Segundo o DIEESE e o IBGE, no Brasil cerca de 34 milhões de trabalhadores/as recebem até um salário-mínimo, atualmente R$ 1.518,00. Isso representa cerca de 35,63% da população ocupada, ou seja, mais de 34,766 milhões de pessoas. Outra pesquisa do IBGE indica que 60% dos brasileiros/as vivem com até um salário-mínimo por mês.
Essa é a realidade de nossa sociedade capitalista neoliberal ou ultraneoliberal: uma sociedade estruturalmente irracional, injusta, desumana, antiética e anticristã, de uma iniquidade diabólica “institucionalizada”.
É repugnante deparar-se, volta e meia, com reportagens na imprensa e notícias nas redes sociais a respeito da criação desavergonhada de “penduricalhos” para socorrer as “necessidades fictícias” dos desembargadores, juizes, promotores, procuradores e parlamentares (vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores).
Entre os muitos que poderiam ser relatados, cito - como exemplos - dois casos do Estado de Goiás:
Primeiro caso: Juízes do Tribunal de Justiça de Goiás chegam a ter a seguinte remuneração:
13 acima de R$ 100 mil; 11 entre R$ 90 mil e R$ 100 mil; 28 entre R$ 80 mil e R$ 90 mil; 19 entre R$ 70 mil e R$ 80 mil; 66 entre R$ 60 mil e R$ 70 mil; 229 entre R$ 50 mil e R$ 60 mil; 101 entre R$ 39,1 mil e 50 mil.
Todos (ou, quase todos) são vencimentos acima do teto constitucional: R$ 39,2 mil. Que vergonha! Uma imoralidade pública legalizada, institucionaliada e, às vezes, legitimada em nome de uma visão religiosa deturpada e hipócrita. Como podemos acreditar na “justiça” desses juízes!?
(Veja mais em: https://opopular.com.br/politica/juizes-do-tribunal-de-justica-de-goias-tem-remuneracão-superior-a-r-100-mil-1.1750259).
Segundo caso: “O Ministério Público de Goiás (MP - GO) pagou R$ 95 milhões em benefícios no primeiro semestre” (O Popular, 18 de agosto de 2025”. Manchete de primeira página).
“As indenizações de membros ativos do Ministério Público de Goiás (MP - GO) custaram R$ 95 milhões entre janeiro e julho de 2025. Neste período, a despesa bruta com esta categoria foi de R$ 267 milhões. Os dados foram consultados no Portal da Transparência do Órgão de controle.
As principais verbas indenizatórias, às quais os promotores e procuradores têm acesso, são auxílios alimentação, creche, saúde e transporte, além de licença-prêmio e abono pecuniário.
Estes benefícios se acumularam ao longo dos anos e foram apelidados de ‘penduricalhos’. Por terem natureza indenizatória, essas verbas não estão sujeitas ao corte do teto constitucional, contribuindo para o pagamento de supersalários” (ib. p. 4).
Resumindo, o Ministério Público de Goiás, de janeiro a julho de 2025, gastou com a Folha total: R$ 267.555.207,01; com a Verba indenizatória: R$ 95.086.248,81 (cf. ib.).
Essa realidade hipócrita - de uma iniquidade diabólica, que clama por justiça diante de Deus - é um insulto aos pobres.
Por fim, fica uma pergunta:
Por que os juízes e desembargadores, os promotores e procuradores de Goiás e do Brasil não criam uma verba indenizatória para os 60% dos brasileiros/as que vivem com até um salário-mínimo por mês (R$ 1.518,00)?
Enquanto não conseguirmos implantar o Projeto Social Popular (PSP) - comunitário e socialista no verdadeiro sentido da palavra - superando o Projeto Social Capitalista (PSC), seria o único “penduricalho” justo e ético.
A esperança nunca morre! A luta continua! Unidos/as e organizados/as, um dia chegaremos lá!
(Obs.: por “social” - no singular ou no plural - entendo: socioeconômico, sociopolítico, socioecológico ou socioambiental, sociocultural e sociorreligioso)
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