É preciso ter a experiência de educador e - não tendo (nem todos
precisam ter) - a humildade de se fazer assessorar por quem tem, ouvindo a voz
dos educadores. Os “ditadorzinhos” de plantão e seus capachos não costumam
fazer isso. Garanto ao senhor que todo verdadeiro educador é contra à
“terceirização” (leia: “privatização”) ou à “militarização” da Educação
Pública. Aliás, que a educação não é função dos militares até uma criança de
cinco anos já sabe!
Para reforçar o que eu disse no meu artigo, poderia
citar muitos autores, mas limito-me a dois: um educador e um jornalista com seu
grupo de pesquisa.
1. “Educação
em Goiás ou o que não se deve fazer com a Educação Pública” (artigo de Josué
Vidal Pereira, professor do Instituto Federal de Goiás - IFG, mestre em
Educação pela UnB, doutorando em Educação pela UFG).
“Não é
necessário ser - diz ele - um arguto observador para perceber que o Estado de
Goiás vem se tornando laboratório de políticas educacionais, que a despeito do
discurso em contrário vem promovendo o aumento da precarização da educação
pública, via de regra destinada aos filhos dos trabalhadores” (Leia a íntegra
do artigo em: http://www.dm.com.br/opiniao/2015/04/educacao-em-goias-ou-o-que-nao-se-deve-fazer-com-a-educacao-publica.html).
2.
“Educação sitiada: Escolas a serviço da
militarização das cidades” (pesquisa do jornalista Drão Ribeiro e seus
companheiros de trabalho, do Portal Aprendiz, que trata sobre o avanço das
escolas militares no Brasil, a partir de Goiás).
Entre
outras coisas, os pesquisadores afirmam: “um aspecto que chama a atenção é a
aplicação do modelo militar estar voltado aos jovens pobres que frequentam a
rede pública de ensino, já que são eles as principais vítimas da militarização
que acontece fora dela. O coordenador de Educação da Faculdade Latino Americana
de Ciências Sociais (FLACSO), André Lázaro, vê no sistema público das escolas
de Goiás mais uma forma de “criminalizar” a juventude pobre” (Leia a íntegra da
pesquisa em: http://negrobelchior.cartacapital.com.br/2014/02/27/educacao-sitiada-escolas-a-servico-da-militarizacao-das-cidades/).
Saúde
Pública de qualidade já! Educação Pública de qualidade já!
Chega de
enganação do povo! Agentes de saúde e educadores/as, unidos e organizados,
venceremos! A esperança nunca morre!
Fr. Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP)
e em Teologia Moral (Assunção - SP),
Professor aposentado de
Filosofia da UFG
Goiânia, 15 de julho de 2015
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