“Andai em Cristo
Jesus, enraizados nele,
sobre ele edificados
e firmes na fé” (Cl 2,7).
Inspirados nas palavras do apóstolo Paulo, no
dia 30 deste mês de outubro celebramos o 26º DNJ (Dia Nacional da Juventude),
que tem como tema “Juventude e Protagonismo Feminino” e como lema “Jovens
mulheres tecendo relações de vida”.
O DNJ, ao longo de sua história, “foi
construindo raízes profundas na vida dos jovens do Brasil, levando-os a
edificar suas vidas em Cristo e, firme na fé, vai construindo a Civilização do
Amor. O DNJ 2011 volta seu olhar para a mulher. Sendo ela portadora de vida,
Deus a escolheu para testemunhar a sua imensa bondade. Toda mulher porta a
ternura do amor de Deus, porque Deus é amor e portador de vida” (Pe. Antônio
Ramos do Prado, SDB, Assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da
CNBB. Subsídio: DNJ 2011. Apresentação, p. 5).
Hoje - na família, no mundo do trabalho e na sociedade
- a mulher é, muitas vezes, desrespeitada em sua dignidade e em seu direito de
ser humano. O DNJ 2011 quer denunciar todos os tipos de discriminação da mulher,
por causa do machismo (que ainda existe, até na Igreja), da cor e da posição
social. Quer também denunciar todas as formas de exploração da mulher, por razões
sociais, econômicas, políticas, culturais e ecológicas.
Nestes últimos anos, assistimos a um
verdadeiro extermínio de jovens. Na maioria das vezes, as causas imediatas e aparentes
são o envolvimento com o mundo das drogas e a tentação do dinheiro fácil, mas -
numa análise mais profunda - percebemos que as causas reais são de caráter
estrutural e conjuntural, como a falta de políticas públicas para os jovens, em
especial, de uma educação pública de qualidade para todos.
Como Maria aos pés da cruz, milhares de
mulheres choram o assassinato dos seus filhos e perguntam: Quanto vale uma
vida? Para as mulheres mães, nada paga a vida de seus filhos. Apesar de tudo,
as mulheres não desistem de viver e cultivam em seus corações o “sonho real” de
uma “terra sem males”, de uma “terra do bem-viver - bem-conviver”, sem
discriminação e sem exclusão.
Como Maria que diz: “A minha alma glorifica o
Senhor e meu espírito exulta em Deus meu Salvador” (Lc 1, 46-47), “milhares de
mulheres glorificam o Senhor, porque o Senhor continua fazendo maravilhas na
vida delas e continua carregando a cruz com elas. Bendito seja Deus pelas
mulheres!” (Ib., p. 6).
O DNJ 2011 sugere aos grupos de jovens três
temas para serem aprofundados. O primeiro tema: “Ser mulher é...”, que tem o objetivo
“de estimular a reflexão do grupo sobre os papéis sociais que são atribuídos
aos homens e mulheres que estão dentro e fora de nossa Igreja. Desse modo, à luz
do Evangelho e de ações inspiradas nele, vamos provocar o grupo com algumas
questões que são essenciais para a superação de uma mentalidade sexista e para
uma convivência de fato igualitária entre homens e mulheres”.
O segundo tema: “A vida comunitária tem a
marca das mulheres”, que tem o objetivo de “refletir com o grupo sobre o papel
das mulheres em nossa comunidade e a contribuição delas para a construção da
Civilização do Amor”.
O terceiro tema: “O protagonismo feminino”,
que tem o objetivo de “refletir e sensibilizar o grupo sobre as dificuldades
enfrentadas pelas jovens mulheres ainda hoje e descobrir o valor dos movimentos
e ações impulsionadas pelas mulheres, ampliando a visão do grupo sobre
movimento feminista e sua importância na vida de toda sociedade” (Ib., p.
13-14; 21-22; 33-34).
Cito, enfim, dois textos, a meu ver, muito
apropriados para a reflexão dos grupos de jovens e para a celebração do DNJ
2011. O primeiro texto diz: “Quando a Pastoral da Juventude do Brasil se propõe
a refletir sobre ‘juventude e questão feminina’ a propósito do Dia Nacional da
Juventude, abre espaço para se aproximar de um debate permeado de questões e,
como toda boa questão, pressupõe-se diferentes interpretações. Mas o que se
destaca como consenso é que no debate sobre juventude no Brasil ainda prevalece
uma perspectiva androcêntrica, ou seja, as experiências masculinas são
consideradas semelhantes às experiências de todas as pessoas e tidas como norma
universal, o que resulta na invisibilidade das mulheres jovens. Nesse sentido,
aponta-se para uma escassez de políticas públicas que incorporem as especificidades
das mulheres jovens, bem como a dificuldade de reconhecê-las como atrizes
políticas em todas as instâncias em que se dá sua participação, inclusive a religião”
(Renata Carvalho da Silva. Ser “jovem” e ser “mulher jovem”: reflexões sobre
gênero e juventude. Ib., p. 67):
O segundo texto afirma: “É necessário superar
a mentalidade machista, que ignora a novidade do cristianismo acerca da ‘igual
dignidade e responsabilidade da mulher em relação ao homem’. Urge que as
mulheres possam participar plenamente da vida familiar, eclesial, cultural,
social, política e econômica, criando espaços e estruturas que favoreçam sua
inclusão. Entre as ações pastorais cabe:
a) Impulsionar uma organização pastoral que
promova ainda mais o protagonismo das mulheres;
b) Garantir a efetiva presença da mulher nos
ministérios que a Igreja confia aos leigos, assim como nas esferas de
planejamento e decisão;
c) Acompanhar as associações que lutam para
superar situações difíceis pelas quais as mulheres passam no seu dia-a-dia;
d) Apoiar programas, leis e políticas
públicas que permitam harmonizar a vida de trabalho da mulher com seus deveres
de mãe de família, com atenção especial às empregadas domésticas, às operárias
e similares” (CNBB. Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no
Brasil (DGAE) 2008 - 2010, N. 126).
O DNJ é uma realização das Pastorais
da Juventude do Brasil e da Rede Brasileira de Centros e Institutos de
Juventude, com a aprovação e o apoio da Comissão Episcopal Pastoral para a
Juventude da CNBB.
O Assessor da Comissão acima citada,
Pe. Antônio Ramos do Prado, SDB - considerando a importância que o DNJ tem na
busca de respostas aos desafios que o Brasil apresenta aos jovens de hoje - faz
um apelo, dizendo: “Pedimos a todas as Pastorais da Juventude, Movimentos,
Novas Comunidades e Congregações que, junto com seus pastores, façam acontecer
o DNJ em cada Diocese” (Subsídio: DNJ 2011. Apresentação, p. 6).
O Vicariato Oeste da Arquidiocese de
Goiânia realiza o DNJ no dia 30 deste mês de outubro, às 9h, na Praça do CIOPS
do Jardim Curitiba II. Convidamos todos os jovens e todas as jovens (e também
os jovens e as jovens há mais tempo). Venham participar! Será um encontro muito
fraterno, muito alegre e muito desafiador. Vale a pena!
Diário
da Manhã, Opinião Pública, Goiânia, 28/10/11, p. 2
Fr. Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em
Teologia Moral (Assunção - SP)
Prof. de Filosofia da UFG
(aposentado)
Prof. na Pós-Graduação em
Direitos Humanos
(Comissão Dominicana Justiça e
Paz do Brasil / PUC-GO)
Vigário Episcopal do Vicariato
Oeste da Arquidiocese de Goiânia
Administrador Paroquial da
Paróquia Nossa Senhora da Terra