domingo, 13 de setembro de 2015

Grito dos/as Excluídos/as 2015


“Sonho que se sonha só é ilusão;
sonho que se sonha junto é solução”
(Dom Helder Câmara)

            O tema do Grito dos/as Excluídos/as - que chega à sua 21ª edição - é: “Vida em primeiro lugar”. O lema deste ano de 2015 é: “Que país é este, que mata gente, que a mídia mente e nos consome?”.
            O objetivo geral é: “Valorizar a vida e anunciar a esperança de um mundo melhor, construindo ações a fim de fortalecer e mobilizar pessoas para atuar nas lutas populares e denunciar as injustiças e os males causados por esse modelo econômico neoliberal e excludente, ocupando ruas e praças por liberdade e direitos”.
            Os objetivos específicos são:
  • “Defender a vida humana em todas as suas dimensões, dando voz aos excluídos/as para garantir seus direitos e construir alternativas a este sistema capitalista.
  •   Construir espaços e ações participativas a fim de fortalecer, organizar e mobilizar os/as excluídos/as a lutar por uma nova sociedade, denunciando as injustiças cometidas pelo atual modelo econômico e a criminalização dos movimentos e das lutas populares.
  •   Exigir do Estado a garantia de acesso aos direitos básicos como educação, saúde, transporte, segurança, alimentação saudável, água potável, energia, saneamento e moradia. Lutar contra a privatização dos bens naturais e dos serviços públicos.
  •  Continuar cobrando do Estado uma auditoria pública da dívida interna e externa, que a cada ano causa um rombo maior no orçamento geral da União”.

Em nível nacional (regional e localmente poderão ser destacados outros), os eixos temáticos da luta do Grito dos/as Excluídos/as deste ano são: a unidade dos trabalhadores/as e de todos os/as excluídos/as (oprimidos/as, explorados/as, descartados/as); a democratização dos meios de comunicação (que estão concentrados nas mãos de poucas famílias e servem para a alienação e manipulação da sociedade, em benefício dos interesses dos poderosos); a defesa dos direitos básicos (terra, teto, trabalho, soberania alimentar, dignidade humana, educação, saúde, seguridade, transporte público, saneamento, água), o combate às diferentes formas de violência; a função do Estado; a participação política; a ocupação das ruas, praças e espaços públicos.
Ainda é tempo de Grandes Utopias! Como nos alerta Pedro Casaldáliga: “Podem nos tirar tudo, menos a fiel esperança!”.
(Fonte: Jornal Grito dos/as Excluídos/as, ano 21, número 62, abril de 2015).
Informe-se e - no Dia 7 de setembro, o Dia da Cidadania - participe em sua cidade da manifestação do Grito dos/as Excluídos/as. A presença de cada um e de cada uma faz a diferença!
Em Goiânia (onde - no dia 20 de agosto, quinta-feira - já houve o Ato Público pela Democracia, organizado pela Frente Popular), por sugestão e iniciativa do Núcleo Alto da Poeira (Região Noroeste) da CRB Regional, teremos este ano um Grito dos/as Excluídos/as um pouco diferente dos anteriores: uma “Roda de Conversa”, abordando e debatendo - com a colaboração de assessores - 4 temas que afetam mais diretamente a vida da população:
  •   Privatização de serviços públicos;
  •   Financiamento de Campanhas Eleitorais;
  •   Redução da maioridade penal;
  •   Influência da Mídia na formação da opinião pública.

Haverá também um Informe sobre a construção, objetivo e agenda da Frente Popular. Inclusive, no dia 24 de agosto - na reunião de avaliação do Ato Público pela Democracia - saiu como indicativo potencializar a atividade do Grito dos/as Excluídos/as.
As Comunidades, os Movimentos Populares e todas as pessoas interessadas da Região Noroeste - e também das outras Regiões de Goiânia - são convidados/as a participar ativamente da “Roda de Conversa”.
Local: Escola Municipal Maria da Terra - Bairro Floresta (Rua BF 1A QD. 25 - Área 4). Horário: das 9:00 às 11:30 horas.


COMUNICO aos prezados leitores e leitoras que - devido a um período de férias (depois de mais de três anos) - voltarei a escrever na última semana de outubro, retomando os pontos marcantes do Discurso do Papa Francisco aos participantes do 2º EMMP.



Fr Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP),
Professor aposentado de Filosofia da UFG
Goiânia, 02 de setembro de 2015

domingo, 6 de setembro de 2015

Desigualdade e Propriedade: é hora de despertar [Livro: Agenda Latino-americana Mundial 2016]

“É hora de mudar de rumo:
o rumo das três últimas década já se evidenciou como insustentável,
e está nos levando à exploração social e à crise planetária”
(Pedro Casaldáliga e José Maria Vigil)

