“Gestão
da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (ALEGO) mais que dobra cargos de
direção” (O Popular. Manchete, 21/05/24, p. 4).
“Número de Diretorias cresceu 100% e de Secretarias 187% desde quando Bruno
Peixoto assumiu a presidência; Legislativo alega cumprir limite de gastos com
pessoal” (Ib.). “Assembleia Legislativa do Estado de Goiás
tem proliferação de cargos de assessoramento superior com abrigo para políticos
e utilização eleitoral” (Ib.). Que maracutaia! Quanta
sem-vergonhice! Chega! Não dá mais!
Lamentavelmente,
é isso que interessa à maioria dos nossos deputados. A preocupação com a luta
pelo direito a uma vida digna de todo/as os excluídos/as e descartados/as de
nossa sociedade - que são a grande maioria - não passa nem perto das
preocupações desses deputados. Só querem aproveitar ao máximo o tempo do mandato
político partidário para seus próprios interesses e os de seus apadrinhados.
O Povo
está sendo ludibriado com uma desfaçatez inimaginável: acintosa, desrespeitosa e
perversa: um verdadeiro pontapé na cara dos Pobres.
Vejam
só o que temos hoje na ALEGO:
- 30 Diretorias:
Geral, Executiva da
Presidência, Parlamentar, Geral Adjunta, Parlamentar Adjunta, Legislativa,
Administrativa, Financeira, De Comunicação Social, De Planejamento Estratégico,
De Assuntos Institucionais, De Articulação Política, De Informação e Marketing,
da Escola do Legislativo, De Gestão de Pessoas, De Saúde e Meio Ambiente do
Trabalho, De Tecnologia da Informação, De Participação Popular, De Gestão de TV
e Rádio, De Gestão e Logística, De Licitações, De Cultura-Esporte e Lazer, De
Integração Legislativa, De Gestão de Compras, De Promoção de Mídias Sociais,
Adjunta Administrativa, Adjunta Financeira, Adjunta de Tecnologia de
Informação, Adjunta de Gestão e Logística, Adjunta de Gestão de Compras.
- 46 Secretarias (não vou nomeá-las para não abusar da
paciência do leitor).
(Fonte: Portal da Transparêcia
da Assembleia Legislativa de Goiás. Veja também: O Popular, acima citado)
Que deboche!
Não é isso um roubo legalizado e institucionalizado do dinheiro do Povo?
Os responsáveis não deveriam ser presos? Lamentavelmente, em nossa sociedade capitalista
neoliberal, a cadeia só existe para os “ladrões de galinhas”. Os “ladrões de
colarinho branco” são sempre “pessoas de bem”, homenageados e - às vezes - até abençoados
publicamente. Quanta hipocrisia!
Como irmão
e companheiro, faço agora um apelo aos deputados e deputadas (que, infelizmente,
são ainda uma minoria) da Assembleia Estadual de Goiás, cuja prática política
partidária acontece desde os Pobres, do e ao lado dos Pobres e com os Pobres:
o único caminho para que seja uma prática política partidária para todos e para
todas.
Eis o
meu apelo: deputados e deputadas, nunca fiquem na retaguarda (em
silêncio), mas estejam sempre na linha de frente, denunciando
publicamente, nos meios de comunicação e nas redes sociais, essas imoralidades
públicas legalizadas e institucionalizadas da ALEGO. O Povo espera isso de
vocês.
Esse
meu apelo - mesmo em situações diferentes - vale também para todos os deputados
e deputadas (estaduais e federais) e senadores que fazem política partidária “desde
os Pobres”.
Antes
de terminar, como cristão, lamento muito que a Igreja Católica de
Goiânia (a minha Igreja) tenha celebrado a Ceia do Senhor (a Missa) na ALEGO, por
ocasião do aniversário natalício do seu atual presidente, Bruno Peixoto, o
principal responsável das injustiças aqui denunciadas, que são um verdadeiro
pontapé na cara dos Pobres. Com sua presença,
a Igreja torna-se conivente com tudo o que está acontecendo na ALEGO, dá um
contratestemunho e trai o Evangelho! Ao contrário - em nome da Ética e, mais
ainda, do Evangelho - ela deveria ter denunciado profeticamente essas
imoralidades públicas.
Termino
com uma pergunta: por que a prática dos Partidos Políticos não poderia
ser uma prática de voluntariado (os Políticos vivendo de seu trabalho
profissional), como é a prática dos Movimentos Socioambientais Populares e a
prática dos Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras?
Nesse
caso, haveria somente o trabalho de Secretaria necessário, pago pelos próprios
Partidos com as contribuições mensais ou anuais de seus membros. Meditemos!
Esperançar é preciso!
Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)
Professor aposentado de Filosofia da UFG
E-mail: mpsassatelli@uol.com.br
Goiânia,
27 de maio de 2024