Os
subtemas do Congresso foram:
- Inteligência
Artificial: das técnicas às implicações sociais;
- Política
Econômica e Democracia participativa em tempos digitais;
- Pós
e Transumanismo: questões teológicas;
- Desenvolvimento
tecnológico e qualidade de vida: realces;
- A
Comunicação entre interesses econômicos e serviços à construção social;
- A
utopia religiosa da Casa Comum e desafios da economia global;
- Considerações
sobre o 36º Congresso Internacional da SOTER.
O
tema e os subtemas, muito atuais, foram tratados e aprofundados
por Professores/as Universitários/as - Doutores/as em diferentes áreas do
Conhecimento - com a contribuição, nos debates, de membros do Congresso. O
conteúdo das Conferências e Palestras foi abrangente e muito valioso.
Como
sócio da SOTER e participante online do Congresso, parabenizo - na pessoa da
presidente da Sociedade, Dra. Clélia Peretti - a Equipe de Coordenação e todas
as Equipes de Serviços. Foi muito bom! Valeu a pena!
No
intuito de colaborar, permito-me fazer agora - no espaço de um artigo - algumas
reflexões críticas construtivas.
Por
ser o Ser humano histórico - situado (no espaço) e datado (no tempo) - toda Práxis
humana (Prática e Teoria dialeticamente unidas) não é
neutra, mas tem lado.
A
questão da “não-neutralidade” ou da “não possibilidade da indiferença
social” (socioeconômica, sociopolítica,
socioecológica, sociocultural e sociorreligiosa) refere-se a todos os
momentos do processo do Conhecimento: comum (a maioria dos nossos
Conhecimentos, mesmo dos Cientistas, são do Conhecimento comum), científico,
filosófico e teológico.
Devido,
porém, ao extraordinário desenvolvimento das Ciências, a questão da não-neutralidade
é particularmente sentida e debatida quando se trata do Conhecimento
científico em sentido estrito (em sentido lato, todo conhecimento metódico
e sistemático é conhecimento científico).
Ora,
a “não-neutralidade” do Conhecimento refere-se não somente ao uso
que se faz do Conhecimento (crítica externalista), mas também ao contexto
específico do Conhecimento, ao próprio ato de conhecer (crítica
internalista). Elimina-se, assim, a separação
entre conhecer e valorar ou entre saber e agir. Mostra-se que o Conhecimento
é Fato social (socioeconômico, sociopolítico, socioecológico, sociocultural
e sociorreligioso).
O
Conhecimento filosófico e teológico é - podemos dizer - o horizonte no
qual o Conhecimento científico ganha profundidade de sentido (Filosofia
e Teologia das Ciências).
A Filosofia e a Teologia da
Libertação partem sempre do Ser humano histórico, mesmo sabendo que o Ser
humano é também um Ser meta-histórico: “já-e-ainda-não” neste mundo
(passando de uma situação de vida menos humana para uma situação de vida mais
humana) e “além-da-morte” na Eternidade (Plenitude da Vida, Páscoa
definitiva).
As palavras “da Libertação” são um
lembrete: elas nos recordam que a Filosofia, a Teologia e as
Ciências da Religião - para serem humanas e, portanto, éticas
- devem ter lado: o dos Pobres (empobrecidos, marginalizados, explorados,
oprimidos, excluídos e descartados).
Portanto, a Opção pelos Pobres não é
“preferencial” (uma Opção entre duas ou mais possiblidades), mas é o
Caminho que leva à Vida. Jesus de Nazaré entrou nesse Caminho desde o seu
nascimento como “sem teto” na manjedoura até a morte na Cruz. Todos e
todas - inclusive os ricos - são convidados/as a entrar no Caminho que leva à
Vida. Um exemplo: no Evangelho - convidados por Jesus - Zaqueu, homem rico,
partilhou seus bens e entrou nesse Caminho; o jovem rico não teve a coragem - ao
menos naquele momento - de fazer o mesmo e foi embora triste.
“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo
14,6). “Eu vim para que todos e todas tenham Vida e a tenham em abundância” (Jo
10,10).
Como Cientistas da Religião, Filósofos e
Teólogos da Libertação, devemos testemunhar com a vida - prática e teórica -
que a nossa Opção é a Opção pelos Pobres, que o nosso lado é o lado dos
Pobres. Por isso, o ponto de partida e o eixo central (a
espinha dorsal) de todo Encontro e Congresso de Ciências da Religião, Filosofia
e Teologia deve ser a Opção pelos Pobres. Meditemos!
Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)
Professor aposentado de Filosofia da UFG
E-mail: mpsassatelli@uol.com.br
Goiânia,
15 de julho de 2024