“É hora de mudar de rumo:
o rumo das três últimas
década já se evidenciou como insustentável,
e está nos levando à
exploração social e à crise planetária”
(Pedro
Casaldáliga e José Maria Vigil)
Com a edição de 2016, o Livro “Agenda
Latino-americana Mundial” cumpre suas bodas de prata: 25 anos.
Fazendo uma breve memoria, constatamos
que é “o livro latino-americano mais difundido, cada ano, dentro e fora do Continente”.
É “sinal de comunhão continental e mundial entre as pessoas e as comunidades
que vibram e se comprometem com as Grandes Causas da Pátria Grande, como
resposta aos desafios da Pátria Maior”.
É ainda “um anuário de esperança dos
pobres do mundo a partir da perspectiva latino-americana; um manual companheiro
para ir criando a ‘outra mundialidade’; uma síntese da memória histórica da
militância e do martírio de Nossa América; uma antologia de solidariedade e
criatividade; uma ferramenta pedagógica para a educação, a comunicação, a ação
social e a pastoral popular” (1ª página).
O
Livro “Agenda Latino-americana Mundial” foi pensado não só para uso pessoal,
mas também e sobretudo para ser “um instrumento pedagógico para comunicadores,
educadores populares, agentes de pastoral, animadores de grupos e militantes”.
Os
textos são breves e “apresentados sob a concepção pedagógica de
‘página-cartaz’, pensada e diagramada de forma que, diretamente fotocopiada,
possa ser entregue como ‘material de trabalho’ na escola, na reunião de grupo,
na alfabetização de adultos ou exposta no mural. E também para os textos serem
transcritos no boletim da associação de bairro ou na revista local”.
A
obra é “macroecumênica”: “parte-se desse mundo de referências, crenças, valores
e utopias comuns aos povos e aos homens e mulheres de boa vontade, que nós
cristãos chamamos de ‘Reino’, a Utopia de Jesus”. Ela é “obra coletiva,
patrimônio latino-americano, anuário antológico da memória e da esperança do
Continente” (página 9).
O Livro
“Agenda Latino-americana Mundial 2016” - que agora apresentamos - aborda o tema
“Desigualdade e Propriedade”, que “vem fazendo-se a cada dia mais atual.
Economistas teóricos, pensadores renomados, instituições sociais, observadores
e formadores de opinião, concordam em suas conclusões: desde algumas décadas
atrás, a desigualdade social do mundo está chegando a máximos desconhecidos, e
está se aproximando de limites perigosos”.
Por um lado, o tema é “de plena
atualidade e sumamente urgente”; por outro lado - “a partir do que poderíamos
chamar de amplos setores laicos da teologia da libertação” - ele “reveste-se
desse caráter transversal quase transcendental, que lhe deram os
revolucionários de todos os tempos: é um tema da tradição revolucionária”.
Na sociedade humana, preocupar-se com
a igualdade, ainda que se trate de igualdade econômica, “é assumir uma
preocupação global, é perguntar-se pela possibilidade infra estrutural primeira
para todos aqueles outros valores fundamentais pelos quais lutamos: a justiça, a
superação da pobreza e da exploração, os direitos humanos, a liberdade...”. A
preocupação ecológica será o tema de 2017.
Por convicção histórica, o Livro
“Agenda Latino-americana Mundial” segue o método: ver (analisar) - julgar
(interpretar) - agir (libertar).
A humanidade é submetida hoje à maior
desigualdade de sua história: “85 pessoas têm uma riqueza equivalente ao
patrimônio da metade mais pobre da humanidade, e o 1% mais rico da população,
que neste ano de 2016 superará seu próprio recorde patrimonial, ultrapassando a
barreira psicológica de 50% da riqueza mundial, estabelecendo-se com metade da
riqueza do mundo (e continua crescendo); a outra metade é dividida entre todo o
restante dos humanos, 99% da população mundial”. Esses dados devem encher-nos
de indignação e nos levar a tomar atitudes concretas.
Como diz o Papa Francisco aos
Movimentos Populares, “este sistema não se aguenta mais”. Precisamos e queremos
“uma mudança de estruturas”, opondo uma resistência ativa “ao sistema idólatra,
que exclui, degrada e mata”.
Pedro Casaldáliga e José Maria Vigil -
citando um canto da Missa salvadorenha - declaram com convicção: “quando o
pobre acreditar no pobre, poderemos cantar ‘Liberdade’”. Hoje, isso significa:
“quando deixarmos de colocar nos Congressos e Parlamentos, com nosso voto, a
elite mais rica e seus representantes, quando acreditarmos nos pobres e na
opção pelos pobres e votarmos de forma coerente, nossa democracia sequestrada
ficará livre, e estaremos caminhando rumo à sociedade igualitária e justa que
tanto a Humanidade como o Planeta merecemos. Utopia pela qual vale a pena lutar
e sonhar” (p. 11).
A Comissão Dominicana de Justiça e Paz
do Brasil - responsável pela edição brasileira do Livro “Agenda
Latino-americana Mundial” - acredita nessa Utopia e convida toda a sociedade a
fazer o mesmo.
Diferentemente
dos anos anteriores, a Comissão não promoverá, em Goiânia, um lançamento
específico da edição 2016 do Livro, mas irá ampliar as possibilidades de se ter
contato com o impresso e adquiri-lo através de breves apresentações em
diferentes eventos sociais, acadêmicos e eclesiais. Além dessa dinâmica, o
leitor poderá adquirir o Livro “Agenda Latino-americana Mundial 2016” na
Secretaria da Paróquia São Judas Tadeu, no Setor Coimbra - Fone: 3233-6365.
Lembremos: a partir do corrente ano, em 1º de setembro,
será celebrado na Igreja Católica o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da
Criação, instituído pelo Papa Francisco, em comunhão com a Igreja Ortodoxa, que
já celebra esse Dia desde 1970.
Fr Marcos Sassatelli, Frade
dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em
Teologia Moral (Assunção - SP),
Professor aposentado de
Filosofia da UFG
Goiânia, 26 de agosto de 2015
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