quarta-feira, 29 de maio de 2024

ALEGO - Outra imoralidade publica institucionalizada

 


“Gestão da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (ALEGO) mais que dobra cargos de direção” (O Popular. Manchete, 21/05/24, p. 4). “Número de Diretorias cresceu 100% e de Secretarias 187% desde quando Bruno Peixoto assumiu a presidência; Legislativo alega cumprir limite de gastos com pessoal” (Ib.). “Assembleia Legislativa do Estado de Goiás tem proliferação de cargos de assessoramento superior com abrigo para políticos e utilização eleitoral” (Ib.). Que maracutaia! Quanta sem-vergonhice! Chega! Não dá mais!

Lamentavelmente, é isso que interessa à maioria dos nossos deputados. A preocupação com a luta pelo direito a uma vida digna de todo/as os excluídos/as e descartados/as de nossa sociedade - que são a grande maioria - não passa nem perto das preocupações desses deputados. Só querem aproveitar ao máximo o tempo do mandato político partidário para seus próprios interesses e os de seus apadrinhados.

O Povo está sendo ludibriado com uma desfaçatez inimaginável: acintosa, desrespeitosa e perversa: um verdadeiro pontapé na cara dos Pobres.

Vejam só o que temos hoje na ALEGO:

  •      30 Diretorias:

Geral, Executiva da Presidência, Parlamentar, Geral Adjunta, Parlamentar Adjunta, Legislativa, Administrativa, Financeira, De Comunicação Social, De Planejamento Estratégico, De Assuntos Institucionais, De Articulação Política, De Informação e Marketing, da Escola do Legislativo, De Gestão de Pessoas, De Saúde e Meio Ambiente do Trabalho, De Tecnologia da Informação, De Participação Popular, De Gestão de TV e Rádio, De Gestão e Logística, De Licitações, De Cultura-Esporte e Lazer, De Integração Legislativa, De Gestão de Compras, De Promoção de Mídias Sociais, Adjunta Administrativa, Adjunta Financeira, Adjunta de Tecnologia de Informação, Adjunta de Gestão e Logística, Adjunta de Gestão de Compras.

  •     46 Secretarias (não vou nomeá-las para não abusar da paciência do leitor).

(Fonte: Portal da Transparêcia da Assembleia Legislativa de Goiás. Veja também: O Popular, acima citado)  

Que deboche! Não é isso um roubo legalizado e institucionalizado do dinheiro do Povo? Os responsáveis não deveriam ser presos? Lamentavelmente, em nossa sociedade capitalista neoliberal, a cadeia só existe para os “ladrões de galinhas”. Os “ladrões de colarinho branco” são sempre “pessoas de bem”, homenageados e - às vezes - até abençoados publicamente. Quanta hipocrisia!

Como irmão e companheiro, faço agora um apelo aos deputados e deputadas (que, infelizmente, são ainda uma minoria) da Assembleia Estadual de Goiás, cuja prática política partidária acontece desde os Pobres, do e ao lado dos Pobres e com os Pobres: o único caminho para que seja uma prática política partidária para todos e para todas.

Eis o meu apelo: deputados e deputadas, nunca fiquem na retaguarda (em silêncio), mas estejam sempre na linha de frente, denunciando publicamente, nos meios de comunicação e nas redes sociais, essas imoralidades públicas legalizadas e institucionalizadas da ALEGO. O Povo espera isso de vocês.

Esse meu apelo - mesmo em situações diferentes - vale também para todos os deputados e deputadas (estaduais e federais) e senadores que fazem política partidária “desde os Pobres”.

Antes de terminar, como cristão, lamento muito que a Igreja Católica de Goiânia (a minha Igreja) tenha celebrado a Ceia do Senhor (a Missa) na ALEGO, por ocasião do aniversário natalício do seu atual presidente, Bruno Peixoto, o principal responsável das injustiças aqui denunciadas, que são um verdadeiro pontapé na cara dos Pobres.  Com sua presença, a Igreja torna-se conivente com tudo o que está acontecendo na ALEGO, dá um contratestemunho e trai o Evangelho! Ao contrário - em nome da Ética e, mais ainda, do Evangelho - ela deveria ter denunciado profeticamente essas imoralidades públicas.

Termino com uma pergunta: por que a prática dos Partidos Políticos não poderia ser uma prática de voluntariado (os Políticos vivendo de seu trabalho profissional), como é a prática dos Movimentos Socioambientais Populares e a prática dos Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras?

Nesse caso, haveria somente o trabalho de Secretaria necessário, pago pelos próprios Partidos com as contribuições mensais ou anuais de seus membros. Meditemos! Esperançar é preciso!    


Plenário da Assembleia Legislativa de Goiás, em Goiânia
Foto: Reprodução/TV Anhanguera 


Marcos Sassatelli, Frade dominicano

Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)

Professor aposentado de Filosofia da UFG

E-mail: mpsassatelli@uol.com.br


Goiânia, 27 de maio de 2024


A palavra do Frei Marcos: uma palavra crítica que - a partir de fatos concretos e na escuta dos sinais dos tempos aponta caminhos novos