(Continua o tema do artigo anterior - parte 5)
O Ser humano meta-histórico “já e ainda não” - além de meta-social - é também meta-individual, mas a meta-individualidade não é a totalidade do Ser humano meta-histórico.
A "meta-individualidade" - "meta-corporeidade", "meta-biopsiquicidade" e "meta-espiritualidade" ou "meta-pessoalidade" - é, podemos dizer, "meta-individualidade social", porque o indivíduo influencia e condiciona dialeticamente a sociedade (e vice-versa, como já vimos).
O Ser humano individual, ou seja, em suas relações individuais (interindividuais), é "ontologicamente" voltado para o meta-individual; é, "já e ainda não", meta-individual. A dimensão da meta-individualidade - meta-corporeidade, meta-biopsiquicidade, meta-espiritualidade ou meta-pessoalidade - é constitutiva do Ser humano meta-histórico.
O Ser humano individual - ser corpóreo, biopsíquico e espiritual ou pessoal - meta-individualiza-se, dialética e permanentemente, como “Vida individual” ou “Morte individual”, até à meta-individualização plena (total, absoluta) como “Vida individual plena” ou “Morte individual plena”.
A meta-individualização plena (total, absoluta) como “Vida individual plena” é a afirmação da dimensão individual do Ser humano em sua plenitude: humanização plena (Vida eterna, Páscoa definitiva, plenitude da Ressurreição, plenitude do Reino de Deus, Salvação eterna, Céu, Paraíso).
A meta-individualização plena (total, absoluta) como “Morte individual plena” é a negação de tudo o que foi dito no parágrafo anterior (Anti-Reino de Deus, Perdiçao eterna, Inferno).
Para o Ser humano meta-individual (meta-corpóreo, meta-bio-psíquico, meta-espiritual ou meta-pessoal) unido aos outros (semelhantes), o processo dialético e permanente da meta-individualização - até à meta-individualização plena (total, absoluta) como Vida meta-individual plena ou Morte meta-individual plena - passa pelo reconhecimento dos outros como outros ou não e pela experiência do amor meta-individual (meta-corpóreo, meta-bio-psiquico, meta-espiritual ou meta-pessoal) ou não (desamor meta-individual, egoísmo meta-individual), em todas as suas manifestações (expressões).
Essa experiência é ainda a condição necessária para encontrar (conhecer e vivenciar) o significado fundamental - último e definitivo - da existência humana individual. A experiência do amor meta-individual ou não se dá (acontece) na e pela Práxis meta-individual (voltaremos sobre o assunto, falando da Práxis meta- individual).
No final do tema do Ser humano meta-histórico “já e ainda não” e “além da morte”, sinto a necessidade - baseado em argumentos racionais iluminados pela fé - de levantar alguns questionamentos e de dar-lhes a minha resposta.
Os questionamentos: Se cremos que Deus é Amor (Comunidade de Amor, Santíssima Trindade) e que o Ser humano - criado à imagem e semelhança de Deus - é também Amor, como podemos admitir que irmãos e irmãs nossos se encontrem na “absoluta frustração no ódio” (desamor), ou seja, na Morte plena (Morte eterna, Inferno)? Como podemos ser felizes, aceitando que irmãos e irmãs nossos sejam infelizes, sofrendo para toda a eternidade? Qual é a relação que existe entre a vontade de Deus e a liberdade do Ser humano?
A minha resposta: Reconheço que, ontologicamente falando, a possibilidade meta-histórica da Morte plena (Morte eterna) existe. Creio, porém, que Deus Amor, na sua infinita misericórdia (que é o Amor acontecendo), nunca permitiu (até no caso do traidor Judas Iscariotes), nunca permite e nunca permitirá que essa possibilidade meta-histórica “além-da-morte” se torne uma realidade concreta. Creio ainda que Deus - por ser Amor - no limiar entre o tempo e a eternidade, sempre deu, sempre dá e sempre dará a todos e a todas (inclusive, aos maiores criminosos e criminosas) as condições necessárias para fazerem um ato de Amor totalmente livre e sincero - tão intenso e tão profundo - que leve à conversão e à mudança total de vida (penso também que tenha acontecido o mesmo - embora de maneira diferente - com o chamado “mundo dos anjos”).
Na minha experiência existencial (imagino que isso aconteça com todos os Seres humanos), não conseguiria ser feliz, sabendo que um irmão meu (mesmo que tenha sido o maior criminoso do mundo e mesmo que seja um só) é infeliz para sempre, na Morte eterna. Afinal, é meu irmão ou minha irmã!
“Reconhecemos o Amor que Deus tem por nós e acreditamos nesse Amor. Deus é Amor: quem permanece no Amor permanece em Deus, e Deus permanece nele” (1Jo 4, 16). “Em Deus vivemos, nos movemos e existimos”. “Deus quer que todos os Seres humanos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade”. “É Deus que realiza em nós tanto o querer como o fazer, conforme seu desígnio benevolente” (At 17, 28; 1Tm 2, 4; Fl 2, 13 respectivamente. Veja também: CONCÍLIO VATICANO II. A Igreja no mundo de hoje - GS, 45)
Ora, se é Deus “que realiza em nós tanto o querer como o fazer”, com certeza Ele só pode querer e fazer o bem.
Em atitude de adoração diante da infinita sabedoria de Deus Amor,
faço minha a prece das Laudes (Oração da Manhã)
da segunda-feira da Sexta Semana do Tempo Pascal:
“Pelos méritos da cruz de Cristo, que morreu para libertar o mundo,
dai à humanidade inteira a salvação e a paz”.
(No próximo artigo começaremos a refletir sobre o tema: O Ser Humano como Ser de Práxis)

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