“A greve foi suspensa, mas a luta
continua”
Após 26 dias de paralisação, as trabalhadoras e trabalhadores da Educação da Rede Municipal de Goiânia, em assembleia, com o Plenário da Câmara superlotado de professoras, professores e auxiliares administrativos, decidiram, na manhã de segunda-feira (21), suspender a greve por 30 dias.
Eis o comunicado do comando de
greve: “Nossa greve está suspensa até dia 21 de novembro, quando realizaremos
nova assembleia (com paralização) da categoria, no CEPAL do Setor Sul, às 8h.
Mais informações sobre os encaminhamentos serão postados em breve. Por
enquanto, retornemos às atividades, a partir de amanhã (22 de outubro). Uma
greve vitoriosa em que a categoria mostrou sua força e continuará mostrando! A
luta continua!”.
As educadoras e
educadores - depois de feitas as devidas alterações - aceitaram o documento enviado
pela Secretaria Municipal da Educação, Neyde Aparecida, que tinha sido acordado
na negociação. Posteriormente, o documento foi assinado, na presença da
imprensa, pelo Prefeito Paulo Garcia, pela Secretária da Educação e pelos
membros da comissão de negociação.
Reparem: trata-se de
suspensão e não de fim da greve. Depois do prazo estabelecido, uma nova
assembleia será realizada, definindo os rumos do Movimento. "Vamos passar
um mês vigilantes. Se o acordo não for cumprido, na próxima assembleia
poderemos retomar a paralisação" (professor Renato Regis, membro do
comando de greve).
As trabalhadoras e
trabalhadores da Educação da Rede Municipal em greve fizeram a votação na
Câmara dos Vereadores, que tinham ocupado e onde estavam acampados desde o
último dia 8. Com a suspensão da greve, os manifestantes deixaram também o Plenário
da Casa.
Leia o documento
assinado pelo Prefeito Paulo Garcia, em: http://comandodegrevegoiania.blogspot.com.br/.
Parabenizo as
Trabalhadoras e Trabalhadores da Rede Municipal de Educação de Goiânia (professoras,
professores e auxiliares administrativos) pela união e pela garra que tiveram e
- tenho certeza - continuarão tendo na luta por seus direitos e por uma Eucação
Pública de qualidade. O Movimento alcançou uma significativa vitória e - se continuar
unido - alcançará muitas outras.
Pela sua seriedade e
responsabilidade, o Movimento mereceu e ainda merece a solidariedade de muitas
Instituições (como a UFG e outras), de Entidades de estudantes e professores e
de Movimentos Sociais Populares. O Movimento das educadoras e educadores da
Rede Municipal é um exemplo de organização popular promissor, que alimenta a
nossa esperança num Brasil e num mundo novo.
Parabenizo também o Movimento
por estar construindo um novo Sindicato: o Sindicato Municipal dos Servidores
da Educação de Goiânia (SIMSED).
Lamento e repudio o
comportamento do SINTEGO, que se tornou um sindicato pelego e que, para a
categoria das trabalhadoras e trabalhadores da Educação do Município de Goiâna,
já morreu e foi enterrado.
Lamento e repudio o comportamento
intransigente e autoritário do Governo Municipal, em relação às trabalhadoras e
trabalhadores da Educação Pública. Infelizmente, só depois de muitos dias de
greve (que, ao menos em parte, podiam ter sido evitados), o Prefeito, acuado
pelo Movimento, resolveu ceder, abrir as negociações, dialogar e - por razões de conveniência política (como
o aniversário de Goiânia, 80 anos no dia 24 deste mês, viagens ao exterior e
outras) - voltar atrás, assinando o documento. Não dá para entender como um
Governo do PT trate as trabalhadoras e trabalhadores da Educação Pública de
maneira tão desrespeitosa e ditatorial, ameaçando criminilizar o Movimento.
Lamento e repudio o
comportamento oportunista de políticos, que - depois de terem sido sindicalistas
e defensores dos trabalhadores - ocuparam cargos públicos, se deixaram corromper
pelo poder e trairam seus companheiros, fazendo tudo aquilo que os outros faziam
(e que eles sempre denunciaram) e até pior. É realmente um comportamento
repugnante e nojento!
Lamento e repudio as
manobras interesseiras e antiéticas da grande maioria dos vereadores, que se
comportaram e ainda se comportam como verdadeiros inimigos da Educação Pública,
criminalizando as trabalhadoras e trabalhadores da Rede Municipal de Educação.
Lamento e repudio o
comportamento de políticos, que se dizem cristãos católicos (ou de outras
denominações cristãs) e que, hipocritamente, usam de sua condição de pessoas
ligadas à Igreja, para criminalizar as trabalhadoras e trabalhadores da
Educação Pública..
Lamento e repudio o
comportamento de políticos, que, por ocasião do dia do professor (15 deste mês),
escreveram artigos, fazendo a apologia da educação e esquecendo, proposital e
oportunisticamente, de um “detalhe”, que é a situação real da Educação Pública.
Talvez, por um falso conceito de fidelidade partidária, descomprometido com a
verdade e totalmente antiético, não falaram uma só palavra sobre a greve da
Educação Pública Municipal.
Lamento e repudio o
silêncio de políticos, que se dizem defensores dos Direitos Humanos e que, pelas
mesmas razões acima expostas, esqueceram que as trabalhadoras e trabalhadores
da Educação Pública são também sujeitos de Direitos Humanos.
Por fim, me dói reconhecer
a omissão - que é pecado - da minha Igreja e das Instituições que levam o nome
de católicas. Sempre com muita esperança, faço minhas as palavras de dom Pedro
Casaldáliga, um homem de fé e um dos grandes profetas do nosso tempo. “Não
devemos nos amargurar; devemos dar uma contribuição de paz e esperança; uma
esperança contra toda esperança, que é a nossa, uma Esperança Pascal, que passa
pela cruz, mas é uma esperança invencível. (...) Somos o povo da esperança, o
povo da Páscoa; a nossa fé cristã é esperança, é confiança. Esperança confiada
no Deus da vida, do amor, da liberdade, da paz, em seu Reino” (Avelino Seco.
Entrevista com Dom Pedro Casaldáliga, em: Religión Digital, 07 de outubro de
2013).
Educadoras e
educadores, heroínas e heróis, continuem a luta para que um dia a Educação
Pública de qualidade, seja realmente um direito de todas e de todos e a prioridade
das prioridades do Governo Municipal, Estadual e Federal.
A melhor maneira de
comemorar o aniversário de Goiânia, seus 80 anos, no dia 24 deste mês, é
comemorar uma vitória da Educação Pública Municipal. “Virá o dia em que todos,
ao levantar a vista, veremos nesta terra reinar a liberdade”.