Com a edição de 2016, o Livro “Agenda Latino-americana Mundial” cumpre suas bodas de prata: 25 anos.
Fazendo uma breve memoria, constatamos que é “o livro latino-americano mais difundido, cada ano, dentro e fora do Continente”. É “sinal de comunhão continental e mundial entre as pessoas e as comunidades que vibram e se comprometem com as Grandes Causas da Pátria Grande, como resposta aos desafios da Pátria Maior”.
É ainda “um anuário de esperança dos pobres do mundo a partir da perspectiva latino-americana; um manual companheiro para ir criando a ‘outra mundialidade’; uma síntese da memória histórica da militância e do martírio de Nossa América; uma antologia de solidariedade e criatividade; uma ferramenta pedagógica para a educação, a comunicação, a ação social e a pastoral popular” (1ª página).
            O Livro “Agenda Latino-americana Mundial” foi pensado não só para uso pessoal, mas também e sobretudo para ser “um instrumento pedagógico para comunicadores, educadores populares, agentes de pastoral, animadores de grupos e militantes”.
            Os textos são breves e “apresentados sob a concepção pedagógica de ‘página-cartaz’, pensada e diagramada de forma que, diretamente fotocopiada, possa ser entregue como ‘material de trabalho’ na escola, na reunião de grupo, na alfabetização de adultos ou exposta no mural. E também para os textos serem transcritos no boletim da associação de bairro ou na revista local”.
            A obra é “macroecumênica”: “parte-se desse mundo de referências, crenças, valores e utopias comuns aos povos e aos homens e mulheres de boa vontade, que nós cristãos chamamos de ‘Reino’, a Utopia de Jesus”. Ela é “obra coletiva, patrimônio latino-americano, anuário antológico da memória e da esperança do Continente” (página 9).
            O Livro “Agenda Latino-americana Mundial 2016” - que agora apresentamos - aborda o tema “Desigualdade e Propriedade”, que “vem fazendo-se a cada dia mais atual. Economistas teóricos, pensadores renomados, instituições sociais, observadores e formadores de opinião, concordam em suas conclusões: desde algumas décadas atrás, a desigualdade social do mundo está chegando a máximos desconhecidos, e está se aproximando de limites perigosos”.
Por um lado, o tema é “de plena atualidade e sumamente urgente”; por outro lado - “a partir do que poderíamos chamar de amplos setores laicos da teologia da libertação” - ele “reveste-se desse caráter transversal quase transcendental, que lhe deram os revolucionários de todos os tempos: é um tema da tradição revolucionária”.
Na sociedade humana, preocupar-se com a igualdade, ainda que se trate de igualdade econômica, “é assumir uma preocupação global, é perguntar-se pela possibilidade infra estrutural primeira para todos aqueles outros valores fundamentais pelos quais lutamos: a justiça, a superação da pobreza e da exploração, os direitos humanos, a liberdade...”. A preocupação ecológica será o tema de 2017.
Por convicção histórica, o Livro “Agenda Latino-americana Mundial” segue o método: ver (analisar) - julgar (interpretar) - agir (libertar).
A humanidade é submetida hoje à maior desigualdade de sua história: “85 pessoas têm uma riqueza equivalente ao patrimônio da metade mais pobre da humanidade, e o 1% mais rico da população, que neste ano de 2016 superará seu próprio recorde patrimonial, ultrapassando a barreira psicológica de 50% da riqueza mundial, estabelecendo-se com metade da riqueza do mundo (e continua crescendo); a outra metade é dividida entre todo o restante dos humanos, 99% da população mundial”. Esses dados devem encher-nos de indignação e nos levar a tomar atitudes concretas.
Como diz o Papa Francisco aos Movimentos Populares, “este sistema não se aguenta mais”. Precisamos e queremos “uma mudança de estruturas”, opondo uma resistência ativa “ao sistema idólatra, que exclui, degrada e mata”.
Pedro Casaldáliga e José Maria Vigil - citando um canto da Missa salvadorenha - declaram com convicção: “quando o pobre acreditar no pobre, poderemos cantar ‘Liberdade’”. Hoje, isso significa: “quando deixarmos de colocar nos Congressos e Parlamentos, com nosso voto, a elite mais rica e seus representantes, quando acreditarmos nos pobres e na opção pelos pobres e votarmos de forma coerente, nossa democracia sequestrada ficará livre, e estaremos caminhando rumo à sociedade igualitária e justa que tanto a Humanidade como o Planeta merecemos. Utopia pela qual vale a pena lutar e sonhar” (p. 11).
A Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil - responsável pela edição brasileira do Livro “Agenda Latino-americana Mundial” - acredita nessa Utopia e convida toda a sociedade a fazer o mesmo.

            Diferentemente dos anos anteriores, a Comissão não promoverá, em Goiânia, um lançamento específico da edição 2016 do Livro, mas irá ampliar as possibilidades de se ter contato com o impresso e adquiri-lo através de breves apresentações em diferentes eventos sociais, acadêmicos e eclesiais. Além dessa dinâmica, o leitor poderá adquirir o Livro “Agenda Latino-americana Mundial 2016” na Secretaria da Paróquia São Judas Tadeu, no Setor Coimbra - Fone: 3233-6365.


Lembremos: a partir do corrente ano, em 1º de setembro, será celebrado na Igreja Católica o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, instituído pelo Papa Francisco, em comunhão com a Igreja Ortodoxa, que já celebra esse Dia desde 1970.

Fr Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP),
Professor aposentado de Filosofia da UFG
Goiânia, 26 de agosto de 2015 

A palavra do Frei Marcos: uma palavra crítica que - a partir de fatos concretos e na escuta dos sinais dos tempos aponta caminhos novos