Pessoalmente
(sobretudo como professor aposentado de Filosofia da UFG) e em nome
da Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil, uno-me a todos
os Movimentos Populares, Sindicatos, Associações dos Trabalhadores
da Educação e outras Entidades da sociedade civil, para manifestar
publicamente a minha irrestrita solidariedade e total apoio aos
Jovens Estudantes do Movimento “Secundaristas em Luta”, na defesa
da Educação Pública de qualidade para todos/as em Goiás (a
exemplo do que aconteceu em São Paulo).
Das 22 (até o dia 18) Escolas Estaduais
(em Goiânia e no Estado de Goiás) ocupadas pelo Movimento
“Secundaristas em Luta”, terça-feira passada (dia 15) visitei
duas. Vendo com que garra os jovens estudantes secundaristas lutam,
vendo com que amor prestam os mais diversos serviços na limpeza e na
cozinha, vendo com que responsabilidade organizam as reuniões e
vendo com que maturidade dão suas valiosas contribuições na
discussão da Educação Publica, fiquei profundamente edificado.
Isso é motivo de muita esperança. Parabéns, jovens estudantes
secundaristas! Continuem unidos na luta! A causa de vocês é justa!
Vocês já são vitoriosos! Deus está do lado de vocês!
Em
primeiro lugar, reafirmo tudo o que escrevi nos artigos “Não
à ‘terceirização’ e ‘militarização’ da Educação
Pública” (8 de julho) e
“Chega de enganação do Povo”
(15 de julho). Leiam os artigos na internet.
Nestes
últimos tempos o Governo de Goiás, para suavizar ou minimizar o
peso da palavra “terceirização” (privatização disfarçada,
mesmo que parcial), usa o eufemismo “parceria com a iniciativa
privada”, que são palavras aparentemente mais agradáveis. Graças
a Deus, o povo não é bobo e sabe que a realidade é a mesma!
Em
segundo lugar, pessoalmente e em nome da Comissão Dominicana de
Justiça e Paz do Brasil, repudio veementemente:
-
A concepção de projeto político-pedagógico do Governo de Goiás, que - a meu ver - é propositalmente equivocado. Um autêntico projeto político-pedagógico - que liberta, humaniza e educa (não “adestra”) - é necessariamente um projeto unificado e coordenado por uma equipe de educadores/as (educadores/as administrativos e educadores/as docentes). Todos/as que trabalham nas Escolas Públicas devem ser educadores/as. É dever do Estado criar as condições objetivas para que possam sê-lo.
Não podemos permitir que - em nome de uma
falsa eficiência administrativa - as Escolas Públicas sejam
“invadidas” pela cultura do sistema capitalista neoliberal. O
Papa Francisco, grande crítico desse sistema, em seu Discurso aos
participantes do 2º Encontro Mundial dos Movimentos Populares, na
Bolívia (em julho deste ano) diz que a cultura do sistema
capitalista neoliberal se fundamenta numa “economia de exclusão e
desigualdade”, numa “economia idólatra”, numa economia que
“mata”, que “exclui” e que “destrói a Mãe Terra”, e nos
pede para dizer “NÃO” a essa economia.
“Alguns de vocês - continua Francisco -
disseram: esse sistema não se aguenta mais. Temos que mudá-lo,
temos que voltar a colocar a dignidade humana no centro, e que, sobre
esse alicerce, se construam as estruturas sociais alternativas de que
precisamos”.
-
A maneira - autoritária, ditatorial e fascista - como o Governo de Goiás pretende implantar as chamadas OSs nas Escolas Públicas. Cito um exemplo ilustrativo: os professores das Faculdades de Educação, Estadual e Federal, são contra a implantação das OSs nas Escolas Públicas, mas o parecer desses professores/as, para o Governo de Goiás, não tem nenhuma importância. O que deve prevalecer é a vontade do Governador. Em Goiás, parece que a ditadura civil-militar ainda não acabou.
-
A desvalorização dos Trabalhadores/as da Educação Estadual e do concurso público, que - como tudo indica - caso as OSs sejam implantadas nas Escolas Públicas, acabará aos poucos.
Jovens estudantes do Movimento
“Secundaristas em Luta”, continuem firmes na defesa da Educação
Pública de qualidade para todos/as. Contem com a nossa solidariedade
e o nosso apoio.
Fr
Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor
em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP),
Professor
aposentado de Filosofia da UFG
E-mail:
mpsassatelli@uol.com.br
Goiânia,
18 de dezembro de 2015