Ao destacar a importância do papel das religiões na construção da Paz Mundial, o Documento do Grão Imame Ahmad Al-Tayyeb e do Papa Francisco ainda continua reflexionando sobre:
- Os direitos da mulher: “É uma necessidade indispensável reconhecer o direito da mulher à instrução, ao trabalho, ao exercício dos seus direitos políticos. Além disso, deve-se trabalhar para libertá-la das pressões históricas e sociais contrárias aos princípios da própria fé e da própria dignidade. Também é necessário protegê-la da exploração sexual e de a tratar como mercadoria ou meio de prazer ou de ganho económico. Por isso, devem-se interromper todas as práticas desumanas e os costumes triviais que humilham a dignidade da mulher e trabalhar para modificar as leis que impedem as mulheres de gozarem plenamente dos seus direitos”.
- Os direitos das crianças: “A tutela dos direitos fundamentais das crianças a crescer num ambiente familiar, à alimentação, à educação e à assistência é um dever da família e da sociedade. Tais direitos devem ser garantidos e tutelados para que não faltem e não sejam negados a nenhuma criança em nenhuma parte do mundo. É preciso condenar qualquer prática que viole a dignidade das crianças ou os seus direitos. Igualmente importante é velar contra os perigos a que estão expostas - especialmente no ambiente digital - e considerar como crime o tráfico da sua inocência e qualquer violação da sua infância”.
- Os direitos dos idosos: “A proteção dos direitos dos idosos, dos vulneráveis, dos portadores de deficiência e dos oprimidos é uma exigência religiosa e social que deve ser garantida e protegida através de legislações rigorosas e da aplicação das convenções internacionais a este respeito”.
No final, o Grão Imame e o Papa assumem um compromisso, declarando: “Através da cooperação conjunta, a Igreja Católica e Al-Azhar anunciam e prometem levar este Documento às Autoridades, aos Líderes influentes, aos homens de religião do mundo inteiro, às organizações regionais e internacionais competentes, às organizações da sociedade civil, às instituições religiosas e aos líderes do pensamento; e empenhar-se na divulgação dos princípios desta Declaração em todos os níveis regionais e internacionais, solicitando que se traduzam em políticas, decisões, textos legislativos, programas de estudo e materiais de comunicação. Al-Azhar e a Igreja Católica pedem que este Documento se torne objeto de pesquisa e reflexão em todas as escolas, nas universidades e nos institutos de educação e formação, a fim de contribuir para criar novas gerações que levem o bem e a paz e defendam por todo o lado o direito dos oprimidos e dos marginalizados”.
Concluem, pois, manifestando um desejo: “Almejamos que esta Declaração seja: um convite à reconciliação e à fraternidade entre todos os crentes, mais ainda, entre os crentes e os não-crentes, e entre todas as pessoas de boa vontade; um apelo a toda consciência viva, que repudia a violência aberrante e o extremismo cego, e a quem ama os valores da tolerância e da fraternidade, promovidos e encorajados pelas religiões; um testemunho da grandeza da fé em Deus, que une os corações divididos e eleva a alma humana; um símbolo do abraço entre o Oriente e o Ocidente, entre o Norte e o Sul e entre todos aqueles que acreditam que Deus nos criou para nos conhecermos, cooperarmos entre nós e vivermos como irmãos que se amam. Isto é o que esperamos e tentaremos realizar a fim de alcançar uma paz universal de que gozem todos os homens nesta vida”.
Quanta sabedoria de vida encontramos nesse Documento! Ele precisa ser estudado e aprofundado nos países do mundo inteiro. Ele é um luz para a ação política dos governantes, para o trabalho dos que prestam algum serviço público e para o compromisso social de todos e todas nós. Ele aponta o caminho da felicidade, o caminho de um Mundo Novo. Meditemos!
Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)
Professor aposentado de Filosofia da UFG
E-mail: mpsassatelli@uol.com.br
Goiânia, 22 de maio de 2019