Indignado,
denuncio e repudio publicamente a maneira desrespeitosa e injusta como o
Governo Federal (Alexandre Padilha: Secretaria de Relações Institucionais; Paulo
Teixeira: Desenvolvimento Agrário; Carlos Fávaro: Agricultura) tratou o Movimento
dos Trabalhadores/as Rurais Sem Terra (MST) diante da ocupação de
uma área da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Petrolina
(PE).
Com
este comportamento, o Governo Lula desrespeitou e foi injusto não só com o MST,
mas com todos os Movimentos Sociais Populares e seus aliados/as, que lutam pela
Reforma Agrária Popular e por um outro Brasil possível, mais humano e
mais igualitário.
Além
disso, ficou claro que - com a crítica ao MST - o Governo Lula quis agradar
a bancada ruralista e o agronegócio. É lamentável!
Os políticos de um Governo
Popular (Executivo e Legislativo) devem
dialogar com todos e todas e - se seguirem Jesus - devem amar até os inimigos,
mas devem sempre deixar claro que o lado deles e delas é o dos pobres,
excluídos e descartados da nossa sociedade desigual, injusta e desumana.
É
uma pena que o Governo Lula ainda não saiba fazer a distinção entre “invasão”
e “ocupação”. A Nota “Invasão do MST à área da Embrapa Semiárido”
usa a palavra “invasão” cinco vezes (cf. https://www.embrapa.br/).
Caso
tenha esquecido, lembro ao Governo Lula que o MST nunca promoveu “invasões”, mas “ocupações”, lutando pela Reforma
Agrária Popular. Com a ocupação
de uma área da Embrapa, tudo indica que o Governo está mais preocupado em “se dar bem” com o agronegócio do que com o MST
e outros Movimentos de Trabalhadores/as.
Como todos/as sabemos, é o agronegócio que envenena a natureza, explora
os trabalhadores/as - muitas vezes com trabalho escravo - e investe em monoculturas
para exportar e obter lucros. O agronegócio
pouco se importa com a vida do povo
pobre e com as questões da fome, da
desigualdade e da injustiça.
“Antes
de embarcar para a Europa na quarta-feira, dia 19 deste mês de abril, Lula
reuniu ministros para tratar do tema das “invasões” (ou seja, “ocupações”), que
preocupa o Governo e, especialmente, o agronegócio” (O Popular, 22 e
23/04/23, p. 5). Infelizmente, estas últimas palavras de “O Popular” - se forem
verdadeiras - falam por si mesmas e não
precisam de comentários.
Como já disse em outra
ocasião, é um absurdo e uma imoralidade
estrutural legalizada que 1% da população brasileira detenha um patrimônio
equivalente ao da metade dessa mesma população. É esse 1% que não só invade, mas assalta o Brasil.
O MST no Estado de
Pernambuco, em sua Nota “A Ocupação
na Embrapa é ferramenta de denúncia por Reforma Agrária Popular”, de
18 deste mês de abril, “vem a público comunicar que a ocupação - por um grupo de 600 famílias - realizada na madrugada do
dia 16/04, em uma área da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
é mais uma ferramenta de denúncia e pressão
para realização da Reforma Agrária Popular. Em um país com 33 milhões passando fome, toda terra
pública deve estar voltada à produção de alimentos. As famílias que realizaram
a ocupação não danificaram nenhuma
estrutura do órgão e nenhum animal foi ameaçado. A presença das famílias Sem
Terra naquele território contribui para a preservação da própria caatinga,
bioma local, através da produção de alimentos saudáveis, preservação das
nascentes, dos territórios e de reconstrução do solo”.
Diz ainda a Nota: “Vale
ressaltar que a preservação dos biomas e
a prática sustentável no meio ambiente sempre esteve entrelaçada com a
permanência dos povos do campo, das águas e das florestas em seus territórios.
Quem bate recordes de destruição ambiental não são as famílias agricultoras, e
sim o agronegócio.
A ocupação é uma forma de
sinalizar que a Embrapa deveria estar desenvolvendo projetos de pesquisas para
a Agricultura Familiar e Camponesa (...).
É a Agricultura Familiar quem coloca a
comida na mesa dos trabalhadores/as, e mesmo assim fica esquecida no
parâmetro de pesquisa.
A Embrapa possui um papel estratégico para o desenvolvimento da Agricultura
Familiar em nosso país; inclusive, quando o Governo Bolsonaro estava tentando
privatizá-la, o MST se colocou na defesa
da empresa. Defendemos a Embrapa e o
cumprimento da função social da terra, inclusive daquelas públicas que estão
sem destinação”.
Em memória do Massacre de Eldorado dos Carajás,
ocorrido em 1996, na “Jornada
Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária Popular” deste mês de
abril - com o lema “Reforma
Agrária, contra a fome e a escravidão: por Terra, Democracia e Meio Ambiente!”
- o MST e outros Movimentos de Trabalhadores/as realizaram manifestações
em 18 Estados, com 20 mil pessoas mobilizadas e um retorno positivo em relação
à retomada de políticas ligadas à Reforma Agrária Popular. Isso é motivo
de muita esperança!
Mais
uma vez, minha total solidariedade e irrestrito apoio ao MST! Feliz 1º de Maio,
Dia do Trabalhador/a!
1º de Maio 2023: Dia do Trabalhador/a
Goiânia,
27 de abril de 2023